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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Carta Aberta da RENACI-LGBT ao Povo Brasileiro contra Marco Feliciano


Por RENACI-LGBT (A RENACI/LGBT – Rede Nacional pela Cidadania LGBT, um coletivo nacional de militantes LGBT independentes, divulga Carta Aberta à população Brasileira rechaçando mais uma vez o Deputado Pastor Marco Feliciano - PSC/SP. Postado originalmente em http://atos420.blogspot.com.br/2013/04/carta-aberta-ao-povo-brasileiro.html)



Carta Aberta ao Povo Brasileiro


O Brasil vive um momento especialmente doloroso.

Assistimos boquiabertos e em espírito de luta a um ataque sem tréguas e sistemático aos Direitos Humanos em nosso país. Direitos Humanos dizem respeito a todos nós, nossos familiares, nossos pais, nossos filhos, vizinhos, amigos, transeuntes na rua, desconhecidos; ao rapaz engraçado da padaria, à moça educada da farmácia, ao simpático cobrador de ônibus, ao padre de nossa paróquia, ao pastor de nossa igreja evangélica ali na rua de trás, à mãe de santo que benze nossos afilhados quando estão de bucho virado, ao senhor que mal fala o português, ao que fala muito bem a nossa língua e por qualquer pessoa que possa passar por nossa cabeça.

2013, Brasil:  O Pastor Marco Feliciano (PSC – SP) assume a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e utilizando-se da fácil penetração que obtém entre as massas começa a produzir um crescente levante contra as liberdades religiosas e individuais no Brasil. Se na Nigéria e em diversos outros países onde existem uma minoria cristã a intolerância religiosa já dizimou milhares de vidas, por aqui a coisa poderá ficar igual ou pior do que nos países sem predominância cristã.

Não, não estamos exagerando. A morte de Pais de Santo e fechamento de Terreiros de Umbanda e Candomblé é incentivada por Marco Feliciano. Em vídeos amplamente divulgados na Internet, ele diz: "Profetizo o sepultamento dos pais de santo. Profetizo o fechamento dos terreiros de macumba." Não contente, ele ataca também a Igreja Católica : "Eu conheço o Deus de Paulo (São Paulo). Não é o Deus dessa religião morta e fajuta em que você está. Se há algum católico entre nós aqui, o que eu duvido muito, mas, se tiver, deixa eu explicar uma coisa. Primeiro: você não pode sentir aquilo que nós sentimos sem experimentar o Deus que nós sentimos. 'Não, pastor, não, pastor, mas eu sou carismático. Eu até aprendi a falar em línguas, colocaram uma fita no rádio e eu decorei.' Esse avivamento é o avivamento de Satanás”.

Marco Feliciano vai mais longe, ele ataca mulheres, negros, homossexuais, católicos, políticos que verdadeiramente lutam pelos Direitos Humanos  e qualquer pessoa que não partilhe de sua crença evangélica. Ataca artistas como John Lennon, Mamonas Assassinas e Caetano Veloso.

Desta forma, Marco Feliciano põe em xeque todas as grandes conquistas sociais dos últimos 60 anos. Com um pensamento opressor ele estimula o machismo, o racismo, a homofobia e a misoginia (ódio à mulher) e divide o Brasil em dois grupos: De um lado, armados com versículos bíblicos fora do contexto histórico em que foram apresentados, ficam os que acatam calados seus desmandos contra o segundo grupo que é composto por minorias que já são fragilizadas por inúmeras injustiças históricas ocorridas de forma criminosa e que lentamente tem conseguido seus direitos de forma dolorosa e suada, conquistas alcançadas através de muito suor, sangue e lágrimas.

Além disto, no âmbito político, Feliciano tem abusado de mentiras na tentativa de jogar seus fiéis contra o movimento que deseja vê-lo fora da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Sua assessoria tem lançados vídeos e frases fraudulentas a Deputados que são contrários às suas bizarrices. Uma das vítimas é o Deputado Federal Jean Wyllys, que tem sido caluniado com frequência, e a ele são atribuídas frases que apoiariam a pedofilia e o ódio ao cristianismo. Em uma delas, Feliciano diz que Jean Wyllys defendeu a pedofilia na Radio CBN o que foi prontamente desmentido pelo Grupo em sua página oficial na Rede Social Facebook. Ele também agride fisicamente, através de seguranças e da Polícia Legislativa,  manifestantes que se colocam contra ele nas reuniões da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

E por tudo o exposto, através desta, viemos em tom de denúncia e suplica ao Povo Brasileiro que entre nesta luta conosco contra Marco Feliciano e a Ditadura Fundamentalista que ele deseja implantar no Brasil.

