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segunda-feira, 11 de março de 2013

Vídeo do Ato de repúdio a Marco Feliciano realizado em Porto Alegre - RS

Por Espiritualidade Inclusiva 

Ato de Repúdio em Porto Alegre, um vídeo de 50 minutos em HD com algumas entrevistas, todas as falas da manifestação e cenas da marcha até o chafariz da Redenção. Confiram e distribuam o link pelas redes à vontade:

   

http://www.youtube.com/watch?v=SDZfbLI7SbA

Vídeo em HD do evento que aconteceu no dia 09 de MARÇO, às 14h, na Redenção, em Porto Alegre - RS. Concentração no monumento do Expedicionário!

Protesto pacífico em prol dos Direitos Humanos no Brasil e contra a permanência do Deputado Pastor Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Com sua postura fundamentalista, o Deputado Marco Feliciano tem atacado a vários setores da sociedade brasileira que sofrem com a discriminação diária: negros, mulheres, LGBT, religiões não-cristãs, etc. Então, é um dever moral de todos os prejudicados com a presença deste fanático na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, repudiarem através de um protesto pacífico, mas veemente, a sua manutenção neste cargo tão importante para aqueles que lutam pela igualdade de direitos. Não se omita! Junte-se a nós!

O evento foi uma iniciativa popular, sem comandos. Entre os vários proponentes da manifestação estava o Movimento Espiritualidade Inclusiva. Este vídeo é, inclusive, nossa contribuição para que todos entendam a importância de reivindicações como esta.

Filmagem e edição: Paulo Stekel

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Camiseta oficial do Movimento Espiritualidade Inclusiva

Por Espiritualidade Inclusiva


No dia 25 de setembro será lançada em nível nacional a camiseta oficial do Movimento Espiritualidade Inclusiva. Nas cores preta e branca e nos tamanhos M e G, a camiseta terá como preço de lançamento apenas R$ 30,00 (+ R$ 05,00 de correios para qualquer lugar do Brasil).

Você já pode fazer seu pedido antecipado solicitando maiores informações pelo email espiritualidadeinclusiva@gmail.com


quarta-feira, 13 de junho de 2012

[Editorial] Movimento Espiritualidade Inclusiva entra em nova fase

Por Espiritualidade Inclusiva


Hoje, dia 13 de junho, o blogue e o Movimento Espiritualidade Inclusiva estão completando seis meses de atividades. Neste tempo, muita coisa aconteceu. Nosso blogue está com mais de 20 mil visualizações e quase cem postagens da mais alta qualidade.

Muitos foram os autores que participaram dele até aqui, seja como colaboradores, seja como apoiadores que autorizaram a republicação de artigos relevantes: Paulo Stekel, Giselle Facchetti Machado, Valéria Nagy, Luiz Mott, Claudiney Prieto, Andrea Foltz, Marcelo Natividade, Paulinho de Odé, Toni Souza, Marcelo Moraes Caetano, Marcelo Cia, Walter Silva, Ari Teperman, Maju Giorgi, Rodrigo Ancora da Luz, Victor Orellana e Andrei Moreira, entre outros.

Novos colaboradores estão para iniciar a publicação de textos em nosso blogue. Um deles é André Musskopf, Doutor em Teologia pela EST (Escola Superior de Teologia), de São Leopoldo – RS.

Ao longo destes seis meses as pessoas foram entendendo qual é a proposta do Movimento Espiritualidade Inclusiva, de que é um movimento social que defende o Estado Laico e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que não é uma Igreja ou uma religião, mas tão somente uma articulação visando confrontar a homofobia religiosa, além de fomentar e apoiar a inclusão da comunidade LGBT no âmbito espiritual-religioso. Apesar de alguns comentários de intolerantes religiosos e “trollagens” típicas, no mais a participação do público junto aos artigos tem sido maravilhosa.

