Por Espiritualidade Inclusiva
Ato de Repúdio em Porto Alegre, um vídeo de 50 minutos em HD com algumas entrevistas, todas as falas da manifestação e cenas da marcha até o chafariz da Redenção. Confiram e distribuam o link pelas redes à vontade:
http://www.youtube.com/watch?v=SDZfbLI7SbA
Vídeo em HD do evento que aconteceu no dia 09 de MARÇO, às 14h, na Redenção, em Porto Alegre - RS. Concentração no monumento do Expedicionário!
Protesto pacífico em prol dos Direitos Humanos no Brasil e contra a permanência do Deputado Pastor Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Com sua postura fundamentalista, o Deputado Marco Feliciano tem atacado a vários setores da sociedade brasileira que sofrem com a discriminação diária: negros, mulheres, LGBT, religiões não-cristãs, etc. Então, é um dever moral de todos os prejudicados com a presença deste fanático na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, repudiarem através de um protesto pacífico, mas veemente, a sua manutenção neste cargo tão importante para aqueles que lutam pela igualdade de direitos. Não se omita! Junte-se a nós!
O evento foi uma iniciativa popular, sem comandos. Entre os vários proponentes da manifestação estava o Movimento Espiritualidade Inclusiva. Este vídeo é, inclusive, nossa contribuição para que todos entendam a importância de reivindicações como esta.
Filmagem e edição: Paulo Stekel
Blogue do Movimento Espiritualidade Inclusiva. Artigos sobre visão inclusiva nas diversas formas de espiritualidade; denúncias de preconceito religioso e fundamentalista contra LGBTs; dicas de blogues, sites, filmes e documentários; tradução de artigos; divulgação de eventos LGBT e os inclusivos; notícias do mundo LGBT; decisões legislativas e debates políticos relativos aos direitos LGBT; temas culturais relevantes. Contato: espiritualidadeinclusiva@gmail.com
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segunda-feira, 11 de março de 2013
Vídeo do Ato de repúdio a Marco Feliciano realizado em Porto Alegre - RS
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Camiseta oficial do Movimento Espiritualidade Inclusiva
Por Espiritualidade Inclusiva
No dia 25 de setembro será lançada em nível nacional a camiseta oficial do Movimento Espiritualidade Inclusiva. Nas cores preta e branca e nos tamanhos M e G, a camiseta terá como preço de lançamento apenas R$ 30,00 (+ R$ 05,00 de correios para qualquer lugar do Brasil).
No dia 25 de setembro será lançada em nível nacional a camiseta oficial do Movimento Espiritualidade Inclusiva. Nas cores preta e branca e nos tamanhos M e G, a camiseta terá como preço de lançamento apenas R$ 30,00 (+ R$ 05,00 de correios para qualquer lugar do Brasil).
Você já pode fazer seu pedido antecipado solicitando maiores informações pelo email espiritualidadeinclusiva@gmail.com
quarta-feira, 13 de junho de 2012
[Editorial] Movimento Espiritualidade Inclusiva entra em nova fase
Por
Espiritualidade Inclusiva
Hoje,
dia 13 de junho, o blogue e o Movimento Espiritualidade Inclusiva
estão completando seis meses de atividades. Neste tempo, muita coisa
aconteceu. Nosso blogue está com mais de 20 mil visualizações e
quase cem postagens da mais alta qualidade.
Muitos
foram os autores que participaram dele até aqui, seja como
colaboradores, seja como apoiadores que autorizaram a republicação
de artigos relevantes: Paulo Stekel, Giselle Facchetti Machado,
Valéria Nagy, Luiz Mott, Claudiney Prieto, Andrea Foltz, Marcelo
Natividade, Paulinho de Odé, Toni Souza, Marcelo Moraes Caetano,
Marcelo Cia, Walter Silva, Ari Teperman, Maju Giorgi, Rodrigo Ancora
da Luz, Victor Orellana e Andrei Moreira, entre outros.
Novos
colaboradores estão para iniciar a publicação de textos em nosso
blogue. Um deles é André Musskopf, Doutor em Teologia pela EST
(Escola Superior de Teologia), de São Leopoldo – RS.