Na tentativa de criminalizar o movimento, Feliciano usa de artifícios fajutos para jogar a população evangélica e cristã contra nós inresignados brasileiros. Não somos contra qualquer religião, nosso movimento é pluralista, agrega todas as religiões e crenças, bem como todas as identidades de gênero e orientações sexuais. Existem diversos praticantes do cristianismo entre nós!

Outras ações de cunho Fundamentalista estão sendo tomadas no sentido de calar e tolher os Direitos Humanos de quem não compartilha das ideias desse setor evangélico sectário. A Bancada Fundamentalista da Câmara dos Deputados propôs proposta de emenda constitucional, que está em tramitação na casa, permitindo que Igrejas contestem a constitucionalidade de Projetos de Lei aprovados no Congresso Nacional junto ao Superior Tribunal Federal; há outra proposta de emenda à Constituição que subordinará as decisões do STF sobre constitucionalidade de leis a um aval do Congresso, assim, caso uma Lei que vá contra os desejos fundamentalistas sejam vistas como constitucionais pelo STF e que a Bancada Fundamentalista não deseje que ela seja válida, poderá retornar ao Congresso e ser derrubada. Isto torna-se um perigo real se lembrarmos que a Bancada Fundamentalista barra todo e qualquer projeto de lei ou ato normativo que protejam os mais básicos direitos das pessoas LGBTs, tais como a criminalização da homofobia e transfobia, o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, parceiro como dependente do INSS, direitos sexuais e reprodutivos da mulher, direito de religiões minoritárias, prevenção às DST/AIDS, educação contra a homofobia e transfobia junto a jovens e crianças, entre outros projetos de relevantes para a igualdade entre todos os brasileiros e brasileiras, independentemente de sexo, gênero, orientação sexual, identidade de gênero, raça, condição social, religião, origem. Além de perniciosos no que diz sobre Direitos Humanos, estes projetos atacam diretamente a independência assegurada ao Judiciário por meio da histórica e clássica regra da separação três poderes no Brasil.

Não desejamos que seja tolhido nosso direito de escutar a música que desejarmos, de torcer pelo time que amamos. Queremos continuar a tomar nossa cerveja nos fins de semana, depois de muitos dias de trabalho. Desejamos poder ir ao culto religioso que acalente nossos corações sem medo. Queremos amar as pessoas e casar com quem desejarmos sem o medo de sermos mortos ali na esquina. Quero poder cumprimentar a benzedeira que cuida de nossas mazelas, quero saber que ainda teremos cultura indígena no Brasil. Não desejamos que se ofendam por sua cor, raça, sexo, religião, orientação sexual, gosto musical, identidade de gênero ou qualquer outro quesito. Somos todos iguais perante a Lei e não pode haver divisão de classes entre melhores e piores. Marco Feliciano não deseja isto, ele deseja uma Ditadura Religiosa e Fundamentalista no Brasil.

Não somos o movimento LGBT, como ele quer fazer crer. Aliás, também somos o movimento LGBT, mas, somos também homens, somos mulheres, somos negros, somos brancos, somos católicos, somos evangélicos, somos budistas, somos harekrishnas, somos umbandistas, somos candomblecistas, somos ciganos, somos trabalhadores, somos estudantes, somos heterossexuais, somos homossexuais, somos bissexuais, somos transexuais, somos travestis, somos assexuados, somos férteis, somos inférteis, somos corintianos,  somos palmeirenses, somos vascaínos, somos flamenguistas, somos atleticanos, somos crianças, somos adolescentes, somos idosos, somos desempregados, somos gordos, somos magros, somos soropositivos, somos deficientes, somos brasileiros, somos estrangeiros, somos você! Somos iguais a você!