Em janeiro, após uma reunião muito proveitosa, o Movimento Espiritualidade Inclusiva conseguiu o apoio da Coordenadoria de Políticas de Diversidade (Canoas – RS), comprometendo-se a também apoiar ações da Coordenadoria, que trabalha em cinco eixos: Diálogo inter-religioso; Inclusão das religiões historicamente excluídas (estas religiões são a umbanda, o candomblé – e correntes similares, e o espiritismo); Diversidade de orientação sexual (a Coordenadoria já realizou três Paradas Livres, sendo que o Movimento Espiritualidade Inclusiva faz parte da comissão organizadora da IVª Parada de Canoas, que ocorrerá em novembro); Diversidade cultural; Diversidade étnica. Atualmente, o Movimento participa ativamente das ações de política social da cidade de Canoas voltadas a religiosidade e comunidade LGBT.

Ainda em janeiro, através de seu coordenador geral, Paulo Stekel, o Movimento Espiritualidade Inclusiva participou de duas atividades no Fórum Social Temático (FST) que se realizou em Porto Alegre – RS, entre os dias 24 e 29 de janeiro de 2012: uma palestra intitulada “Espiritualidade Inclusiva – a aceitação da comunidade LGBT pelas religiões no Brasil”, realizada no dia 25 de janeiro, na Usina do Gasômetro, centro de Porto Alegre; uma oficina chamada “Diversidade Intercultural e Espiritualidade Inclusiva”, realizada no Fórum Social Temático – Canoas – RS no dia 26 de janeiro, atividade promovida pela Coordenadoria de Políticas de Diversidade.

Entre janeiro e março fizemos várias ações: apoio à Campanha pelo Estado Laico, através de uma petição lançada pela Lésbicas Feministas LBL - Região Sul (RS); palestra do Movimento Espiritualidade Inclusiva na Marcha das Mulheres em Eldorado do Sul – RS, ministrada por Paulo Stekel por ocasião do Dia Internacional da Mulher; apoio a jovens LGBT (e adultos também), que nos procuraram por email ou redes sociais pedindo orientação sobre seu processo de “sair do armário”, considerando que sofrem “homofobia religiosa” dentro de casa; refutação pública dos argumentos do Pastor Deputado Marco Feliciano contra a comunidade LGBT.

Em maio, o Movimento Espiritualidade Inclusiva entrou na sua segunda fase, iniciando o processo de instalação de coordenadorias estaduais e municipais (ver detalhes em: http://espiritualidadeinclusiva.blogspot.com.br/2012/05/movimento-espiritualidade-inclusiva-em.html). Já foram formadas coordenadorias em algumas cidades, como Porto Alegre – RS, Esteio – RS e Rio de Janeiro – RJ. Outras cidades estão em fase de análise. A partir desta formação de coordenadorias, começam a ocorrer as reuniões dos chamados Grupos de Encontro do Movimento Espiritualidade Inclusiva. Para o mês de junho já temos dois Grupos de Encontro que iniciam sus reuniões: Porto Alegre e Esteio, no RS.

Ainda em maio, o coordenador geral do Movimento Espiritualidade Inclusiva, Paulo Stekel, foi recebido por Fábulo Nascimento da Rosa, da Coordenadoria Estadual de Diversidade Sexual, ligada à Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos – RS. Após esta reunião, o Movimento passou a ser incluído nas atividades da coordenadoria estadual relacionadas a religiões e políticas públicas para a comunidade LGBT.

Em junho já participamos de duas atividades em Canoas – RS: participação da comissão organizadora da IVª Parada Livre da cidade durante a Plenária LGBT, em 04 de junho; participação do coordenador Paulo Stekel como um dos debatedores no “Cine LGBT” realizado durante a 28ª Feira do Livro de Canoas.

Na última semana, após reunião com Antonio Carlos Oleques, presidente da ONG Amigos da Diversidade, de Esteio – RS, o resultado foi o seguinte: o Movimento Espiritualidade Inclusiva para a ser membro aceito da ONG Amigos da Diversidade. Por outro lado, a ONG Amigos da Diversidade passa a ser a coordenadora do Movimento Espiritualidade Inclusiva em Esteio e cidades próximas. Desta forma, o Movimento passa também a ajudar na organização da Parada Livre de Esteio.

