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domingo, 6 de maio de 2012

Você é espiritualista... e homofóbico? (Uma pergunta para os amigos de verdade)

Por Paulo Stekel


Estou protelando a escrita deste artigo há muito tempo. Como espiritualista, budista, universalista, apoiador das terapias holísticas e também ativista do movimento gay, especialmente na visão da chamada “Espiritualidade Inclusiva”, convivo com pessoas que se dizem “espiritualistas” e “espiritualizadas” todos os dias. Há muitos gays nesta área, e o número tem aumentado nos últimos anos, especialmente na área de magia wicca, práticas de matriz africana, massoterapia, Reiki e Terapia Floral.

Contudo, não me escapa o fato de que também há muita gente que não esconde seu pensamento retrógrado quanto à presença de pessoas pertencentes à comunidade LGBT no meio espiritualista. Já tive vários embates com terapeutas relativamente conhecidos do Rio Grande do Sul sobre a questão homossexual e fiquei bastante decepcionado com a visão fundamentalista de alguns. Parece que reproduzem o velho pensamento homofóbico judaico-cristão revisitado pela maçonaria masculina em seus discursos. Pela Internet recebo com certa frequência mensagens de amigos e conhecidos sobre a questão homossexual que revelam seus preconceitos, desconhecimento e valorização da vida humana em escalas de orientação sexual. Uma vileza incompatível com a espiritualidade!

Há mesmo na aparentemente inocente visão da Teosofia uma tendência altamente homofóbica, como eu mesmo pude confirmar ao trabalhar em conexão com a Sociedade Teosófica, no ano de 2005. Também confirmei que a Maçonaria masculina é muito mais preconceituosa que a mista pelo mesmo motivo pelo qual não aceita mulheres em seu quadro de membros: as mulheres são consideradas inadequadas e espiritualmente não-completas para o aperfeiçoamento, mesmo pensamento medieval da Igreja da Inquisição que ainda se impõe na negativa atual do Vaticano em se ordenar sacerdotisas.

Como tenho milhares de contatos em minhas listas de email e nas redes sociais das quais participo, é natural de vez em quando deparar-me com espiritualistas homofóbicos. E, os há, em certa quantidade. Toda a vez que compartilho um novo artigo do blogue Espiritualidade Inclusiva nas redes percebo quem é quem. Uns bloqueiam nosso perfil para não receberem mais nossas atualizações, mas hipocritamente continuam membros de nosso perfil nas redes. Querem parecer politicamente corretos, mas são espiritualmente podres por dentro!

Numa época em que a espiritualidade tem saído dos bancos das igrejas para o interior das pessoas, como ainda se pode admitir que aqueles que pregam um novo mundo, uma nova era de paz e amor, possam continuar excluindo seres humanos simplesmente por causa de sua orientação sexual? Como ainda se atrevem a colocar palavras preconceituosas na boca de Deus, de anjos, de mestres, de mentores ou o que o valha?

A homossexualidade, bissexualidade e transexualidade estão presentes em todos os setores de nossa sociedade e não há como varrê-las para debaixo do tapete. Para isso, teríamos que incinerar (à moda nazista) ou fuzilar (à moda chinesa maoísta) cerca de 10% de toda a humanidade, sem qualquer possibilidade de que, assim, não nasceriam mais pessoas “diferentes”, já que a maior parte delas nasce de pais “heterossexuais”. Confundir sexo, gênero e orientação sexual é causa de mais preconceito, na certa!

E, o desconhecimento de muitos espiritualistas, universalistas e adeptos das mensagens dos “Mestres da Grande Fraternidade Branca” e da “nova era” sobre a sexualidade humana é gritante. Por isso, inventam terapias menos conhecidas da mídia para, supostamente, corrigir determinados “desvios sexuais” e até criam tratamentos com terapia floral para “curar o homossexualismo”.

Derrubando esta falácia, a terapeuta floral Maria Helena Ribeiro Facci Ruiz, em seu artigo “O Floral e o homossexualismo” (sic) [http://www.alumiar.com/saude/47-floraisdebach/348-ofloraleohomossexualismo.html] escreve:

“Perguntaram-me se há floral para o homossexualismo. Eu respondi que não. O floral ajuda o indivíduo a equilibrar-se. Modifica seu estado mental; faz aflorar a harmonia onde existe desarmonia. Porém, o floral não é específico para homossexualidade. Não importa se a criatura é hétero ou homossexual. Importam as emoções trabalhadas por ela. Importa o que a incomoda no momento. Importa se ela está certa das escolhas que fez. Se houver uma incerteza a respeito de que caminho seguir e de que escolha sexual definir ela poderá beneficiar-se da essência Scleranthus que é do grupo da insegurança e extremamente eficaz quando oscilamos entre duas possibilidades. Se houver medo de enfrentar a sociedade e suas opiniões, poderemos indicar Mimulus que é para medos específicos. (...) Essas são apenas algumas das essências a serem indicadas e tratam de desequilíbrios emocionais que podem acometer todos os indivíduos independentemente da escolha sexual que tenham feito.

Este assunto sobre homossexualidade é dos mais delicados e não me sinto adequada para falar sobre ele já que muito tem sido discutido nas mais variadas áreas e das mais competentes formas. Joyce Mc Dugall em seu estudo sobre a sexualidade observa que não há diferenças entre analisandos homossexuais e heterossexuais. Os problemas e desequilíbrios que acometem uns, acometem também os outros. Casais homossexuais apresentam as mesmas queixas em seus relacionamentos.

(…) Penso que devemos olhar para o ser que se apresenta a nós como um todo, como algo único e fadado a cumprir algo. Fadado a chegar a algum lugar: o dele, o que lhe cabe. Quando esse ser nos procura ou a qualquer forma de terapia ele se apresenta fervilhando de minhocas e lesmas que devem ser levadas em conta. Não importa se ele se relaciona com o mesmo sexo. Importa o quanto ele está inteiro nas suas escolhas.

Muito há que ser questionado e muitas essências a serem indicadas. É que o indivíduo que ali está não é um hétero ou um homossexual. É uma roseira inteira, um mundo particular, um sistema a ser conhecido, não por mim, mas através de mim. Precisa de minha orientação, mas mergulhar em suas próprias águas somente ele poderá fazer. Somente ele poderá aceitar-se como de fato é.”

Sábia orientação, embora não seja a mais comum no meio espiritualista. Ou a falta de preparo é a tônica, ou o preconceito descarado, ou o velado. De qualquer forma, homossexuais que procuram espiritualistas e terapias holísticas para si, raramente encontram pessoas preparadas para compreendê-los, salvo se estes também forem homossexuais, como tenho observado na prática.

Há pelo menos dois sistemas de florais que pretendem um certo “equilíbrio” nos casos de desajustes causados por “homossexualismo” e “lesbianismo” que deixam muito a desejar no esclarecimento do que realmente pretendem. Um tem origem na Argentina e outro é brasileiro. Há outros no mesmo grau de confusão. Devemos saber separar as terapias dos preconceitos de seus “sintonizadores”. Não há nada a ser “curado”, “transformado” ou “mudado” no caso de homossexualidade e lesbiandade. Todo o indivíduo LGBT é um ser completo, com as mesmas faculdades e qualquer outro, e assim deve ser respeitado, considerado e tratado.