Somos um Brasil contra o Fundamentalismo de qualquer religião. E não desejamos ver nenhum massacre como os que estão acontecendo em países não-cristãos! Não queremos esta reprodução.

O Brasil é o país do futuro e por isto é o país do amor e da tolerância! Junte-se a nós!

 
RENACI–LGBT Rede Nacional Pela Cidadania LGBT

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Nota da ANNEB – Aliança de Negras e Negros Evangélicos do Brasil contra o fundamentalismo religioso


Postado por Prª. Wall e Pr. Will em 14 abril 2013 às 17:30 (postado originalmente em http://negrosnegrascristaos.ning.com/profiles/blogs/anneb-ltimos-acontecimentos-em-torno-da-elei-o-da-presid-ncia-da e reproduzido aqui pela relevância) 



NOTA PÚBLICA Nº 01 - 2013 

Tema: Últimos acontecimentos em torno da eleição da Presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal

Assunto: Pronunciamento


Nós, da ANNEB – Aliança de Negras e Negros Evangélicos do Brasil vimos reafirmar o nosso compromisso com as Sagradas Escrituras (AT e NT), cujos valores inspiram a nossa luta contra toda e qualquer forma de discriminação à dignidade humana. O próprio Senhor Jesus Cristo, em seu evangelho, nos constrange a buscar entre todas as pessoas e de forma integral (Corpo, Alma e Espírito) uma vivência marcada pelo amor, pela justiça e pela paz, como testemunho autêntico de fé e compromisso com o seu Reino, principalmente com aquelas e aqueles que são consideradas e considerados mais vulneráveis em nossa sociedade.

Afinal, como bem diz o evangelho de Lucas 9.56 “O Filho do homem não veio para destruir as almas das pessoas, mas, para salvá-las”. Consequentemente, Jesus Cristo, por não fazer acepção de pessoas, convida a todos à vida plena, ao continuar dizendo: “Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei” (Mt.11.28).

Isto posto, é nesse espírito de paz, justiça e amor que, de forma firme e irrevogável, nós, afiliadas e afiliados da ANNEB, repudiamos veementemente os pronunciamentos injuriosos contra as mulheres, os afrodescendentes e os homossexuais, proferidos pelo atual Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal.

Justificativa:

Nós, brasileiras e brasileiros, formamos um povo plural do ponto de vista étnico-racial. A diversidade assim compreendida é pauta atual e imprescindível nas relações sociais, institucionais e religiosas. Ao mesmo tempo é tão antiga como a imagem do corpo utilizada por Paulo (I Cor. 12.12), a qual evidencia a importância das diferenças das partes e a igualdade de valor de todas para o bom funcionamento do corpo, mesmo diante de classificações preconceituosas como: esta parte é melhor ou mais nobre que outras.
Embora afirmemos o ensino bíblico de que Deus criou a mulher e o homem e que esta é a sexualidade reconhecida pelas Igrejas Evangélicas, respeitamos o direito de escolha das pessoas homoafetivas, visto que vivemos numa sociedade democrática. Todavia, entendemos serem também inalienáveis os direitos iguais aos evangélicos no que tange à opção pela heterossexualidade.

Com efeito, o impasse que ora se estabelece na sociedade exige de todos nós, serenidade, maturidade e, sobretudo, responsabilidade em nossos discursos. Por isso, lamentamos a falta de preparo científico e amor fraterno do atual Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, ao se pronunciar sobre temas, que no mínimo, nos convida a uma reflexão mais criteriosa.

A propósito, segundo Freitas, Arantes e Perilo (2010), essa possível virada icônica; hetero-homo; deve ser vista tanto no sentido da sexualidade-afetiva, quanto numa perspectiva política. De certa forma, a homossexualidade é também uma proposta de reorganização social, implicando em remanejo do capital econômico. Nesse sentido, o movimento homossexual deixa de ser visto como uma mera reação ao moralismo e passa a ser uma resposta à repressão e à exploração perpetrada por um sistema econômico patriarcal que junto com a modernidade já dá sinais de exaustão. Por aí se vê, que meros reducionismos ou mesmo, a violência verbal, não servirão em nada para dignificar o debate democrático. Isto posto, entendemos que precisamos de um moderador, cujo perfil esteja profundamente comprometido com a diversidade cultural e religiosa do nosso país. Não vemos esse perfil na atual presidência.

