quinta-feira, 19 de abril de 2012

Afeto - uma reflexão de Ari Teperman

Por Ari Teperman


Durante muitos anos me preocupei com os julgamentos e críticas dos outros. Tentando ser aceito, condicionava minhas emoções ou simplesmente as reprimia. Fazia o que os outros queriam e, apesar do meu esforço em ser bem educado, alguém sempre se mostrava insatisfeito... Percebi o quanto era inútil estar desconectado de mim mesmo.

Desse momento em diante, atrevo-me a ser como sou. Busco o amor, o humor, a coerência e a liberdade das minhas emoções.

Fui percebendo que o que eu mais reprimia era na verdade o bem mais valioso para minha vida: o AMOR. Tornei-me convicto da minha busca em ser apenas humano: o tocar, o comunicar, o afetar e o expressar apenas a minha natureza singular. Um ser apaixonado pela vida!

Liberto dessa prisão, deixei de questionar se minhas ações incomodavam aqueles que conviviam com o medo de ser, sentir, viver e amar. Percebi o quanto é comum encontrarmos indivíduos que privilegiam certas emoções e proíbem outras construindo, quer queiram, quer não, normas de comportamento que limitam a criatividade e a espontaneidade das emoções.

Por causa dessas ditas normas de comportamento, nós mascaramos nossas opiniões e sufocamos nossas preferências e aversões.

Não precisamos correr para algum lugar, apenas dar um primeiro passo para que esse caminho afetivo e espontâneo se construa diante de nós.

É possível nos tornarmos água fluindo, terra firme e fértil, fogo vívido e ar manifesto em emoções e pensamentos. É possível transformar a si mesmo ou o outro num simples gesto. Dessa forma, tento descobrir um modo saudável de existir e afetar o mundo humanamente.

Para que haja uma mudança é preciso descobrir um modo saudável de afetar a nós mesmos, ao outro e ao ambiente.

Quando observo a forma como as pessoas se relacionam com as outras, com as coisas, com a natureza, percebo que faltam gentileza, sensibilidade e compreensão das diferenças.

Se começamos a buscar isso em nós mesmos – sensibilizando o corpo e exercitando a espontaneidade na comunicação – vamos sentir que vivenciar emoções e expressá-las, espontânea e positivamente, nos faz humanos, mais conscientes, mais sensíveis e disponíveis. Para nós mesmos, para todos e tudo que nos cerca.

Parece que esta é a tão almejada qualidade de vida, ampliar a percepção e estar disponível. Assim é que se criam vínculos saudáveis tanto nas relações interpessoais quanto com o ambiente que nos cerca.

Um ser inteiro que sabe viver profundamente o aqui agora, de uma forma simples, afetiva e saudável.


Sobre o autor


Ari Teperman, nascido em 1962, em São Paulo, é Analista de Sistemas Junior e Analista de Comunicação Social Sênior. Sua origem é de uma família tradicional judaica. Ari estudou no I. L. Peretz e durante dez anos seguiu a linha ortodoxa. Em 1999 fundou o Grupo de Judeus Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Simpatizantes Brasileiros para debater temas como direitos humanos, cidadania, união civil, judaísmo, sionismo e homossexualidade x religião.

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