Ao
longo destes seis meses as pessoas foram entendendo qual é a
proposta do Movimento Espiritualidade Inclusiva, de que é um
movimento social que defende o Estado Laico e a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, que não é uma Igreja ou uma
religião, mas tão somente uma articulação visando confrontar a
homofobia religiosa, além de fomentar e apoiar a inclusão da
comunidade LGBT no âmbito espiritual-religioso. Apesar de alguns
comentários de intolerantes religiosos e “trollagens” típicas,
no mais a participação do público junto aos artigos tem sido
maravilhosa.
Em
janeiro, após uma reunião muito proveitosa, o Movimento
Espiritualidade Inclusiva conseguiu o apoio da Coordenadoria de
Políticas de Diversidade (Canoas – RS), comprometendo-se a também
apoiar ações da Coordenadoria, que trabalha em cinco eixos: Diálogo
inter-religioso; Inclusão das religiões historicamente excluídas
(estas religiões são a umbanda, o candomblé – e correntes
similares, e o espiritismo); Diversidade de orientação sexual (a
Coordenadoria já realizou três Paradas Livres, sendo que o
Movimento Espiritualidade Inclusiva faz parte da comissão
organizadora da IVª Parada de Canoas, que ocorrerá em novembro);
Diversidade cultural; Diversidade étnica. Atualmente, o Movimento
participa ativamente das ações de política social da cidade de
Canoas voltadas a religiosidade e comunidade LGBT.
Ainda
em janeiro, através de seu coordenador geral, Paulo Stekel, o
Movimento Espiritualidade Inclusiva participou de duas atividades no
Fórum Social Temático (FST) que se realizou em Porto Alegre – RS,
entre os dias 24 e 29 de janeiro de 2012: uma palestra intitulada
“Espiritualidade Inclusiva – a aceitação da comunidade LGBT
pelas religiões no Brasil”, realizada no dia 25 de janeiro, na
Usina do Gasômetro, centro de Porto Alegre; uma oficina chamada
“Diversidade Intercultural e Espiritualidade Inclusiva”,
realizada no Fórum Social Temático – Canoas – RS no dia 26 de
janeiro, atividade promovida pela Coordenadoria de Políticas de
Diversidade.
Entre
janeiro e março fizemos várias ações: apoio à Campanha pelo
Estado Laico, através de uma petição lançada pela Lésbicas
Feministas LBL - Região Sul (RS); palestra do Movimento
Espiritualidade Inclusiva na Marcha das Mulheres em Eldorado do Sul –
RS, ministrada por Paulo Stekel por ocasião do Dia Internacional da
Mulher; apoio a jovens LGBT (e adultos também), que nos procuraram
por email ou redes sociais pedindo orientação sobre seu processo de
“sair do armário”, considerando que sofrem “homofobia
religiosa” dentro de casa; refutação pública dos argumentos do
Pastor Deputado Marco Feliciano contra a comunidade LGBT.
Em
maio, o Movimento Espiritualidade Inclusiva entrou na sua segunda
fase, iniciando o processo de instalação de coordenadorias
estaduais e municipais (ver detalhes em:
http://espiritualidadeinclusiva.blogspot.com.br/2012/05/movimento-espiritualidade-inclusiva-em.html).
Já foram formadas coordenadorias em algumas cidades, como Porto
Alegre – RS, Esteio – RS e Rio de Janeiro – RJ. Outras cidades
estão em fase de análise. A partir desta formação de
coordenadorias, começam a ocorrer as reuniões dos chamados Grupos
de Encontro do Movimento Espiritualidade Inclusiva. Para o mês de
junho já temos dois Grupos de Encontro que iniciam sus reuniões:
Porto Alegre e Esteio, no RS.
Ainda
em maio, o coordenador geral do Movimento Espiritualidade Inclusiva,
Paulo Stekel, foi recebido por Fábulo Nascimento da Rosa, da
Coordenadoria Estadual de Diversidade Sexual, ligada à Secretaria da
Justiça e dos Direitos Humanos – RS. Após esta reunião, o
Movimento passou a ser incluído nas atividades da coordenadoria
estadual relacionadas a religiões e políticas públicas para a
comunidade LGBT.
Em
junho já participamos de duas atividades em Canoas – RS:
participação da comissão organizadora da IVª Parada Livre da
cidade durante a Plenária LGBT, em 04 de junho; participação do
coordenador Paulo Stekel como um dos debatedores no “Cine LGBT”
realizado durante a 28ª Feira do Livro de Canoas.