No final, o problema é que muitos grupos espiritualistas, do mesmo modo que as grandes religiões instituídas, excluem totalmente os LGBT de suas práticas, desconsiderando um princípio primordial da Natureza material e espiritual: a diversidade, a multiplicidade e a adaptabilidade. Penso que as “sexualidades não-heteronormativas” estão nesta conta da Natureza. Aliás, entre os animais a homossexualidade foi encontrada em cerca de 500 espécies, evidenciando os princípios da diversidade, multiplicidade e mesmo adaptabilidade, já que algumas delas simplesmente conseguem mudar de sexo para manter o equilíbrio do grupo. O fator socializante da bissexualidade entre os primatas, por exemplo, tem sido amplamente pesquisado atualmente.

Lembrando de minha própria história, nos idos de 1990 participei de grupos espiritualistas que, ou calavam-se quanto a expressões sexuais não-heteronormativas, ou “caíam de pau”, “descendo o porrete” à moda Malafaia sem a menor vergonha. Muitos gays se afastavam destes grupos, pensando ser indignos de qualquer busca espiritual ou elevação.

Ao participar dos chamados “grupos gnósticos” a coisa ficou mais séria, pois estes consideram a homossexualidade e símiles algo tão “inferior” energeticamente a ponto de manchar a suposta “pureza clínica” que buscam com suas práticas tântricas sexuais duvidosas. Ao mesmo tempo que não aceitavam gays, propuseram a um amigo heterossexual que não possuía parceira para o sexo tântrico por ser apaixonado por uma menina que não o queria, que este buscasse uma prostituta para a concretização do ritual! Hipocrisia homofóbica que aceita tudo para os heterossexuais em nome de uma evolução falaciosa e condena o simples beijo gay!

Quando me tornei membro da Sociedade Teosófica (aquela fundada pela russa Helena Blavatsky em 1875), em 1994, passei a conhecer mais sobre a homofobia reinante nos meios espiritualistas “de elite”. Gays eram ali tolerados, mas inferiorizados nas conversas de bastidores, além do fato de que não eram bem-vindos na “Escola Esotérica”, a que se propõe a ser uma preparação para o “contato” com os Mestres da Fraternidade Branca. Em 2005, quando trabalhei mais conectado à Sociedade Teosófica, em Brasília, percebi o quanto a “espiritualidade de elite” (a da classe média alta) é homofóbica! Entre estes, os gays são considerados desviados, desviantes, seres de energia inferior e conduzentes às trevas. Não estou exagerando!

Este quadro só mudará quando os espiritualistas LGBT e os simpatizantes se unirem e mostrarem que espiritualidade não depende de sexo, gênero ou orientação sexual, mas de uma conduta mental correta que venha a se refletir em palavras e ações, conforme o ensinamento do Buda e de outros grandes instrutores da humanidade.

Vamos fazer isto? OK. Comecemos, então apoiando esta ideia: sou espiritualista, sou LGBT e tenho o mesmo valor espiritual que qualquer outro ser humano! Assuma isto com todas as forças e você conquistará o espaço, o respeito e o reconhecimento que lhe é de direito! Ou, cale-se e continue sendo espezinhado pelos cantos como eram os leprosos nos tempos de Cristo.

Sei que, ao enviar esta postagem a meus amigos e contatos, alguns se insurgirão, reclamarão, criticarão e deixarão sair a fera homofóbica que escondem sob o véu de uma aparente política de boa vizinhança. Mas, hipocrisia e espiritualidade não combinam, e estou disposto a dar a cada um o que desejar: minha amizade ou minha indiferença, mas nunca minha submissão! Faça você o mesmo, pois se sentirá melhor, e compartilhe conosco.

Mas, antes, faça a si mesmo a pergunta que não quer calar: você é espiritualista... e homofóbico? Esta é a pergunta que eu mesmo deixo aos amigos de verdade e aos seres humanos realmente interessados no bem da toda a humanidade, sem distinções...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Liberdade de expressão sexual: a última fronteira da espiritualidade

Por Paulo Stekel (artigo postado em http://revistahorizonte.blogspot.com em 2007)



Observação inicial: Neste artigo, ao nos referirmos à palavra “espiritualidade”, estaremos incluindo nela tanto as religiões instituídas quanto as seitas religiosas e mesmo as práticas consideradas “espiritualistas”. Afinal, o conceito de espiritualidade abarca o de religião, mas o contrário não é verdadeiro, já que espiritualidade é algo mais amplo que religião.

Quando se fala em “liberdade de expressão sexual”, logo aparecem os baluartes da “moral e dos bons costumes” para defender a família do que parece ser uma ameaça iminente ao equilíbrio milenar da sociedade moderna. Contudo, liberdade na expressão da sexualidade não tem nada a ver com religião ou mesmo com qualquer ameaça à família. Mas os fanáticos continuam a insistir. O simples fato de colocarmos no mesmo nível de naturalidade e de direitos tanto a orientação sexual homossexual e a bissexual quanto a heterossexual, dominante, gera protestos dos mais acirrados contra a pessoa humana. No Oriente, o fanatismo chega às raias da loucura, com prisão perpétua e até pena de morte para quem pense deste modo, mesmo sendo heterossexual convicto. No Ocidente, onde as coisas parecem menos radicais, ainda há uma carga de violência muito grande contra gays, lésbicas e bissexuais, especialmente por parte de fiéis pertencentes a grupos cristãos de visão fundamentalista.

Em 1973 a resolução seguinte foi aprovada pelo Conselho de Administração da Associação Psiquiátrica Americana: “A homossexualidade, per se implica que não haja prejuízo em julgamento, estabilidade, segurança ou capacidades sociais ou vocacionais em geral. Mais ainda, exortamos todos os profissionais em saúde mental a que tomem a iniciativa de remover o estigma da doença mental associada a uma orientação homossexual.”

Em muitas sociedades, a homossexualidade é considerada muito normal. Este era o caso da Antiga Grécia e Roma (ambas durante o seu apogeu e declínio), é o de muitas culturas Nativas Americanas (onde lésbicas e homossexuais são influentes líderes tribais e religiosos), e é o de muitas sociedades modernas, como a holandesa, dinamarquesa, sueca e tailandesa.

Como veremos, a liberdade de expressão sexual é realmente a última fronteira da espiritualidade e das religiões instituídas em geral. A maioria dos movimentos religiosos e espiritualistas ainda é muito homofóbica, machista e misógino. Ou seja, acha que a mulher é inferior, que deve se “colocar no seu lugar”, e que os homossexuais, as lésbicas e os bissexuais são aberrações da Natureza (como se a conhecessem muito bem!).

Antes de começarmos qualquer debate com alguém, deveríamos ser capazes de identificar um potencial “fanático”, já que, se for o caso, qualquer argumento lógico de contestação será visto como demoníaco.