À medida que vamos desenvolvendo nosso trabalho, mais pessoas e organizações somam-se a esta proposta. É o momento de todos os interessados pelo Brasil afora unirem-se a nós, seja formando coordenadorias, seja agindo como membros independentes, onde não for possível criar coordenações e/ou reuniões de Grupos de Encontro.

Os interessados em apoiar o Movimento Espiritualidade Inclusiva podem fazê-lo de várias formas: ajudar na divulgação do blogue; enviar artigos de colaboração; formar uma coordenadoria em sua cidade; criar um Grupo de Encontro; informar outras pessoas sobre a proposta do Movimento, conscientizando-as da possibilidade de uma visão inclusiva na religião em que a comunidade LGBT é parte integrante e natural, sem exclusões. Para qualquer caso, contate pelo email espiritualidadeinclusiva@gmail.com.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Movimento Espiritualidade Inclusiva em processo de instalação de coordenadorias estaduais e municipais – cadastre-se!


Após meses de muito trabalho e de uma ótima repercussão, o Movimento Espiritualidade Inclusiva antecipa a entrada numa segunda fase, exatamente pelo desejo de muitos de nossos apoiadores.

Pretendemos, a partir de junho, começar a instalação das coordenações estaduais e municipais do movimento em todo o Brasil. Já temos candidatos a coordenadores em 3 cidades do RS e em mais dois estados brasileiros.

Quem pode participar do Movimento Espiritualidade Inclusiva

Você está interessado em ser um coordenador estadual ou municipal? Então, basta encaixar-se no pré-requisito abaixo:

Ser LGBT ou Simpatizante, militante do movimento LGBT ou não, que defenda o Estado Laico e, por isso, reconheça os direitos de todas as religiões e espiritualidades, desde que respeitando os direitos humanos e os direitos LGBT; estar disposto a denunciar a homofobia religiosa onde ela se encontre e dar visibilidade aos atos inclusivos por parte de religiões/crenças, sejam elas naturalmente inclusivas ou não.

IMPORTANTE: apesar do movimento se chamar “Espiritualidade Inclusiva”, aceitamos como candidatos pessoas declaradamente ateias, uma vez que os ateus humanistas tem sido nossos maiores apoiadores até aqui, mantido um debate saudável e até contribuindo com artigos para nosso blogue. O verdadeiro ateu humanista defende o Estado Laico e a liberdade e, portanto, não quer destruir nenhuma religião, mas assegurar os direitos de todas, incluindo o seu direito de ser ateu. Desta forma, religiosos e ateus podem trabalhar unidos em prol do Estado Laico de fato.

MUITO IMPORTANTE: Ser gay ou não ser gay é irrelevante para o candidato a coordenador ou para quem venha a frequentar os grupos de encontro municipais se ele preenche os requisitos pautados acima. Nossa principal proposta é o reconhecimento da naturalidade da diversidade de orientações sexuais pelas religiões/espiritualidades e não o estabelecimento de uma “espiritualidade gay” aos moldes de um “gueto espiritual”, algo contraproducente, em nossa opinião. Ou seja, qualquer pessoa afinada com a proposta do movimento pode participar. O movimento também não fará distinções entre gays e não-gays, pois acredita que os rótulos mais afastam que aproximam as pessoas. Ser inclusivo significa não rotular para evitar que se venha a excluir o que está fora do rótulo. Então, qualquer um que não tenha preconceito quanto à diversidade de orientação sexual e que defenda o Estado Laico, seja religioso, agnóstico ou ateu, é bem-vindo ao Movimento Espiritualidade Inclusiva.