Na
última semana, após reunião com Antonio Carlos Oleques, presidente
da ONG Amigos da Diversidade, de Esteio – RS, o resultado foi o
seguinte: o Movimento Espiritualidade Inclusiva para a ser membro
aceito da ONG Amigos da Diversidade. Por outro lado, a ONG Amigos da
Diversidade passa a ser a coordenadora do Movimento Espiritualidade
Inclusiva em Esteio e cidades próximas. Desta forma, o Movimento
passa também a ajudar na organização da Parada Livre de Esteio.
À
medida que vamos desenvolvendo nosso trabalho, mais pessoas e
organizações somam-se a esta proposta. É o momento de todos os
interessados pelo Brasil afora unirem-se a nós, seja formando
coordenadorias, seja agindo como membros independentes, onde não for
possível criar coordenações e/ou reuniões de Grupos de Encontro.
Os
interessados em apoiar o Movimento Espiritualidade Inclusiva podem
fazê-lo de várias formas: ajudar na divulgação do blogue; enviar
artigos de colaboração; formar uma coordenadoria em sua cidade;
criar um Grupo de Encontro; informar outras pessoas sobre a proposta
do Movimento, conscientizando-as da possibilidade de uma visão
inclusiva na religião em que a comunidade LGBT é parte integrante e
natural, sem exclusões. Para qualquer caso, contate pelo email
espiritualidadeinclusiva@gmail.com.
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Movimento Espiritualidade Inclusiva em processo de instalação de coordenadorias estaduais e municipais – cadastre-se!
Após meses de muito
trabalho e de uma ótima repercussão, o Movimento Espiritualidade
Inclusiva antecipa a entrada numa segunda fase, exatamente pelo
desejo de muitos de nossos apoiadores.
Pretendemos, a partir
de junho, começar a instalação das coordenações estaduais e
municipais do movimento em todo o Brasil. Já temos candidatos a
coordenadores em 3 cidades do RS e em mais dois estados brasileiros.
Quem pode participar do
Movimento Espiritualidade Inclusiva
Você está interessado
em ser um coordenador estadual ou municipal? Então, basta
encaixar-se no pré-requisito abaixo:
Ser LGBT ou
Simpatizante, militante do movimento LGBT ou não, que defenda o
Estado Laico e, por isso, reconheça os direitos de todas as
religiões e espiritualidades, desde que respeitando os direitos
humanos e os direitos LGBT; estar disposto a denunciar a homofobia
religiosa onde ela se encontre e dar visibilidade aos atos inclusivos
por parte de religiões/crenças, sejam elas naturalmente inclusivas
ou não.
IMPORTANTE: apesar do
movimento se chamar “Espiritualidade Inclusiva”, aceitamos como
candidatos pessoas declaradamente ateias, uma vez que os ateus
humanistas tem sido nossos maiores apoiadores até aqui, mantido um
debate saudável e até contribuindo com artigos para nosso blogue. O
verdadeiro ateu humanista defende o Estado Laico e a liberdade e,
portanto, não quer destruir nenhuma religião, mas assegurar os
direitos de todas, incluindo o seu direito de ser ateu. Desta forma,
religiosos e ateus podem trabalhar unidos em prol do Estado Laico de
fato.
MUITO IMPORTANTE: Ser
gay ou não ser gay é irrelevante para o candidato a coordenador ou
para quem venha a frequentar os grupos de encontro municipais se ele
preenche os requisitos pautados acima. Nossa principal proposta é o
reconhecimento da naturalidade da diversidade de orientações
sexuais pelas religiões/espiritualidades e não o estabelecimento de
uma “espiritualidade gay” aos moldes de um “gueto espiritual”,
algo contraproducente, em nossa opinião. Ou seja, qualquer pessoa
afinada com a proposta do movimento pode participar. O movimento
também não fará distinções entre gays e não-gays, pois acredita
que os rótulos mais afastam que aproximam as pessoas. Ser inclusivo
significa não rotular para evitar que se venha a excluir o que está
fora do rótulo. Então, qualquer um que não tenha preconceito
quanto à diversidade de orientação sexual e que defenda o Estado
Laico, seja religioso, agnóstico ou ateu, é bem-vindo ao Movimento
Espiritualidade Inclusiva.