Reconhecemos que o racismo, os preconceitos e as discriminações são tratados nas igrejas e nas instituições evangélicas como tabu e com restrições. O assunto tem ensejado idéias de demonização e negativismo a respeito do povo negro e de seus costumes e tradições. Um exemplo disso são as afirmações do atual Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, primeiro, atribuindo uma pseudo-maldição bíblica sobre as e os afro-descendentes, o que se constitui tanto uma perversidade, quanto um desrespeito crasso da exegese bíblica. Em tempo, a interpretação de textos sagrados a serviço da política ou mesmo da dominação e do controle social, não tem sido incomum na história da humanidade.

Nesta mesma linha de raciocínio, segue a segunda afirmação do Presidente em apreço, reforçando as representações machistas, ao propor a negação de direitos iguais às mulheres.  Certamente, o mesmo não conhece a realidade das mulheres brasileiras, a começar de sua própria comunidade de fé. Não sabe que no país em que vive, mais da metade das famílias são monoparentais, chefiadas por mulheres. O nobre Senhor, não acompanha os jornais que diuturnamente demonstram que nossas mulheres estão sendo assassinadas. Certamente, o mesmo não tem tido interesse de acompanhar os últimos relatórios do Conselho Mundial de Igrejas que demonstram que “68% dos atendimentos a mulheres vítimas de violência, a agressão aconteceu na residência”.

Portanto, é inadimissível um parlamentar tão inconsequente em seus discursos os quais certamente, não representa as evangélicas e os evangélicos, as brasileiras e os brasileiros, incluindo católicas e católicos, comprometidas  e comprometidos com uma vivência consciente dos valores do Reino de Deus (Paz, Justiça e Amor).

Nós da ANNEB entendemos, portanto, que dependendo da epistemologia cultural que uma dada sociedade alimente, haverá ou não respeito com a diversidade cultural de suas cidadãs e de seus cidadãos. E as religiões reúnem universos culturais simbólicos altamente diversos, por isso, a discussão dos direitos humanos certamente passa também pelo viés religioso. Do contrário, como bem nos lembra (Leitão e Vieira, 2010), “resta-nos a astúcia da ideologia da guerra e da classe oposta à outra”.


Referências

FREITAS, Fátima Regina Almeida; ARANTES, José Estevão Rocha; PERILO, Marcelo de Paula Pereira. Combatendo o preconceito: Discriminação e homofobia – Curso de Especialização, Diversidade Cultural e Cidadania, Universidade Federal de Goiás, 2010.

INFORMATIVO REGIONAL DA IGREJA METODISTA. 5ª RE. Ano 16. Janeiro-Fevereiro de 2013.

LEITÃO, Rosani  Moreira e  VIEIRA, Marisa Dama. Diversidade cultural e Cidadania In CIAR (Centro Integrado de Aprendizagem em Rede, UFG), 2010.

 
Assessoria:
Rev. José Roberto Alves Loiola
Relatoria Ministerial

Encaminhada para ANNEB-DF em 02/04/2013.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Uma veste, um culto e um pouco de teologia – A assustadora ideia de um homossexual com poder


Por André Musskopf [publicado originalmente em http://andremusskopf.blogspot.com.br/2013/04/uma-veste-um-culto-e-um-pouco-de.html]


Uma das frases e cenas de que mais gosto no filme Milk – A voz da igualdade é quando ele (Milk) tem uma vitória na Câmara dos Conselheiros garantindo-lhe poder de negociação com o Prefeito. Pensativo, ele diz: “Um homossexual com poder... isso é assustador”. Isso não deixa de ser verdade para qualquer espaço de atuação, inclusive na Igreja. Há várias formas de se materializar o poder que alguém detém ou supõe-se que detenha. Embora não seja essa a sua função, não é incomum no senso comum ou mesmo em algumas teologias bastante questionáveis, atribuir-se poder a alguém, preferencialmente aos homens, quando em trajes especiais como albas, batinas, talares, camisas com gola clerical e outros modelos com nomes mais complicados e aparências ostentatórias. O terno e a gravata também entram nesse rol de “vestes de poder”, embora o argumento para usá-lo ao invés de vestes litúrgicas mais tradicionais seja comumente o de se vestir de maneira comum para justamente não reafirmar a diferença entre o ministro (autoridade) e a comunidade (leiga). Mas e quem é que, no meio do povo, usa terno e gravata em seu cotidiano? O fato é que, mesmo que concordemos que a roupa, ou no caso as vestes litúrgicas, não conferem nem representam um poder especial à pessoa no exercício de tarefas ministeriais, há um poder simbólico que não passa despercebido.