Apenas para situar: o Movimento Espiritualidade Inclusiva é um movimento social sem registro e ainda sem verbas, afinado com a agenda LGBT internacional e a Declaração dos Direitos do Homem, de natureza não-partidária e que não defende uma religião em particular em detrimento das demais, que vai se organizar em coordenadorias com caráter consultivo e deliberativo. Como nosso país é enorme, poderemos trocar muitas informações e pautar atividades e decisões através da internet, fazendo encontros físicos sempre que possível. O movimento não remunera seus coordenadores, pois o trabalho de todos os seus membros é feito de forma voluntária. Assim, os custos de atividades e espaços para encontros deverão ser rateados entre os membros da região onde se realizam ou parte deles buscados na forma de apoios públicos e/ou privados, sem que isso venha a interferir na neutralidade do movimento no campo religioso, político e econômico.

Atividades do Movimento Espiritualidade Inclusiva

Nossas atividades, seja no nível de Coordenadoria Nacional, das Coordenadorias Estaduais ou dos Grupos de Encontro serão, a partir daqui, de três naturezas:

1ª – Produção de material teórico para efeitos práticos: artigos, debates, ensaios, teses, etc. Tudo isso deve ser compartilhado em nosso blogue oficial para acesso de toda a sociedade e para melhorar a argumentação da comunidade LGBT. Todos aqueles que possuem o dom da palavra e da escrita são chamados a contribuir com o movimento.

2ª – Compartilhamento de experiências a respeito de inclusão, homofobia, descobrir-se LGBT, assumir-se, anseios espirituais, etc. Este compartilhamento pode ocorrer por escrito e publicado no blogue oficial na forma de relato e também durante as reuniões dos Grupos de Encontro, seminários municipais, regionais ou estaduais e outros eventos que venham a ser organizados.

3ª – Ações próprias ou em caráter de apoio do tipo organização de ou participação em palestras, seminários, encontros, intervenções, protestos, passeatas, auxílio a LGBTs em situação de perigo ou conflito de natureza religiosa, engajamento em políticas públicas ou campanhas do terceiro setor (ONGs LGBTs ou não) que tenham afinidade com as propostas do movimento, etc.

Como participar ativamente do Movimento Espiritualidade Inclusiva

Se você gostou da ideia e deseja candidatar-se, já pode agilizar algumas coisas:

1º - Ler as postagens do nosso blogue, em especial as primeiras, pois definem os objetivos do movimento e o que realmente é Espiritualidade Inclusiva (montaremos uma cartilha com elas e isso vai melhorar todo o processo de informação);

2º - Enviar para espiritualidadeinclusiva@gmail.com seus dados cadastrais e o endereço de um email ativo para o qual possamos futuramente (se seu nome for confirmado como coordenador) enviar um convite para postar diretamente no nosso blogue as notícias e atividades referentes ao que chamaríamos de Coordenadoria (âmbito estadual) e Grupo de Encontro (âmbito municipal).

3º - Contatar as pessoas que possam se interessar pela ideia em sua região, formando um primeiro núcleo de interessados.



Qualquer dúvida, estamos à inteira disposição de todos.


Fraternalmente,

Paulo Stekel



(coordenador geral do Movimento Espiritualidade Inclusiva)


quinta-feira, 8 de março de 2012

[Evento] Trocando ideias com o Movimento LGBT

Por Espiritualidade Inclusiva

(Luiza Nagib Eluf, Procuradora de Justiça)

Nota do editor do blogue, Paulo Stekel - A pedido de nossa amiga Rita Moreira (escritora, redatora e videomaker – confira em http://ritascmoreira.blogspot.com), divulgamos aqui o seguinte evento em São Paulo, que julgamos da máxima importância para toda a Comunidade LGBT:

________________________________
A Procuradora de Justiça Luiza Nagib Eluf (foto) quer trocar ideias com lideranças e militantes do movimento LGBT.

Local: Teatro Oficina, Rua Jaceguai, nº 520, Bela Vista, próximo ao metrô Liberdade, em São Paulo (SP).