Poderíamos identificar um fanático como o indivíduo que:

1.Só consegue contar até um; dois é um número grande demais para ele;
2.prefere sentir a pensar;
3.tem incrível fascinação pela morte;
4.despreza este mundo e anseia trocá-lo pelo céu;
5.Não consegue ver as razões alheias;
6.Alimenta certezas e convicções;
7.É incapaz de fazer acordos e compromissos;
8.Adota uma atitude de superioridade moral;
9.Sempre quer mudar o outro, não conseguindo se colocar no lugar dele e ver seu ponto de vista;
10.Traz um desespero dentro de si;
11.E, especialmente, jamais tem senso de humor, mas ironia e sarcasmo.
(Fonte: http://www.glextj.locaweb.com.br/)

Estas características são aplicáveis a muitos praticantes de qualquer religião e a muitos espiritualistas por aí. Não são poucos os “espiritualizados” deste mundo que se mostram fortes opositores da pena de morte, do aborto, dos ataques terroristas, mas não fazem nada para se opôr à violência e à morte de pessoas comuns simplesmente por causa da orientação sexual delas. Agem, segundo pensam, balizadas por “proibições bíblicas” e então, condenam sumariamente ao fogo do inferno gays, lésbicas, bissexuais e qualquer tipo de comportamento sexual “estranho”.

Uma questão de interpretação bíblica?

Interessante é notar que a Bíblia, em suas línguas originais (hebraico, aramaico e grego) não cita nenhuma vez palavras como “homossexual”, “lésbica” e “homossexualidade”. As Bíblias modernas que traduzem trechos contendo estes termos estão equivocadas. A palavra “homossexual” foi criada apenas em 1869, a partir de duas raízes: homo (grego, “igual”) e sexual (latim). Não poderiam, portanto, os autores bíblicos, terem-na usado em seus textos. Os fiéis modernos é que, contrariando o aviso de Apocalipse de não mudar uma única letra sequer da Palavra de Deus, a adaptaram segundo a conveniência de suas crenças e preconceitos.

O amor entre pessoas do mesmo sexo é bem mais antigo que a Bíblia. É registrado em documentos egípcios de 500 anos antes de Abraão, que descrevem não só relações entre os homens, mas entre os deuses Hórus e Seth, por exemplo. O próprio poeta Goethe dizia que “a homossexualidade é tão antiga quanto a humanidade”, o que não se pode mais contestar.

A relação homossexual era tão tolerada no antigo Oriente, que os Hititas, povo inimigo de Israel, autorizava por lei o casamento entre homens, e isso cerca de 1400 anos antes de Cristo!

Mas os fanáticos querem ver na Bíblia a condenação da homossexualidade. Interessante é que os referidos trechos bíblicos só falam da homossexualidade masculina, como se Deus tivesse esquecido das lésbicas! Mesmo assim, como explicar o sentido do seguinte trecho do Livro de Eclesiastes 4.9,11 – “É melhor viverem dois homens juntos do que separados. (...) Se os dois dormirem juntos na mesma cama se aquecerão melhor”? Este trecho tem dado o que falar entre os exegetas!

Quanto às condenações de Paulo aos homossexuais no Novo Testamento, autoridades exegetas protestantes e católicas, como Mcneill, Thevenot, Noth, Kosnik e outros, ao examinarem os trechos no original, concluíram que os cristãos têm interpretado erroneamente passagens como Romanos 1.2, 1Coríntios 6.9, Colossences 3.5 e 1Timóteo 1.10.

Entre as categorias de “pecadores” aos quais Paulo interdita o Reino dos céus – adúlteros, bêbados, ladrões, etc. - algumas bíblias incluem em suas traduções os “efeminados” e os “homossexuais”. Mas qualquer leigo sabe que muitos efeminados (e muitas mulheres masculinizadas) não são necessariamente homossexuais. Ou foi uma injustiça do apóstolo, ou preconceito dos modernos tradutores... ou ignorância de ambos! Afinal, se Paulo quisesse realmente condenar o homo-erotismo da época, teria usado o termo grego corrente, a palavra “pederasta”. Mas usou as expressões gregas malakoi, arsenokoitai e pornoi, cuja tradução rigorosa “pervertores”, “pervertidos” e “imorais”. Como Paulo viveu na época de Calígula, Nero e Satiricon, parece ter condenado os excessos sexuais de seu tempo, mas não o amor inocente e recíproco, como o que parece ter havido entre Davi e Jônatas, do qual falaremos adiante. Alguns teólogos chegam mesmo a acusar Paulo de ser homossexual e de ter tendência à misoginia (ódio às mulheres), apesar de não serem coisas conectadas. Há muitos heterossexuais que, pelo modo como tratam suas esposas, devem ser misógenos perfeitamente heterossexuais, ou seja, os que tratam a mulher como objeto de prazer, mas não como um indivíduo com liberdade e valor em si mesmo. A Igreja Católica pregou uma doutrina misógena por muitos séculos, e muitas mulheres foram queimadas como bruxas por se oporem a este preconceito torpe e vil ou por expressarem sem hipocrisia sua feminilidade.

Quando falamos em “livre expressão sexual” não estamos pregando qualquer licensiosidade desmedida, mas o fim do machismo, da misoginia, da visão da mulher como ser inferior e submisso (aberta ou veladamente), do preconceito por orientação sexual e da visão de que o sexo masculino deve ser sempre o dominante, chegando às raias da promiscuidade, e de que o sexo feminino deve sempre manter a “pureza virginal”. Esse pensamento medieval ainda atormenta muitas pessoas no mundo inteiro.
O trecho bíblico que melhor pode ser invocado em favor da livre expressão do amor, tenha implicações sexuais ou não, é 1João 4.6: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor é de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus.”

Segundo Daniel Helminiak, ex-padre católico: “As investigações científicas mais recentes demonstraram e denunciaram erros de tradução e de interpretação nas passagens que dizem respeito à homossexualidade. A maioria define claramente, como por exemplo em Ezequiel 16, 48-49 e no Livro da Sabedoria 9, 13-14, qual foi o pecado de Sodoma (Gênesis 19): orgulho, ódio, abuso, dureza de coração. Sexo nunca é mencionado. Também o termo "não natural", por exemplo, que encontramos na Carta aos Romanos 1, 28-29 devia ter sido traduzido pelos termos "atípico" ou "não convencional". A Bíblia, se lida em coerência com os seus próprios termos e contexto, não apresenta nenhuma condenação explícita dos actos homossexuais.” [D. A. Helminiak, “What the Bible Really Says About Homossexuality”, Alamo Press, 1994.]
Mas a visão cristã não é a única que temos sobre a sexualidade. Outras religiões são até mais tolerantes quanto ao assunto, não discriminando pessoas de orientação não-heterossexual.