Isso fica mais evidente quando se trata supostamente de um “gay” e, ainda mais, “um militante da causa gay”. Um homossexual usando uma veste litúrgica e co-celebrando um culto... isso sim é assustador! – para algumas pessoas. É fato que para os mais em dia com as discussões teológicas sobre ordenação ao ministério eclesiástico, ministério geral de toda pessoa crente, culto cristão e outras questões relacionadas não há nenhum problema teológico ou dogmático em um “gay” ou mesmo um “militante da causa gay”, batizado e membro da Igreja co-celebrar um culto usando veste litúrgica semelhante aos/às demais celebrantes. Afinal, a veste litúrgica tem única e exclusivamente a função de identificar as pessoas responsáveis e ministrantes de uma celebração litúrgica, sem lhe conferir nem poder ou status especial diante da comunidade que compõe o corpo de Cristo, sem nenhuma distinção de mérito. Ainda assim, mais do que a ideia a imagem de algo dessa natureza tem aparentemente um poder simbólico sobre quem se depara com o fato de que algo assim pode acontecer.

Alguns/as podem dizer “é assim que deve ser”; “eu sinto a presença do Espírito Santo”; “é tão bom ver isso acontecer”; “esse é o seu lugar”; e outros/as podem dizer que “isso é um escândalo”; que “a Igreja não deveria permitir”; que “isso é uma falta de ética”; que é “como Renan Calheiros estar na Comissão de Ética: é regulamentarmente correto, porém eticamente equivocado” (será que diríamos o mesmo a respeito do Deputado Marco Feliciano na presidência Comissão de Direitos Humanos e Minorias?). E como nossa teologia não alcança para questionar a participação litúrgica de um gay (e militante) num culto cristão, poderíamos sair em busca de uma outra justificativa que dê algum alento para a assustadora imagem que essa realidade evoca – um homossexual com poder. Invoquemos a tão abusada (e necessária) ética e teremos uma racionalização teológica capaz de impedir o triunfo apocalíptico da aberração final de nosso bem religioso mais precioso. Será?

Meus senhores! Até nisso uma tal teologia não alcança. Se adentrarmos no campo da ética cristã, por exemplo, teremos que colocar as nossas cartas na mesa. O repetir de versículos bíblicos ou a invocação do tão caro princípio protestante sola Scriptura é apenas um mascaramento para a falta de traquejo no campo da ética teológica. Afinal, nenhuma ética cristã se sustentaria, começando pelas Escrituras Hebraicas ou mesmo apelando exclusivamente para o Testamento Cristão (antes ou depois do processo de canonização), sem o diálogo com os dois mil anos de cristianismo e, principalmente, com os desafios colocados a cada nova geração – ou seja, a experiência real e cotidiana de cristãos/ãs e suas experiências de fé. Talvez mesmo os/as luteranos/as mais ortodoxos/as não exatamente compreendam o que significa o princípio sola Scriptura no contexto da teologia luterana (para me manter nessa linha específica do pensamento teológico). Até mesmo aí teríamos que entrar no campo da história da interpretação do texto bíblico e utilizar as ferramentas disponíveis para a sua compreensão no contexto mais amplo das relações e formas de conhecimento contemporâneas. É... dá um certo trabalho. Mas falar de ética implica pelo menos nisso, assim dizem os currículos das instituições teológicas por aí. E ainda assim, seria necessário discutir em que consiste a falta de ética nesse caso específico – da expressão simbólica de um homossexual com poder co-celebrando um culto cristão.