Apenas para situar: o
Movimento Espiritualidade Inclusiva é um movimento social sem
registro e ainda sem verbas, afinado com a agenda LGBT internacional
e a Declaração dos Direitos do Homem, de natureza não-partidária
e que não defende uma religião em particular em detrimento das
demais, que vai se organizar em coordenadorias com caráter
consultivo e deliberativo. Como nosso país é enorme, poderemos
trocar muitas informações e pautar atividades e decisões através
da internet, fazendo encontros físicos sempre que possível. O
movimento não remunera seus coordenadores, pois o trabalho de todos
os seus membros é feito de forma voluntária. Assim, os custos de
atividades e espaços para encontros deverão ser rateados entre os
membros da região onde se realizam ou parte deles buscados na forma
de apoios públicos e/ou privados, sem que isso venha a interferir na
neutralidade do movimento no campo religioso, político e econômico.
Atividades do Movimento
Espiritualidade Inclusiva
Nossas atividades, seja
no nível de Coordenadoria Nacional, das Coordenadorias Estaduais ou
dos Grupos de Encontro serão, a partir daqui, de três naturezas:
1ª – Produção de
material teórico para efeitos práticos: artigos, debates, ensaios,
teses, etc. Tudo isso deve ser compartilhado em nosso blogue oficial
para acesso de toda a sociedade e para melhorar a argumentação da
comunidade LGBT. Todos aqueles que possuem o dom da palavra e da
escrita são chamados a contribuir com o movimento.
2ª –
Compartilhamento de experiências a respeito de inclusão, homofobia,
descobrir-se LGBT, assumir-se, anseios espirituais, etc. Este
compartilhamento pode ocorrer por escrito e publicado no blogue
oficial na forma de relato e também durante as reuniões dos Grupos
de Encontro, seminários municipais, regionais ou estaduais e outros
eventos que venham a ser organizados.
3ª – Ações
próprias ou em caráter de apoio do tipo organização de ou
participação em palestras, seminários, encontros, intervenções,
protestos, passeatas, auxílio a LGBTs em situação de perigo ou
conflito de natureza religiosa, engajamento em políticas públicas
ou campanhas do terceiro setor (ONGs LGBTs ou não) que tenham
afinidade com as propostas do movimento, etc.
Como participar
ativamente do Movimento Espiritualidade Inclusiva
Se você gostou da
ideia e deseja candidatar-se, já pode agilizar algumas coisas:
1º - Ler as postagens
do nosso blogue, em especial as primeiras, pois definem os objetivos
do movimento e o que realmente é Espiritualidade Inclusiva (montaremos uma cartilha com elas e isso vai melhorar todo o
processo de informação);
2º - Enviar para
espiritualidadeinclusiva@gmail.com
seus dados cadastrais e o endereço de um email ativo para o qual
possamos futuramente (se seu nome for confirmado como coordenador)
enviar um convite para postar diretamente no nosso blogue as notícias
e atividades referentes ao que chamaríamos de Coordenadoria (âmbito
estadual) e Grupo de Encontro (âmbito municipal).
3º - Contatar as
pessoas que possam se interessar pela ideia em sua região, formando
um primeiro núcleo de interessados.
Qualquer dúvida,
estamos à inteira disposição de todos.
Fraternalmente,
Paulo Stekel
(coordenador geral do
Movimento Espiritualidade Inclusiva)
quinta-feira, 8 de março de 2012
[Evento] Trocando ideias com o Movimento LGBT
Por Espiritualidade Inclusiva
Dia e horário: Domingo, 18 de março, 17h
Venha conhecê-la pessoalmente e trazer seus pontos de vista.
SUA PARTICIPAÇÃO SERÁ DA MAIOR IMPORTÂNCIA!
(Luiza Nagib Eluf, Procuradora de Justiça)
Nota do editor
do blogue, Paulo Stekel - A pedido de nossa amiga Rita Moreira
(escritora, redatora e videomaker – confira em
http://ritascmoreira.blogspot.com),
divulgamos aqui o seguinte evento em São Paulo, que julgamos da
máxima importância para toda a Comunidade LGBT:
________________________________
A Procuradora de
Justiça Luiza Nagib Eluf (foto) quer trocar ideias com lideranças e
militantes do movimento LGBT.