Analisemos o que diversas denominações religiosas têm a nos dizer sobre o assunto, especialmente sobre a homossexualidade:

Catolicismo

A Igreja Católica considera a orientação homossexual como moralmente neutra, mas o comportamento homossexual como pecaminoso. Ou seja, se pode ser homossexual, mas sem manter relações homossexuais, o que obriga o fiel a uma vida de abstinência sexual, com riscos de autodestruição emocional.
Para a Igreja, todo ato sexual deve possibilitar a concepção. Por isso condena os atos homogenitais, a contracepção, a masturbação e as relações pré e extra-maritais. Mas, contrariamente à visão atual, até o Séc. XII não houve oposição estruturada à homossexualidade na Europa Cristã e os imperadores cristãos do Ocidente toleravam os atos homossexuais.
No Séc. VII, na Espanha dos visigodos, seis conselhos nacionais da Igreja se recusaram a apoiar a lei contra os atos homogenitais, embora tenha sido aprovada por outros conselhos. No Séc. IX, quase toda a Europa Cristã tinha leis detalhando as ofensas sexuais. Mas em nenhum país, exceto na Espanha, tais leis proibiam os atos homogenitais.
Os documentos católicos afirmam que toda a bíblia se opõe constantemente aos atos homogenitais. Na verdade, está claro apenas que ela condena a prostituição, tanto hetero quanto homossexual, mas sem dizer uma palavra sobre o que hoje chamamos de relações homossexuais estáveis. A principal abominação bíblica é quanto aos prostitutos masculinos que eram utilizados nos cultos pagãos. Parte alguma da bíblia legisla sobre a atração profunda e de amor entre dois adultos do mesmo sexo, resultando num compromisso. Mas, como consolo, a Igreja prega a compreensão para com os fiéis homossexuais.

Islamismo

O consenso entre os estudiosos do Islã é de que todos os seres humanos são naturalmente heterossexuais. Sendo assim, a homossexualidade é vista como pecado e desvio da norma, sendo considerada contra a lei, principalmente em países em que a constituição é o Alcorão. Quanto às penas imputadas, os Hanafitas (sul e leste da Ásia) dizem que não se deve aplicar nenhum castigo físico; os Hanabalitas (mundo árabe) dizem que se deve aplicar um castigo físico severo; a Escola de Sha'fi (mundo árabe) requer pelo menos quatro testemunhas adultas do sexo masculino para julgar alguém por suposto ato homossexual.
Estima-se que cerca de 4 mil homossexuais foram executados no Irã desde a revolução de 1979. Os dados são da Al-Fatiha, um grupo internacional de muçulmanos GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros), algo realmente raro e corajoso no conturbado mundo religioso islâmico [ver o site oficial: http://www.al-fatiha.org]. Detalhe: a ONG Al-Fatiha, fundada em 1998, está registrada nos EUA!
A simples tradução de alguns trechos do farto material contido no site da Al-Fatiha é suficiente para mostrar a gravidade da homofobia (preconceito contra homossexuais, muitas vezes doentio e violento) no mundo islâmico, o que é motivado especificamente pela visão religiosa e pela interpretação fundamentalista do Alcorão:

“A Fundação Al-Fatiha é dedicada aos muçulmanos que são lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, intersexo, curiosos, àqueles que pesquisam sua orientação sexual ou identidade de gênero, a seus alidados, famílias e amigos. A Al-Fatiha promove as noções islâmicas progressistas de paz, igualdade e justiça. Visualizamos um mundo livre de preconceito, injustiça e discriminação, onde todas as pessoas sejam plenamente incluídas e aceitas dentro de sua fé, suas famílias e suas comunidades.
(...) A Al-Fatiha recebe regularmente pedidos de informação sobre procura de asilo baseado em orientação sexual de indivíduos que estão vivendo tanto nos EUA como muçulmanos GLBT vivendo em países islâmicos. Estes indivíduos, freqüentemente sob condições muito exaustivas, escrevem à Al-Fatiha pedindo ajuda em seus casos de asilo.
(...) Os países islâmicos continuam sendo opressivos com relação às minorias sexuais e outras comunidades marginalizadas. Infelizmente, sob o disfarce de religião, regimes autoritários do mundo islâmico usam as leis coloniais de sodomia para reprimir com rigor minorias sexuais e de gênero.
(...) Trabalhando com organizações como a Anistia Internacional, a Human Rights Watch e a International Gay and Lesbian Human rights Commission, a Al Fatiha continua a ser a voz homossexual muçulmana, sempre que os direitos humanos são rejeitados como importações do Ocidente. Do mesmo modo que a “guerra contra o terrorismo” surge sobre o mundo muçulmano, comunidades marginalizadas incluindo minorias sexuais e de gênero enfrentam mais injustiça e acusações. A Al-Fatiha estará pronta para falar sem medo contra esta opressão quando ocorrer. A Escritura e a Teologia é, talvez, a maior barreira para se lidar com a corrente dominante e a comunidade ortodoxa.”


Testemunhas de Jeová

Considerada uma seita fundamentalista, as Testemunhas de Jeová buscam seus ensinamentos no Antigo Testamento e na doutrina emitida pela denominada Torre de Vigia. Sua interpretação bíblica quase literal leva-os a condenarem a homossexualidade por completo, pois entendem-na como contrária ao desígnios de Deus, sendo para eles uma perversão.
Para as Testemunhas de Jeová o homossexual não nasce assim, mas seu comportamento homossexual é aprendido. Pregam que, embora o homossexualismo (assim dizem, como o homossexual fosse um doente) seja uma prática condenada e odiosa, os homossexuais não devem ser odiados, mas amados e principalmente ajudados a mudar seu comportamento.

A Igreja dos Santos dos Últimos Dias ou Mórmons

Aceitam os homossexuais de forma semelhante à Igreja Católica: são tolerados, mas devem ser celibatários ou mudar sua orientação sexual para serem aceitos no culto. Há vários grupos de gays mórmons que seguem todos os costumes da religião, mas vivem numa semiclandestinidade.
Para a maioria dos Mórmons a causa da homossexualidade é uma aberração, pois inviabilizaria o mandamento divino do “crescei e multiplicaivos”, de Gênese. O homossexual, por não multiplicar, seria profundamente egocêntrico. Mas muitos acreditam e até apresentam casos de “ex-gays” arrependidos que “voltaram a Cristo”. Mas, se a condição homossexual vem com o indivíduo, como pode haver “arrependimento”? Como alguém pode deixar de se sentir homossexual?
A “Affirmation – United Methodists” é um grupo de apoio para Mórmons GLBT [ver site http://www.umaffirm.org].

Igreja Adventista do Sétimo Dia

Os Adventistas aceitam o homossexual, mas são totalmente contra a homossexualidade. São contra, inclusive, uma possível cultura que busque preservar a existência da homossexualidade na sociedade humana. Consideram, como regra geral, que a homossexualidade é um distúrbio emocional, e não distúrbio físico, ou seja, um distúrbio de pessoas que não sabem ou não aprendem a controlar as suas emoções ou afeições. Não seria, então, nem doença nem falta de vergonha, como pensam outras correntes.

Assembléia de Deus

Consideram a homossexualidade um grande erro diante de Deus, como se Deus não suportasse isso. Acreditam se tratar de um problema psíquico e mesmo “demoníaco”. Mas juram não fazer qualquer distinção de pessoas em seu cultos, na esperança de converter todos às suas idéias preconceituosas e homofóbicas.

Protestantes

É uma designação genérica que abrange muitas tendências, incluindo os Batistas. Por isso a posição frente à homossexualidade varia de acordo com a corrente de pensamento de cada uma.
A Igreja Episcopal (2,4 milhões de fiéis nos EUA) acolhe e até ordena homossexuais, participando inclusive de programas antidiscriminação. Já realizou alguns casamentos homossexuais, mas tem encontrado muitos opositores entre os Anglicanos conservadores, intolerantes quanto ao assunto.
Os Luteranos acreditam que o comportamento sexual realizado de forma consentida entre dois adultos não é assunto para se legislar ou para ação policial. Para eles, os homossexuais são tão pecadores como os heterossexuais, caso estejam afastados de Deus e do próximo.
Os Presbiterianos não ordenam pessoas abertamente homossexuais, não celebram casamentos gays e entendem que a homossexualidade não corresponde ao desejo de Deus.