Se tivermos acordo sobre o que implica a participação numa prática litúrgica (no caso um culto eucarístico) conforme descrito acima, a falta de ética não estaria na simples participação. Como no caso de Renan Calheiros, reconheceríamos a legitimidade regulamentar (talvez dogmática e doutrinária) dessa participação. A falta de ética estaria, então, em algo anterior, ou seja, no fato de ser “um gay”, “militante da causa gay”, a aceitar tomar parte em tal evento e considerando tais condições. Mais do que isso, a falta de ética talvez não estivesse nem no fato de “ser” um gay, mas muito mais no fato de ser um “militante da causa gay” - e mais uma vez estamos muito mais no campo do poder simbólico do que do poder efetivo, afinal, na prática, “um gay”, “militante da causa”, tem pouco ou nenhum poder efetivo numa estrutura institucional que nega a sua existência ao se negar a dialogar com e sobre a mesma, mesmo quando emite (e nisso concordaríamos) documentos teologicamente frágeis e politicamente irrelevantes.

Fiquemos, por ora, no campo do poder simbólico. O que há de anti-ético, do ponto de vista da ética teológica cristã em “ser gay” e “militar na causa gay”? Como discutido acima, no campo da discussão ética, seria necessário muito mais do que alguns versículos bíblicos para estabelecer um posicionamento conclusivo a esse respeito (como, aliás, nem muitas igrejas tem feito), sem discutir o tema do ponto de vista da história (inclusive da interpretação bíblica) e da realidade concreta de pessoas (inclusive batizadas e membros da Igreja) no atual momento histórico. Não me parece, do que tenho visto por aí, que exista algum posicionamento eticamente sustentável quanto ao caráter anti-ético de ser ou militar na causa gay (dentro ou fora da igreja), mas eu certamente estaria aberto a discutir essas questões. No caso específico do exercício do ministério ou de funções ministeriais (como é o caso de uma celebração litúrgica) talvez o mais assustador seja que um homossexual não se apresenta para dita ocasião vestindo um “talar rosa”, pois muitos/as já ouviram falar acerca de um livro que eu mesmo escrevi e onde discuto a questão de “homossexuais e o ministério na igreja”. Embora tenham ouvido falar, se guardam em seu imaginário e em suas fantasias a ideia de que um gay, militante, defendesse (pelo simples fato de ser gay e militante) o uso de um dito “talar rosa”, seguramente não leram o livro e muito menos estão em condições de fazer julgamentos pseudo-éticos sobre a participação de um homossexual, usando vestes litúrgicas, num culto cristão. Afinal, é muito mais assustador se um homossexual se apresenta para essa tarefa sem a marca de sua exclusão (o talar rosa), mas apenas como um de nós, pois assim, qualquer um de nós poderia ter a sua sexualidade questionada. E então, já nem é mais de ética que estamos falando.

Deve ser mesmo assustadora a imagem de um homossexual de vestes litúrgicas co-celebrando um culto para quem se agarra e defende as estruturas de poder (mesmo eclesiásticas) que continuam pervertendo o Evangelho de Jesus Cristo e a Palavra de Deus. De minha parte, agradeço a Deus pelas bênçãos e peço coragem e lucidez na caminhada. Pois mesmo quando me canso de fazer essas conversas tendo em vista a falta de capacidade reflexiva e crítica de alguns/as, ao fazê-lo, me relembro porque dediquei tanto da minha vida ao estudo da teologia e como é delicioso o trabalho teológico quando se deixa Deus atuar e nos surpreender.


Sobre o autor

André Musskopf é teólogo luterano. Bacharel, Mestre e Doutor em Teologia pela Escola Superior de Teologia (EST). Área de Concentração: Teologia Sistemática. Pesquisador nas áreas de: Estudos Feministas, Teorias de Gênero, Teoria Queer, Masculinidade, Homossexualidade e Diversidade Sexual, na sua relação com Religião e Teologia. Mora em São Leopoldo - RS.
Blog: http://andremusskopf.blogspot.com.br - Contato: asmusskopf@hotmail.com

terça-feira, 9 de abril de 2013

Ato Canoense de Repúdio a Marco Feliciano

Por Coletivo LGBT e Simpatizantes de Canoas



Ato Canoense de Repúdio a Marco Feliciano

No dia 12 de abril, Canoas mostrará que é contra todas as formas de discriminação. Manifestação Fora Feliciano movimentará vários grupos discriminados na Praça do Avião.