Local: Teatro Oficina,
Rua Jaceguai, nº 520, Bela Vista, próximo ao metrô Liberdade, em
São Paulo (SP).
Dia e horário: Domingo, 18 de março, 17h
Luiza Nagib Eluf, que
você talvez conheça dos artigos que publica há anos nos jornais O
Estado de SP e Folha de SP, é Procuradora de Justiça no Ministério
Público de São Paulo e atualmente integra a Comissão de Reforma do
Código Penal onde defende, entre outros temas (como a legalização
do aborto), a criação de lei específica contra os crimes de
homofobia.
Luiza Nagib Eluf
defende nossa causa!
Venha conhecê-la pessoalmente e trazer seus pontos de vista.
SUA PARTICIPAÇÃO SERÁ DA MAIOR IMPORTÂNCIA!
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segunda-feira, 5 de março de 2012
Refletindo sobre o movimento LGBT...
Por Paulo Stekel
A intenção deste
texto não é a de ser um estudo completo sobre o ativismo LGBT no
Brasil. Pretende ser apenas uma rápida reflexão, já que o artigo
devidamente aprofundando é um projeto para mais adiante. Contudo,
por força do status do ativismo em nosso país atualmente, não
posso furtar-me a algumas considerações pertinentes e necessárias.
Durante muitos anos o
ativismo LGBT ficou baseado em ONGs utilizando verba pública para
promover ações geralmente centradas em campanhas de
conscientização, anti-homofobia, de prevenção a DST/AIDS e de
afirmação da identidade gay. Inicialmente não parecia haver
qualquer viés político-partidário no trabalho destas ONGs. Elas
pareciam soberanas, legítimas representantes da comunidade LGBT e
realmente engajadas em defender nossos direitos sem qualquer
atrelamento obscuro. Atualmente, há vários ativistas que contestam
a lisura de muitas ONGs neste quesito. Contudo, se há um fundo de
verdade nisso, tenho certeza de que não corresponde a todas as ONGs
e nem mesmo nas supostamente envolvidas, isso corresponda ao
pensamento de todos os seus líderes.
Agora, além desta
desconfiança, soma-se uma espécie de apatia com cheiro de
atrelamento político-partidário exatamente quando os LGBTs estão
sendo atacados diariamente por pastores e políticos fundamentalistas
evangélicos, numa crescente demonização da pessoa LGBT, num
rebaixamento anti-constitucional evidente da nossa dignidade. Alguns
pedem calma, mas a calma tem sido, neste caso, sempre uma vantagem
para os homofóbicos fundamentalistas, que aproveitam a passividade
LGBT para intensificar um “lobby diabólico anti-gay” em
Brasília!
Ao mesmo tempo,
evita-se falar no já anunciado “combate ideológico contra os
evangélicos” na questão da orientação sexual. É uma “guerra”
anunciada, e trará consequências sérias para o processo de
consolidação da cidadania plena para LGBTs e das (geralmente
tímidas e pouco eficazes) políticas de direitos humanos em nosso
país.
Questões como a
aprovação de uma lei anti-homofobia, o uso de material de prevenção
à homofobia em escolas e mesmo a escolha de fundamentalistas para
setores do governo federal são, entre outras de menor importância,
o mote de muitas contradições, embates, rachas e críticas dentro
do próprio movimento LGBT. Mas, quando falamos em “movimento
LGBT”, do que estamos falando? De algo coeso ou plural? Talvez
plural, mas não coeso. E, ambas as palavras, neste caso, nem são
opostas entre si, já que um movimento pode ser coeso, mas não
permitir a pluralidade de ideias; pode ser plural quanto às ideias,
mas não ter coesão; pode ser coeso e plural; pode ser nem coeso,
nem plural. Qual é o caso, então? Acho que se trata de um movimento
não-coeso e com pluralidade de pensamentos e ideologias
(partidárias, apartidárias, laicas, religiosas). O fato de algumas
organizações (como a ABGLT, por exemplo) de certa forma serem
consideradas “representantes” da comunidade LGBT não significa
coesão, já que para isso, todos os setores da comunidade LGBT
deveriam não apenas estar ali representados, mas “ouvidos”
quanto a suas ideias. E, convenhamos, a comunidade LGBT é tão
plural quanto a heterossexual. Há, então, um misto de orientação
sexual com ideologias... Estopim para muitas divergências e munição
para o inimigo...