Budismo

Há várias escolas budistas. Não há consenso sobre a homossexualidade, mas também não é proibida nem há penalidades, em geral. Isso porque o budismo se preocupa mais em saber se uma ação é produtiva e não causa dano ao outro, enquanto o cristianismo se baseia em uma noção de pecado e proibição divina.
Para o Budismo Theravada, todas as relações pessoais são assunto privado e são corretas, desde que promovam o bem estar das partes envolvidas.
Para o Zen Budismo, toda a prática sexual que prejudique, manipule ou explore os outros é proibida, seja hetero ou homossexual.
O Budismo de Nitiren Daishonin não julga se a sexualidade é boa ou má. Ela apenas existe e qualquer julgamento depende do próprio indivíduo. Nas palavra de Ikeda, presidente da escola de Nitiren, em uma de suas viagens à Europa:

“O Budismo não considera a homossexualidade nem como um mal, nem como um bem. (...) o Budismo é a filosofia da vida e, mais precisamente, a filosofia da vida humana. Quanto à homossexualidade, esta é uma questão que deve ser colocada em outra categoria. Conseqüentemente, o budismo não considera como um distúrbio ou vício. Como todos os seres humanos são considerados iguais, qualquer que seja a sua condição de vida, todos apresentam a natureza do Buda e podem evidenciá-la através da recitação do Nam-myoho-rengue-kyo. Por isso, é de suprema importância tomar cuidado para não considerar a homossexualidade como um desequilíbrio e absolutamente não pensar que seja um sinal de uma prática incorreta ou fraca. (...) A conduta ética e moral naturalmente evolui como conseqüência do auto-aperfeiçoamento, mas não é a preocupação principal. Mas, isto não quer dizer que o budismo defenda a licenciosidade sexual. Moralidade é coisa relativa, que varia de uma cultura para outra. A tentativa de qualquer religião de impor a outra cultura, padrões morais estranhos só pode estimular a rejeição da mesma e a negação do seu poder em praticar o bem. Por essa razão, ensinar a verdade básica, universal e dar apenas ênfase secundária a questões de códigos de ética – como o budismo geralmente procedeu – parece prometer maiores vantagens a todos os interessados, do que dar excessivo destaque a pontos de moralidade que, na melhor das hipóteses, são apenas relativos.”

No Budismo Tibetano, ainda que a posição varie, o próprio Dalai Lama afirmou publicamente a sua oposição às relações homossexuais entre membros da religião, em especial os monges e monjas, embora tenha defendido a não-discriminação em relação a todos os homossexuais. Na verdade, o contato homossexual entre os monges tibetanos é delatado por Heinrich Harrer em seu livro “Sete Anos no Tibete” e esclarecido em outras obras, ainda não publicadas em português, como “A History of Modern Tibet, 1913-1951 – The Demise of the Lamaist State” [Uma História do Tibete Moderno, 1913-1951 – A Morte do Estado Lamaísta], de Melvyn C. Goldstein (Berkeley: University of California Press, 1992), onde se diz:

“Enquanto os monastérios tibetanos impuseram o celibato heterossexual, a relação homossexual foi geralmente perdoada desde que nenhum orifício fosse penetrado. Assim, se um monge se envolvia em uma relação homossexual, isso era tipicamente feito entre as pernas do parceiro.”

Alguns lamas tibetanos que vieram para o Ocidente depois de 1959 foram acusados de terem relações homossexuais consentidas com discípulos, o que, ainda que não seja verídico, reflete o fato de que a homossexualidade existe em todos os setores da sociedade e não pode ser simplesmente negada ou sufocada violentamente. Os religiosos e os espiritualistas não podem se omitir de discutir o assunto, e muito menos passar a adotar posturas intolerantes e homofóbicas que contradizem o ideal de amor ao próximo pregado por todas as formas de espiritualidade.

Seicho-No-Ie

A Seicho-No-Ie, uma filosofia religiosa que mescla conceitos do Budismo, Cristianismo e Xintoísmo, considera o homossexual como manifestação anômala da sexualidade, não se identificando com o seu tipo físico. Não é a favor nem contra, mas sua postura é no sentido de induzir as pessoas manifestarem-se conforme o sexo com que nasceram, caso contrário não estariam manifestando a perfeição interior. Mas se é interior, o que o físico tem a ver com isso? Alguns preletores são da opinião que algumas pessoas discriminaram homossexuais em outras vidas e, como conseqüência, nascem homossexuais agora (???). Então, ser homossexual é um castigo?

Movimento Hare Krishna

Os Hare Krishna, nome popular do Movimento Internacional para a Consciência de Krishna, de raízes hinduístas, não é abertamente contra a homossexualidade, mas a considera anormal. A pessoa nasceria homossexual por karma, talvez por excessivo apego a um dos sexos em outra vida. Novamente o argumento equivocado de relacionar o ser homossexual ou lésbica com querer ser mulher ou homem! Como vemos, a opinião de muitas religiões reflete a ignorância geral sobre a sexualidade humana em si.

Judaísmo

As congregações judaicas variam em questões de doutrina e política, de forma que não há uma posição clara do Judaísmo sobre a homossexualidade.
Os judeus ortodoxos entendem a homossexualidade como abominação proibida pela Torah. Neste ambiente hostil, o norte-americano Steve Greenberg, primeiro rabino ortodoxo do mundo a revelar a sua homossexualidade, em 1999, lutou durante anos contra o conservadorismo exacerbado dos judeus ortodoxos, que repudiam a existência de rabinos gays. Após uma busca incessante por respostas na Torah ele decidiu assumir a sua homossexualidade e fez disso uma vocação. Hoje Greenberg vive em Nova Iorque com um companheiro, ortodoxo também, e é respeitado na sinagoga que freqüenta. Leciona no Center for Learning and Leadership para judeus e é autor do livro “Wrestling With God and Men” [Lutando com Deus e Homens]. O rabino ganhou notoriedade mundial ao mostrar a sua história no documentário “Trembling Before God” [Tremendo Perante Deus, 2002], que aborda a fé e a homossexualidade na vida de homens e mulheres.
Os judeus reformistas são bem abertos e aceitam perfeitamente homossexuais assumidos encabeçando organizações judaicas. Para eles, segundo palavras diretas que ouvimos de um reformista, “o que alguém faz em sua intimidade não é assunto de nossa religião”.