09 de abril de 2013, Canoas - A exemplo do que já acontece desde março em todo o Brasil, Canoas mostrará nesta sexta-feira (12) que Feliciano não a representa! O Ato Canoense de Repúdio a Marco Feliciano está sendo organizado pelo Coletivo LGBT e Simpatizantes de Canoas, com apoio de diversos setores da sociedade civil, religiosos de matriz africana, ONGs de ativismo LGBT, Escolas de Samba e todos os indignados com o preconceito que Marco Feliciano representa.

Ele não é o único, mas representa em seu discurso radical todas as formas de discriminação presentes em nosso país. Suas declarações têm atingido negros, mulheres, homossexuais e minorias religiosas.

Algumas frases de Feliciano: “Africanos descendem de ancestrais amaldiçoados por Noé, isso é fato” - “Eu profetizo a falência do reino das trevas. Profetizo o sepultamento dos pais de santo. Profetizo o fechamento dos terreiros de macumba. Profetizo a glória do Senhor na Terra.” - “A podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, a rejeição.” - “A AIDS é o câncer gay.”

É em repúdio a estas formas cruéis de preconceito que vários movimentos sociais de Canoas se manifestarão. A concentração será a partir das 17h no Calçadão e, em seguida, haverá uma caminhada até a Praça do Avião, onde a sociedade civil se manifestará.

Assinam o Ato de Repúdio:

- Coletivo LGBT e Simpatizantes de Canoas;
- Movimento Espiritualidade Inclusiva;
- Gabinete do Vereador Paulinho de Odé;
- ONG Parceiros da Diversidade;
- FAUERS (Federação Afro-Umbandista Espiritualista do RS);
- UNIAXÉS (Movimento pela União dos Axés);
- Escola de Samba Rosa Dourada;
- Escola de Samba Acadêmicos de Niterói.

Coletivo LGBT e Simpatizantes de Canoas
Fones: (51) 8416-6063 (Flávio Paim); 9217-5164 (Paulo Stekel); 9583-0205 (Ver. Paulinho de Odé)


terça-feira, 12 de março de 2013

Em Declaração, Colegiado Buddhista Brasileiro (CBB) repudia racismo e homofobia de Marco Feliciano

Por Espiritualidade Inclusiva



No dia de hoje (12 de março), o Colegiado Buddhista Brasileiro (CBB), entidade que congrega as principais lideranças budistas brasileiras, lançou uma Declaração Pública em que expressa profunda preocupação pela indicação e nomeação do Deputado Pastor Marco Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

O texto inicial, devido a um lapso não-esclarecido, mencionava o racismo do pastor deputado, mas não fazia menção mínima à homofobia deste. Alertado por diversos praticantes budistas de várias linhagens e pelo Movimento Espiritualidade Inclusiva, através de seu coordenador geral, Paulo Stekel, que é budista vajrayana, no final da tarde desta terça-feira o CBB reconheceu o lapso e a Declaração foi prontamente corrigida, desta vez fazendo referência direta à homofobia de Marco Feliciano.

Postamos abaixo, o texto atualizado e completo do Colegiado Buddhista Brasileiro (os grifos são nossos), conforme postado originalmente em http://www.opicodamontanha.blogspot.com.br/2013/03/declaracao-publica-do-cbb.html:


Declaração Pública

O Colegiado Buddhista Brasileiro (CBB) vem nesta expressar sua profunda preocupação com a indicação e com a nomeação do Deputado Marcos Feliciano (PSC) para a diretoria da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da câmara. 

Nossa preocupação se deve ao inequívoco discurso intolerante e alienador que caracteriza as ideias do referido deputado. Suas palavras e atitudes de fundo racista e segregador o tornam um claro exemplo de tudo o que deveria ser denunciado pelo mais importante órgão de promoção e defesa dos direitos humanos em nosso país. Que as lideranças políticas brasileiras, por força de omissão ou deliberada troca de favores, permitam a tal pessoa assumir a coordenação da CDHM, demonstra um preocupante cenário de alienação ética no Brasil.