O “inimigo” a que
nos referimos, não de modo odioso, mas “ideal” (no plano das
ideias), é o fundamentalismo (neo)pentecostal que se utiliza não
apenas dos templos, mas da mídia e da política para tentar
criminalizar os “diferentes” através de um pensamento medieval.
Quando analisamos as
pré-candidaturas às eleições municipais deste ano em todo o
Brasil, vemos que pouco mais de uma centena de “militantes” gays
pretende contribuir com a luta por nossos direitos. E, pasmem!, estão
sendo aceitos por vários partidos, até aqueles historicamente
envolvidos com o preconceito e a homofobia. O PR do senador
ultra-homofóbico Magno Malta é um deles (ver a notícia:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,gay-candidato-tem-espaco-ate-no-pr-,843759,0.htm).
Mas, como bem desconfiava Carlos Tufvesson ainda hoje pela manhã em
uma rede social: “Cheiro de mais erro aí. Gente, pensem bem, no
que isso vai ajudar aos nossos candidatos? Só vai dizer é que o PR
é bonzinho e nos é que somos intolerantes, pois eles nos aceitam
tanto que até nos dão legenda!!!!” É a velha tática do “unir-se
ao inimigo para vencê-lo”. Claro que estou falando dos partidos
eivados de fundamentalistas unindo-se a candidatos gays para, de
certa forma, jogarem conosco e não o contrário! Se bem que o
contrário pode ser uma boa tática (reflexão não definitiva...)!
É claro que é
importante (e ideal!) que todos os partidos possuam frentes de defesa
dos direitos LGBT e abram espaço para candidatos gays, mas isto deve
vir de um anseio legítimo de seus filiados, e não de interesses
obscuros de seus líderes fundamentalistas com vistas a obstruir as
ações do movimento LGBT como um todo. Isso contrasta com a pressão
que temos visto por parte de lideranças evangélicas junto ao
governo federal para a não aprovação da lei anti-homofobia (PLC
122) e a retirada do (assim denominado por eles, não por nós) “kit
gay”. Até quando esta pressão surtirá efeito? Até quando
permitirmos!
Neste sentido, concordo
com Toni Reis (ABGLT), quando diz que é o momento de incentivarmos
as candidaturas LGBT (somente candidatos com histórico e propostas,
claro!) e de apoiarmos aliados (políticos sabidamente pró-LGBT).
Sem isso, não temos como aumentar nossa força em Brasília e
ficaremos à mercê de teocratas mal-intencionados loucos para
transformar o Brasil no “Irã Fundamentalista Evangélico” tão
sonhado por insanos como Malafaia et catrefa...
Não querendo ser
profético, mas talvez já o sendo, o divisor de águas nesta
confusão toda deverá ser a 3ª Marcha Nacional Contra a Homofobia
(organizada pela ABGLT), que ocorrerá em 17 de maio, em Brasília
(ver notícia:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,movimento-social-poe-fim-a-tregua-e-vai-as-ruas-,843800,0.htm?p=1).
A intenção da Marcha
este ano é a de fazer um repúdio ao que está sendo chamado de
“homofobia institucional”, algo que, a meu ver, não está muito
claro, e por um motivo muito simples: as ações até aqui observadas
não constituem “homofobia declarada” por parte do governo, mas
caracterizam, sim, uma atitude morna e tímida na hora de implantar
políticas pró-LGBT, que acabam retrocedendo sob um fortíssimo
“lobby do capeta”! E, onde está o “lobby arco-íris”? É
fraco, ainda. Só será mais intenso com mais gays na política, em
todas as esferas. Ora, se somos de 6 a 10% da população, não se
admite que tenhamos menos que esses percentuais de representação no
Congresso, no Senado, etc. Quem não entende como funciona o jogo de
forças na política não terá condições de propor uma ação
eficaz em prol dos direitos LGBT. Sem neutralizar a ação “demoníaca
anti-laicista” dos fundamentalistas da Frente Parlamentar
Evangélica não conseguiremos avançar mais. Podemos, sim, cobrar
que o governo federal faça a sua parte, mas também temos que fazer
a nossa: aumentar nossa representatividade política em 100% do
território nacional!