Candomblé

Em geral, o Candomblé e os cultos de matriz africana no Brasil (e acreditamos que em outros países também), como a Umbanda e a Quimbanda, não têm qualquer restrição à homossexualidade. O grande sociólogo francês Roger Bastide, que pesquisou por anos os cultos afrobrasileiros, percebeu, já na década de 1940, que havia muitos homossexuais entre os sacerdotes do Candomblé, sendo estes, inclusive, a maioria entre os homens [ver “Imagens do Nordeste Místico”, O Cruzeiro, 1945]. Um dos motivos de maior afluência de homossexuais ali seria a ausência de preconceito por orientação sexual. No Batuque ou Nação (culto africanista do RS), por exemplo, é comum homossexuais receberem orixás femininos (o que também acontece no caso de homens heterossexuais) e lésbicas receberem orixás masculinos sem qualquer problema.
Nas palavras do babalorixá Fernando Khouri (Babalorixá Ala Igbín), sacerdote de Candomblé Ketu, de Rio das Ostras (RJ):

“Desde que me entendo por gente, estou envolvido com o candomblé (religião de culto aos orixás); e em todos estes anos, nunca ouvi nenhuma crítica ao amor entre duas pessoas, sejam elas de sexos opostos ou do mesmo sexo. (...) Estas mesmas religiões [as teístas] acusam os segmentos afrobrasileiros – candomblé e umbanda – de complacência com homossexualismo, com as drogas, com a prostituição, entre outros problemas humanos. Não se trata de ocultar o problema, mas reconhecer que, pelo menos no que se refere ao amor entre dois seres do mesmo sexo, somos impotentes. Não sabemos e acreditamos que nenhuma religião saiba os “porquês” de Deus. Sendo assim, só nos cabe apoiar e jamais excluir um buscador da fé. No candomblé, se condenarmos a homossexualidade, condenaríamos os nossos deuses. Logunedé, filho de Oxum com Oxóssi, reúne em si as características sexuais de seus pais. Ele é uma divindade andrógina. Oxumarê, por ser uma serpente sagrada, pode ser macho ou fêmea. Oxalá, o pai de todos os deuses, veste-se sempre de mulher. Krishna, o Deus dos hindus é um homem com aparência feminina. O deus judaico-cristão é um reflexo da grande Mãe. Se entre os deuses há ambigüidade sexual ou com probabilidade frágil, não seremos nós que vamos exigir padronização heterossexual dos nossos irmãos.”

Espiritismo

Sob esta denominação colocamos especificamente o Espiritismo Cardecista. O Espiritismo ensina a sempre respeitar o comportamento das pessoas, buscando a compreensão. Não é contra os homossexuais, mas também não é a favor da homossexualidade. Isso porque prevê que se um espírito encarna num determinado sexo, isso não lhe dá o direito de agir de forma “contrária à lei natural”, pois, se a homossexualidade fosse normal, a lei da reprodução não o seria, e não haveria necessidade de macho ou fêmea. É um argumento sem base e até decepcionante que, embora não corresponda ao pensamento de todos os espíritas, é o mais comum de se encontrar entre os doutrinadores.
Sendo assim, o Espiritismo compreende mas não aprova a união entre homossexuais. Muitos doutrinadores professam a idéia de que alguém que encarna muitas vidas como mulher (ou como homem), ao nascer homem (ou mulher), pode ter dificuldades de adaptação, manifestando comportamento homossexual como conseqüência disso, ou para “resgatar” atos negativos de outras vidas. Isso é sem lógica, pois não há, na vida de muitos homossexuais masculinos (ou femininos), qualquer comportamento feminino (ou masculino). Muitos são homens, gostam de sê-lo, mas gostam de outros homens. As lésbicas também, em sua maioria, não desejam ser homens. A teoria espírita é, portanto, pouco elaborada e esconde um sutil grau de preconceito.

Grupos Tradicionais de Americanos Nativos

A opinião das várias tribos de índios americanos, chamados “Native Americans” nos EUA, é diversificada. A rejeição aos homossexuais é comum em muitas tribos, mas mais ainda às lésbicas. Muitas tribos negam sua existência ou equiparam os gays a prostitutas. Mas antigamente, diversas das primeiras nações nativas respeitavam seus membros gays da mesma forma que os heterossexuais. Outras lhes davam funções especiais como xamãs (líderes e curandeiros espirituais ativos na tribo), médicos, adivinhos, etc. A influência vinda dos brancos cristãos mudou o pensamento em muitas tribos, infelizmente.

Fé Baha'i

Religião de origem iraniana, a Fé Baha'i, apesar de professar ideais de universalismo e entendimento entre todas as religiões, esbarra numa ignorância praticamente igual à do mundo islâmico e dos protestantes mais fanáticos em geral: a única forma aceitável de expressão sexual é entre um homem e uma mulher depois do casamento; sentimentos e comportamento homossexuais são impróprios e opostos aos plano de Deus para a humanidade; homossexualidade é algo incapaz do indivíduo controlar – através de oração, tratamento médico, aconselhamento e muito esforço pessoal ele pode se tornar “purificado” deste comportamento; a não ser que gays ou lésbicas convertam sua orientação sexual para a bissexualidade ou heterossexualidade e se casem com alguém do sexo oposto, só serão aceitos como fiéis se permanecerem celibatários (isso é o que prevê também a Igreja Católica).
A Fé Baha'i tem tradicionalmente validado e aceito as descobertas da Ciência. Mas suas crenças a respeito da orientação sexual parecem constituir uma exceção a esta política. A Fé Baha'i não aceita as constatações da Ciência sobre orientação sexual, embora aceite qualquer outra descoberta científica. Dois pesos e duas medidas? Mais detalhes sobre a visão Baha'i da orientação sexual, acesse: http://www.religioustolerance.org/hom_bah.htm (apenas em inglês).

Teosofia (Sociedade Teosófica)

A Sociedade Teosófica foi fundada em 1875 pela mística russa Helena Petrovna Blavatksy. Trata-se de um grupo religioso sem dogmas que estuda comparativamente Ciência, Filosofia e Religião. Cada teósofo (ou “teosofista”, como querem outros) cria seu próprio caminho espiritual. Assim, a Sociedade Teosófica não impõe qualquer dogma a seus membros e de nenhum modo discrimina pessoas por causa de sua orientação sexual. Membros gays e lésbicas são aceitos como quaisquer outros membros da família humana. Tanto que não há um só trecho homofóbico nas obras de Helena Blavatsky ou de outros teosofistas proeminentes. As situações de homofobia envolvendo a Sociedade Teosófica se devem mais a ações isoladas de membros ignorantes e não a posicionamentos oficiais. Os estatutos da organização nem mesmo permitiriam que ela se manifestasse oficialmente sobre o assunto, positiva ou negativamente.
Por exemplo, há um certo preconceito quanto ao ingresso de membros homossexuais assumidos na chamada “escola esotérica”, um grupo mais fechado dentro da própria organização que pretende, por diversas práticas de “purificação”, contatar os Mestres ou Mahatmas da Fraternidade Branca. Entre estas “purificações” estão não comer carne, não fumar, não beber, não usar drogas, não mentir, não fazer intriga, não ser fanático e... não manter relações homossexuais(?!). A última determinação não está escrita em lugar algum na verdade, mas é tratada em muitos lugares como se fosse, já que, para fazer parte da “escola esotérica”, há necessidade de aprovação por membros mais antigos e pertencentes à mesma. Uma forma sutil de preconceito e de dizer: “os Mestres da Fraternidade Branca não aceitam homossexuais”. Absurdum est!