Dia e horário: Domingo, 18 de março, 17h


Luiza Nagib Eluf, que você talvez conheça dos artigos que publica há anos nos jornais O Estado de SP e Folha de SP, é Procuradora de Justiça no Ministério Público de São Paulo e atualmente integra a Comissão de Reforma do Código Penal onde defende, entre outros temas (como a legalização do aborto), a criação de lei específica contra os crimes de homofobia.

Luiza Nagib Eluf defende nossa causa!


Venha conhecê-la pessoalmente e trazer seus pontos de vista.


SUA PARTICIPAÇÃO SERÁ DA MAIOR IMPORTÂNCIA!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Refletindo sobre o movimento LGBT...

Por Paulo Stekel


A intenção deste texto não é a de ser um estudo completo sobre o ativismo LGBT no Brasil. Pretende ser apenas uma rápida reflexão, já que o artigo devidamente aprofundando é um projeto para mais adiante. Contudo, por força do status do ativismo em nosso país atualmente, não posso furtar-me a algumas considerações pertinentes e necessárias.

Durante muitos anos o ativismo LGBT ficou baseado em ONGs utilizando verba pública para promover ações geralmente centradas em campanhas de conscientização, anti-homofobia, de prevenção a DST/AIDS e de afirmação da identidade gay. Inicialmente não parecia haver qualquer viés político-partidário no trabalho destas ONGs. Elas pareciam soberanas, legítimas representantes da comunidade LGBT e realmente engajadas em defender nossos direitos sem qualquer atrelamento obscuro. Atualmente, há vários ativistas que contestam a lisura de muitas ONGs neste quesito. Contudo, se há um fundo de verdade nisso, tenho certeza de que não corresponde a todas as ONGs e nem mesmo nas supostamente envolvidas, isso corresponda ao pensamento de todos os seus líderes.

Agora, além desta desconfiança, soma-se uma espécie de apatia com cheiro de atrelamento político-partidário exatamente quando os LGBTs estão sendo atacados diariamente por pastores e políticos fundamentalistas evangélicos, numa crescente demonização da pessoa LGBT, num rebaixamento anti-constitucional evidente da nossa dignidade. Alguns pedem calma, mas a calma tem sido, neste caso, sempre uma vantagem para os homofóbicos fundamentalistas, que aproveitam a passividade LGBT para intensificar um “lobby diabólico anti-gay” em Brasília!

Ao mesmo tempo, evita-se falar no já anunciado “combate ideológico contra os evangélicos” na questão da orientação sexual. É uma “guerra” anunciada, e trará consequências sérias para o processo de consolidação da cidadania plena para LGBTs e das (geralmente tímidas e pouco eficazes) políticas de direitos humanos em nosso país.

Questões como a aprovação de uma lei anti-homofobia, o uso de material de prevenção à homofobia em escolas e mesmo a escolha de fundamentalistas para setores do governo federal são, entre outras de menor importância, o mote de muitas contradições, embates, rachas e críticas dentro do próprio movimento LGBT. Mas, quando falamos em “movimento LGBT”, do que estamos falando? De algo coeso ou plural? Talvez plural, mas não coeso. E, ambas as palavras, neste caso, nem são opostas entre si, já que um movimento pode ser coeso, mas não permitir a pluralidade de ideias; pode ser plural quanto às ideias, mas não ter coesão; pode ser coeso e plural; pode ser nem coeso, nem plural. Qual é o caso, então? Acho que se trata de um movimento não-coeso e com pluralidade de pensamentos e ideologias (partidárias, apartidárias, laicas, religiosas). O fato de algumas organizações (como a ABGLT, por exemplo) de certa forma serem consideradas “representantes” da comunidade LGBT não significa coesão, já que para isso, todos os setores da comunidade LGBT deveriam não apenas estar ali representados, mas “ouvidos” quanto a suas ideias. E, convenhamos, a comunidade LGBT é tão plural quanto a heterossexual. Há, então, um misto de orientação sexual com ideologias... Estopim para muitas divergências e munição para o inimigo...