A ABGLT de Toni Reis,
que reúne entidades de todo o país, diz que o governo federal se
recusa a receber o movimento, apesar de já ter recebido os
fundamentalistas evangélicos. Mas, a qual movimento ele se refere? A
ABGLT representa uma parte da comunidade LGBT através das
organizações filiadas, mas isso não corresponde ao todo do
pensamento LGBT brasileiro. Pretender, assim, ir à luta como se
estivesse representando todos os gays do Brasil é um quixotismo dos
mais românticos e ineficazes, a meu ver. Como o foi, aliás, no
momento em que o texto do PLC 122 foi redigido e reformulado por
pressão, em que se consultou apenas a ABGLT, uns tantos teocratas
evangélicos e se pretendeu que todos os gays do Brasil concordassem
com um acordo às escuras que continuava permitindo a pastores de
boca suja a demonização de seres humanos em seus templos por conta
de sua orientação sexual. Isso é o movimento LGBT brasileiro? Que
cada um reflita e responda por si!
Tenho observado que o
movimento LGBT amplo, aquele que escapa ao controle de qualquer
associação que pretenda abarcá-lo no todo, pode ser classificado
de dois modos que se entremeiam e se confundem:
Quanto a visão
política:
a) Movimento LGBT
partidário: constituído de pessoas, grupos e/ou ONGs que, ainda que
não abertamente, nasceram em partidos políticos ou estão atrelados
a eles por força de vários motivos. São ligados a ideologias
políticas diversas, desde as mais esquerdistas às mais direitistas.
Incluem-se aqui também os grupos de diversidade LGBT dentro dos
partidos políticos.
b) Movimento LGBT
apartidário: constituído de pessoas, grupos e/ou ONGs que não
mantêm qualquer vinculação ideológica com partidos políticos,
partindo geralmente de uma visão internacionalmente estabelecida de
direitos humanos LGBT. Os grupos de cultura gay (homo-cultura) e arte
gay geralmente são apartidários.
Quanto a
religiosidade/espiritualidade:
a) Movimento LGBT
laico: Partidário ou apartidário, é constituído de pessoas,
grupos e/ou ONGs que defendem o Estado Laico, mas não se opõem aos
direitos constitucionais das religiões/crenças nem à liberdade
religiosa ou de expressão. Neste caso, não esposam quaisquer
ideologias religiosas, agnósticas ou ateias, mas tão somente a
defesa do laicismo em relação com os direitos humanos LGBT.
Laicismo é um conceito que denota a ausência de envolvimento
religioso em assuntos governamentais, bem como ausência de
envolvimento do governo nos assuntos religiosos. Não se trata,
portanto, da negação da religião, mas da separação entre esta e
o Estado. A maior parte das ONGs LGBT se encaixa neste grupo.
b) Movimento LGBT ateu:
Partidário ou apartidário, é constituído de pessoas, grupos e/ou
ONGs que defendem a ideologia do ateísmo abertamente. Não confundir
ateísmo com laicismo. Ateísmo num sentido amplo, é a rejeição ou
ausência da crença na existência de divindades e outros seres
sobrenaturais. Mesmo sendo ateu, um grupo LGBT pode defender
claramente o laicismo de Estado, onde, por consequência, ficam
assegurados os direitos de crença.
c) Movimento LGBT
religioso/espiritual: Partidário ou apartidário, é constituído de
pessoas, grupos e/ou ONGs que possuem relação com crenças,
religiões e visões de mundo consideradas “espirituais”. Os
grupos de afro-descendentes LGBT geralmente defendem a cultura e a
espiritualidade de matriz africana e o legado de suas religiões. Há
ainda grupos LGBT ligados a religiões como Umbanda, Cristianismo e
Espiritismo. Isso não impede que estes grupos também defendam o
laicismo de Estado.
Estas classificações
não são engessadas. São, na verdade, fluidas, móveis, e
constituem apenas o esboço de um estudo mais aprofundado que venho
fazendo dentro do Movimento Espiritualidade Inclusiva. Contribuições
a este estudo não só são muito bem-vindas, como altamente
necessárias para sabermos do que realmente se constitui o tão
falado movimento LGBT brasileiro...
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