Zoroastrismo

A fé zoroastrista manifesta uma oposição histórica ferrenha contra o comportamento homossexual. Os textos de Zarathustra (ou Zoroastro) – os Gathas – silenciam sobre a homossexualidade ou bissexualidade. Mas o Vendidad, o livro zoroastrista da lei (escrito entre 250 e 650 d.C.), ainda seguido por algumas comunidades zoroastristas conservadoras, compara os homossexuais a demônios, quando diz:

“O homem que se deita com homens como um homem se deita com mulheres, ou como uma mulher se deita com homens, é o homem que é um Daeva [demônio]; este homem é um adorador dos Daevas, pois é um amante masculino dos Daevas.”

Um dos princípios que muito influenciam a condenação da homossexualidade é a importância da vida em família nesta fé. O zoroastrismo ortodoxo geralmente não aceita convertidos vindos de outras religiões. Eles devem ter uma mãe ou pai já praticante para serem aceitos na religião. Para preservar e expandir a religião, tanto homossexuais quanto pessoas celibatárias são desprezadas e pressionadas a se casar. Poucos zoroastristas demonstram tolerância quanto à homossexualidade, mas já existem alguns que a aceitam.

Maçonaria

Ainda que muitas organizações diferentes utilizem o termo “maçonaria”, ele é mais genérico do que se pensa. Há vários tipos de ordens maçônicas e cada uma tem seu posicionamento quanto a aceitação de homossexuais assumidos em seus quadros. Mas a homofobia nelas reina como em muitas religiões, embora a Maçonaria seja mais uma filosofia idealista que uma religião. No Brasil, a maioria das grandes ordens maçônicas é homofóbica. Há um setor muitto machista também, que é a Maçonaria masculina, que não permite o ingresso de mulheres. A Maçonaria mista, contrariamente, as aceita. Mas a Maçonaria masculina parece ser a mais forte politicamente.
Na época da apresentação do Projeto de Lei nº 1151-A/95, de autoria da Deputada Marta Suplicy (PT-SP), que pretendia legalizar o "casamento gay", mas que não chegou a ser apreciado pelo Plenário da Câmara dos Deputados, a maçonaria do Grande Oriente comunicou ao Deputado Severino Cavalcanti que seus 49 deputados votariam contra a aprovação do projeto. Membros da Igreja Católica, Igrejas Evangélicas, da Seicho-no-iê e até grupos espíritas se juntaram aos protestos. Este fato evidencia a opinião corrente da maçonaria brasileira.

O pecado bíblico de Sodoma

A seguir apresentamos as sempre invocadas passagens bíblicas que reprovariam a homossexualidade. Contudo, diversos teólogos – católicos e protestantes – têm contestado a interpretação homofóbica que se deu a elas.

Gênese 19.1-11 (a destruição de Sodoma e Gomorra): “(4)Ainda não se tinham deitado, quando os homens da cidade, os homens de Sodoma, desde os mais novos aos mais velhos, todos sem exceção, rodearam a casa [... e disseram:] "Trá-los para fora a fim de os conhecermos (...)." Ló ofereceu as suas próprias filhas virgens aos homens da cidade para evitar o confronto com os dois anjos que estavam hospedados em sua casa, mas de nada lhe valeu. Como o termo “conhecer” na Bíblia tem a conotação de “sexo”, se associou Sodoma ao ato sexual entre homens. Mas Sodoma e Gomorra não teriam sido destruídas por isso, mas por uma série de pecados, incluindo a “sodomia”.
Segundo C. Ann Shepherd, em “The Bible & Homosexuality”, embora o termo “conhecer” não implique diretamente sexo ou violação (o original hebraico significa “tomar conhecimento; verificar credenciais; ter sexo com”), no caso do trecho de Sodoma e Gomorra, parece que se deseja cometer um ato de violação contra os anjos na casa de Ló. Na verdade, o ato de violação homossexual era comum entre os semitas após as conquistas, como forma de humilhar o inimigo, que era, então, comparado a uma mulher (por ser passivo na relação). Isso comprova a posição inferior da mulher naquela época. Contudo, essa prática de violação não tinha carga sexual; era uma forma de humilhação, um estupro de fato, não transformava os estupradores em homossexuais, nem mesmo os soldados humilhados. Então, aqui a crítica não é contra a homossexualidade em si, mas contra essa forma de estupro humilhante. O que a Bíblia está condenando aqui é exatamente essa violação que os habitantes de Sodoma pretendiar perpetrar no caso dos anjos visitantes.

Ezequiel 16.49: “Eis em que consistiu o crime de Sodoma (...): orgulho, abundância de alimentos e insolências; estas foram as faltas que cometeu (...): não socorreram o pobre e o indingente (...).” Esse foi o pecado de Sodoma e não a prática homossexual! Mas só vê quem tem inteligência para estudar a Bíblia sem fanatismo!

Homossexuais na Bíblia?

Atualmente os teólogos se debatem sobre três grupos de trechos bíblicos que parecem referir-se a comportamentos homossexuais de personagens do povo de Israel. Apesar disso causar abominação dos fanáticos, os teólogos coerentes não deixam de perceber as entrelinhas dos textos. Referimo-nos à história de Ruth e Noemi, Davi e Jônatas, Daniel e Aspenaz. Apresentaremos os trechos com poucos comentários, para que o leitor faça seu julgamento:

Rute e Noemi (Rute 1.16-17 e 2.10-11): O livro de Rute descreve a amizade muito próxima entre estas duas mulheres. Noemi era viúva com dois filhos e Rute viúva de um dos filhos de Noemi. A passagem de 1.16-17 é, curiosamente, utilizada em muitos casamentos heterossexuais: “Respondeu Rute: 'Não insistas comigo para que te deixe, pois para onde fores, irei também, onde for tua moradia, será também a minha; teu povo será o meu povo e teu Deus será o meu Deus. Onde morreres, quero morrer e ser sepultada. Que Yahveh me mande este castigo e acrescente mais este se outra coisa, a não ser a morte, me separar de ti!'” Em Rute 1.14 aparece a expressão “Rute se apegou a ela”. Aqui, o hebraico para “apegou” é o mesmo utilizado no casamento heterossexual em Gênese 2.24: “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.”