O “inimigo” a que nos referimos, não de modo odioso, mas “ideal” (no plano das ideias), é o fundamentalismo (neo)pentecostal que se utiliza não apenas dos templos, mas da mídia e da política para tentar criminalizar os “diferentes” através de um pensamento medieval.

Quando analisamos as pré-candidaturas às eleições municipais deste ano em todo o Brasil, vemos que pouco mais de uma centena de “militantes” gays pretende contribuir com a luta por nossos direitos. E, pasmem!, estão sendo aceitos por vários partidos, até aqueles historicamente envolvidos com o preconceito e a homofobia. O PR do senador ultra-homofóbico Magno Malta é um deles (ver a notícia: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,gay-candidato-tem-espaco-ate-no-pr-,843759,0.htm). Mas, como bem desconfiava Carlos Tufvesson ainda hoje pela manhã em uma rede social: “Cheiro de mais erro aí. Gente, pensem bem, no que isso vai ajudar aos nossos candidatos? Só vai dizer é que o PR é bonzinho e nos é que somos intolerantes, pois eles nos aceitam tanto que até nos dão legenda!!!!” É a velha tática do “unir-se ao inimigo para vencê-lo”. Claro que estou falando dos partidos eivados de fundamentalistas unindo-se a candidatos gays para, de certa forma, jogarem conosco e não o contrário! Se bem que o contrário pode ser uma boa tática (reflexão não definitiva...)!

É claro que é importante (e ideal!) que todos os partidos possuam frentes de defesa dos direitos LGBT e abram espaço para candidatos gays, mas isto deve vir de um anseio legítimo de seus filiados, e não de interesses obscuros de seus líderes fundamentalistas com vistas a obstruir as ações do movimento LGBT como um todo. Isso contrasta com a pressão que temos visto por parte de lideranças evangélicas junto ao governo federal para a não aprovação da lei anti-homofobia (PLC 122) e a retirada do (assim denominado por eles, não por nós) “kit gay”. Até quando esta pressão surtirá efeito? Até quando permitirmos!

Neste sentido, concordo com Toni Reis (ABGLT), quando diz que é o momento de incentivarmos as candidaturas LGBT (somente candidatos com histórico e propostas, claro!) e de apoiarmos aliados (políticos sabidamente pró-LGBT). Sem isso, não temos como aumentar nossa força em Brasília e ficaremos à mercê de teocratas mal-intencionados loucos para transformar o Brasil no “Irã Fundamentalista Evangélico” tão sonhado por insanos como Malafaia et catrefa...

Não querendo ser profético, mas talvez já o sendo, o divisor de águas nesta confusão toda deverá ser a 3ª Marcha Nacional Contra a Homofobia (organizada pela ABGLT), que ocorrerá em 17 de maio, em Brasília (ver notícia: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,movimento-social-poe-fim-a-tregua-e-vai-as-ruas-,843800,0.htm?p=1).

A intenção da Marcha este ano é a de fazer um repúdio ao que está sendo chamado de “homofobia institucional”, algo que, a meu ver, não está muito claro, e por um motivo muito simples: as ações até aqui observadas não constituem “homofobia declarada” por parte do governo, mas caracterizam, sim, uma atitude morna e tímida na hora de implantar políticas pró-LGBT, que acabam retrocedendo sob um fortíssimo “lobby do capeta”! E, onde está o “lobby arco-íris”? É fraco, ainda. Só será mais intenso com mais gays na política, em todas as esferas. Ora, se somos de 6 a 10% da população, não se admite que tenhamos menos que esses percentuais de representação no Congresso, no Senado, etc. Quem não entende como funciona o jogo de forças na política não terá condições de propor uma ação eficaz em prol dos direitos LGBT. Sem neutralizar a ação “demoníaca anti-laicista” dos fundamentalistas da Frente Parlamentar Evangélica não conseguiremos avançar mais. Podemos, sim, cobrar que o governo federal faça a sua parte, mas também temos que fazer a nossa: aumentar nossa representatividade política em 100% do território nacional!

A ABGLT de Toni Reis, que reúne entidades de todo o país, diz que o governo federal se recusa a receber o movimento, apesar de já ter recebido os fundamentalistas evangélicos. Mas, a qual movimento ele se refere? A ABGLT representa uma parte da comunidade LGBT através das organizações filiadas, mas isso não corresponde ao todo do pensamento LGBT brasileiro. Pretender, assim, ir à luta como se estivesse representando todos os gays do Brasil é um quixotismo dos mais românticos e ineficazes, a meu ver. Como o foi, aliás, no momento em que o texto do PLC 122 foi redigido e reformulado por pressão, em que se consultou apenas a ABGLT, uns tantos teocratas evangélicos e se pretendeu que todos os gays do Brasil concordassem com um acordo às escuras que continuava permitindo a pastores de boca suja a demonização de seres humanos em seus templos por conta de sua orientação sexual. Isso é o movimento LGBT brasileiro? Que cada um reflita e responda por si!

Tenho observado que o movimento LGBT amplo, aquele que escapa ao controle de qualquer associação que pretenda abarcá-lo no todo, pode ser classificado de dois modos que se entremeiam e se confundem:

Quanto a visão política:

a) Movimento LGBT partidário: constituído de pessoas, grupos e/ou ONGs que, ainda que não abertamente, nasceram em partidos políticos ou estão atrelados a eles por força de vários motivos. São ligados a ideologias políticas diversas, desde as mais esquerdistas às mais direitistas. Incluem-se aqui também os grupos de diversidade LGBT dentro dos partidos políticos.

b) Movimento LGBT apartidário: constituído de pessoas, grupos e/ou ONGs que não mantêm qualquer vinculação ideológica com partidos políticos, partindo geralmente de uma visão internacionalmente estabelecida de direitos humanos LGBT. Os grupos de cultura gay (homo-cultura) e arte gay geralmente são apartidários.

Quanto a religiosidade/espiritualidade:

a) Movimento LGBT laico: Partidário ou apartidário, é constituído de pessoas, grupos e/ou ONGs que defendem o Estado Laico, mas não se opõem aos direitos constitucionais das religiões/crenças nem à liberdade religiosa ou de expressão. Neste caso, não esposam quaisquer ideologias religiosas, agnósticas ou ateias, mas tão somente a defesa do laicismo em relação com os direitos humanos LGBT. Laicismo é um conceito que denota a ausência de envolvimento religioso em assuntos governamentais, bem como ausência de envolvimento do governo nos assuntos religiosos. Não se trata, portanto, da negação da religião, mas da separação entre esta e o Estado. A maior parte das ONGs LGBT se encaixa neste grupo.

b) Movimento LGBT ateu: Partidário ou apartidário, é constituído de pessoas, grupos e/ou ONGs que defendem a ideologia do ateísmo abertamente. Não confundir ateísmo com laicismo. Ateísmo num sentido amplo, é a rejeição ou ausência da crença na existência de divindades e outros seres sobrenaturais. Mesmo sendo ateu, um grupo LGBT pode defender claramente o laicismo de Estado, onde, por consequência, ficam assegurados os direitos de crença.

c) Movimento LGBT religioso/espiritual: Partidário ou apartidário, é constituído de pessoas, grupos e/ou ONGs que possuem relação com crenças, religiões e visões de mundo consideradas “espirituais”. Os grupos de afro-descendentes LGBT geralmente defendem a cultura e a espiritualidade de matriz africana e o legado de suas religiões. Há ainda grupos LGBT ligados a religiões como Umbanda, Cristianismo e Espiritismo. Isso não impede que estes grupos também defendam o laicismo de Estado.

Estas classificações não são engessadas. São, na verdade, fluidas, móveis, e constituem apenas o esboço de um estudo mais aprofundado que venho fazendo dentro do Movimento Espiritualidade Inclusiva. Contribuições a este estudo não só são muito bem-vindas, como altamente necessárias para sabermos do que realmente se constitui o tão falado movimento LGBT brasileiro...