Davi e Jônatas (I Samuel e II Samuel): Os livros de Samuel apresentam claramente a relação muito íntima entre Davi e Jônatas (filhodo rei Saul e primeiro na linha de sucessão). Em nosso livro “Elohê Israel – filosofia esotérica na Bíblia” (2001), fizemos uma análise dos trechos mais polêmicos, a partir do original hebraico:
“I Sm 18.1,3 diz: “Aconteceu que, terminando ele [David] de falar com Saul, a alma de Jônatas apegou-se à alma de David [venéfesh yehonathan niqsherah benéfesh davidh]. E Jônatas começou a amá-lo como a si mesmo [vaye'ehavehu yehonathan kenafsho]. (...) Jônatas fez um pacto com David, porque o amava como a si mesmo. Jônatas tirou o manto que vestia e o deu a David, e também lhe deu a sua roupa, a sua espada, o seu arco e o seu cinturão.” O termo “nefesh”, que se traduz por “alma” equivale também ao corpo na Cabala. Assim, a tradução incluiria o sentido: “(...) o corpo de Jônatas ligou-se ao corpo de David. E Jônatas começou a amá-lo como a seu próprio corpo.” Não se trataria de uma simples amizade, como nos tentaram fazer entender os redatores do livro de Samuel. Afinal, a lei deuteronomista não aprovava este tipo de relação, abominada por ser considerada prática pagã.
Analisemos mais alguns trechos sobre esta questão: “Ora, Jônatas, filho de Saul, tinha muita afeição [chafets] por David.” [I Sm 19.1] O termo “chafets” significa “gostar” e “desejar”. Devemos entender que Jônatas tinha “muito desejo por David”?
I Sm 20.17 diz que Jônatas “o amava com toda a sua alma”. As ambições dos dois talvez fossem maiores do que essa “amizade grega”, pois no momento em que Saul perseguia David, Jônatas o protegia de cada ataque, e disse, em I Sm 23.17: “Não temas, porque a mão de meu pai Saul não te atingirá. Tu reinarás sobre Israel, e eu serei o teu segundo. Até mesmo meu pai Saul bem sabe disso.” Seria possível que os dois reinassem juntos, caso Jônatas não tivesse sido morto em batalha? Para alívio dos ortodoxos, eivados de preconceitos e hipocrisia, esta é uma pergunta sem resposta.
Após a morte de Saul e Jônatas, David compôs uma lamentação (II Sm 1.19-27), onde, acerca do amigo, revela: “Jônatas, a tua morte dilacerou-me o coração, tenho o coração apertado por tua causa, meu irmão ['achí] Jônatas. Tu me eras imensamente querido, a tua amizade ['ahavathkhá] me era mais cara do que o amor das mulheres [me'ahavath nashim].” Há aqui um flagrante do receio de se traduzir corretamente um trecho pelas implicações que isso pode acarretar. O termo hebraico traduzido por “amizade” é o mesmo traduzido por “amor” das mulheres – é o termo 'ahavah, que significa “o amar, amor, amizade” e deriva do verbo 'ahev - “gostar, amar”. Assim , a tradução correta seria: “(...) o teu amor me era mais caro do que o amor das mulheres”! Fica claro, pela palavra usada, que David se refere ao mesmo tipo de amor, o do companheirismo de um relacionamento! Por isso o chama de “'achí”, que, além de “meu irmão”, significa “meu companheiro”.”
Há ainda outro trecho em I Samuel 20.41: “E, indo-se o moço, levantou-se Davi do lado do sul, e lançou-se sobre o seu rosto em terra, e inclinou-se três vezes; e beijaram-se um ao outro, e choraram juntos, mas Davi chorou muito mais.”


Daniel e Asfenez (Daniel 1.9): Asfenez era o chefe dos eunucos de Nabucodonosor, rei da Babilônia. Daniel era um dos eunucos escolhidos entre o povo de Israel. O trecho diz: “Ora, Deus fez com que Daniel achasse graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos.” A Bíblia de Jerusalém (1973) traduz “graça e misericórdia” por “benevolência e simpatia”. A Bíblia do Rei James (1611) traduz “misericórdia” por “amor carinhoso”. Isso porque as palavras hebraicas envolvidas (ĥesedh u-le-raĥamiym) têm sentido duplo, já que uma das traduções possíveis é “misericórdia e amor físico”. O termo “ĥesedh” pode significar “solidariedade, lealdade, amizade, comprometimento; fidelidade, bondade” e “raĥamiym”, “vísceras, entranhas; sentimento materno; compaixão, misericórdia”. Contudo, como ambos eram eunucos, não poderiam consumar seu amor, apesar de homens castrados após a puberdade ainda manterem o desejo sexual.
Como se pode ver, a questão é complexa. Mas a palavra homossexual não aparece em nenhuma tradução da Bíblia até 1946. Apenas quando o assunto se tornou um problema para os fanáticos é que a palavra foi incluída nas traduções da pretensa “Palavra de Deus”. Afinal, Deus não têm sido um marionete na mãos dos fundamentalistas?

Apenas os heterossexuais são pessoas religiosas e “espiritualizadas”?

A pergunta é provocativa, não é mesmo? Mas a realidade é pior ainda. Há muitos homossexuais, lésbicas e bissexuais praticando espiritualidade, seja no meio das religiões instituídas, seja no meio da chamada “nova espiritualidade” e do movimento nova era. Entre as grandes religiões, as que têm se demonstrado menos opressivas são o Budismo e as religiões afrobrasileiras, como o Candomblé e a Umbanda. Por isso mesmo a grande quantidade de praticantes gays entre elas. Entre os grupos místicos e espiritualistas os menos homofóbicos – pelo menos oficialmente – são as comunidades Wicca, os grupos teosóficos e alguns grupos independentes, onde a homofobia é inexistente por força de seus diretores, geralmente homossexuais ou pessoas conscientes.
A verdade é que muitos homossexuais, lésbicas e bissexuais encontram sérias dificuldades para a prática espiritual profunda, devido ao preconceito embutido nos textos de base de muitas práticas e, principalmente, na mentalidade de seus líderes. O fundamentalismo é, quase por natureza, homofóbico. No caso de muitas religiões, é também misógino, colocando a mulher numa posição inferior (os homossexuais em posição mais inferior ainda, por serem comparados com as mulheres).
A espiritualidade do 3º Milênio não pode ser nem machista, nem misógina, nem homofóbica. Se 10% da humanidade não é heterossexual, como fica a espiritualidade dos “diferentes”? Se deve ignorá-los simplesmente? Ou combatê-los, como se fossem culpados de sua orientação sexual, que mais parece uma característica desconhecida da Natureza do que uma questão de vontade ou opção? Devemos é combater a ignorância dentro de nós e não nossos irmãos, que sofrem as mesmas dores conosco todos os dias, num mundo faminto, miserável, ambientalmente destruído e violento. Esses são os verdadeiros problemas a serem combatidos pelas pessoas sinceramente religiosas ou espiritualizadas. O resto é deplorável, mas não é espiritualidade. Por isso consideremos as questões ligadas à sexualidade como a última fronteira a ser eliminada na prática religiosa e espiritual.

Alguns links e websites religiosos que debatem a livre expressão sexual

Judeus Gays (www.jgbr.com.br);
GLEXTJ [gays Testemunhas de Jeová] (www.glextj.locaweb.com.br);
Ascensus [Grande Fraternidade Branca] (http://ascensus.site.uol.com.br);
Deus e Homossexualidade (http://homossexualidade.site.uol.com.br);
O Ministério de Nutrição da Alma (www.soulfoodministry.org/Port_index.htm);
Igreja da Comunidade Metropolitana no Brasil (www.icmbrasil.com.br);
Gays de Cristo (www.gaysdecristo.hpg.ig.com.br);
Budismo e Homossexualidade (www.vertex.com.br/users/san/vehomo.htm);
Os Excluídos da Igreja (http://excluidos.no.sapo.pt);
E-Deus (www.edeus.org/port/Perg14REIBR.htm);
Comunidade Nova Esperança (www.comunidadenovaesperanca.org);
Affirmation – Português (www.affirmation.org/international/portugues.asp);
Homos – Budismo (www.geocities.com/echo2000br);
Companheiros Cristãos (www.geocities.com/companheiroscristaos).

Link da postagem original: http://revistahorizonte.blogspot.com/2007/05/liberdade-de-expresso-sexual-ltima.html