Acreditamos que a pregação do ódio contra quaisquer grupos étnicos, comunidades sociais ou instituições religiosas motiva com frequência atos de violência contra indivíduos e contra essas mesmas organizações e minorias. O CBB entende que, ao citar "comunidades sociais" deve-se considerar quaisquer grupos e comportamentos que não violentam os direitos alheios, entre os quais a comunidade LGBT. O CBB rejeita implicitamente as declarações homofóbicas do deputado citado juntamente com todas as outras manifestações discriminatórias. Esta cultura de ódio e fanatismo, sendo ela mesma fruto de uma profunda falta de consciência e grande desrespeito humano, torna-se ao final desse processo destrutivo e ignorante um câncer a devorar mentes e corações em todas as camadas sociais, atingindo a todos sem exceção. Tais práticas são essencialmente incompatíveis com qualquer proposta construtiva e unificadora para toda sociedade humana fundamentada em direitos e liberdades, base do estado laico e do próprio estado de direito.

O Colegiado Buddhista Brasileiro, fundamentado na tradição do Dharma de Buddha, entende que o bem comum em uma sociedade somente prevalece quando suas instituições políticas e sociais são capazes de criar condições para que o diálogo, a compreensão, a compaixão, a justiça social e o verdadeiro exercício da tolerância sejam não apenas possíveis a todos os seus cidadãos, mas adequadamente exemplificados pelos seus mais altos representantes.

Neste sentido, a atual condição da gestão política brasileira tem reiteradamente sido um demonstrativo de grave desprezo aos mais fundamentais elementos éticos e de justiça ao permitir que indivíduos alienados em suas crenças pessoais e tacanhos em suas opiniões assumam posições em que a consciência, o equilíbrio e a clareza de visão são qualidades essenciais.

É preciso que haja uma real mudança de atitudes no congresso brasileiro, e que os direitos humanos sejam exercidos e definidos com sabedoria e correção. A nomeação do deputado Marcos Feliciano apenas reflete a medíocre interpretação dos modos e fundamentos que integram o conceito legislativo da sociedade brasileira por parte de seus representantes políticos. Ela também simboliza a assustadora corrupção de valores que domina os poderes políticos atuais em nosso país, que distorce a democracia para favorecer interesses escusos. 

O Brasil, já há muito tempo, é liderado e legislado por parcialidades. Doutrinas populistas e manipuladoras da ignorância e das carências sócio-educacionais neste país estão cada vez mais assumindo nichos políticos essenciais, e defendendo por meio de suas visões particulares a sustentação da cobiça dos poderosos. 

O CBB repudia esta cultura da mediocridade, este desrespeito aos valores de consciência e coerência que grassa na sociedade brasileira, e conclama aos seus representantes políticos a terem mais visão e dignidade, mais honestidade e valor humano. Que seja revertida a nomeação do deputado Marcos Feliciano para coordenação da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara, e que seja realizada uma ampla reforma ética nas ações políticas de nosso país.

Colegiado Buddhista Brasileiro

Diretoria

Presidente Rev. Shaku Haku-Shin

Rev. Genshô Sensei

Dhammacariya Dhanapala

Shaku Hondaku

Rev. Miklos Kômyô

Presidente do Conselho do CBB

Rev. Prof. Dr. Ricardo Mário Gonçalves

Conselho

Lama Chagdud Khadro

Rev. Monge Rinchen Khienrab

Rev. Heyla Downey

Ven. Uttaranyana Sayadaw

Rev. Shaku Sogyo

Rev. Monja Sinceridade

Rev. Coen Sensei

segunda-feira, 11 de março de 2013

Vídeo do Ato de repúdio a Marco Feliciano realizado em Porto Alegre - RS

Por Espiritualidade Inclusiva 

Ato de Repúdio em Porto Alegre, um vídeo de 50 minutos em HD com algumas entrevistas, todas as falas da manifestação e cenas da marcha até o chafariz da Redenção. Confiram e distribuam o link pelas redes à vontade:

   

http://www.youtube.com/watch?v=SDZfbLI7SbA

Vídeo em HD do evento que aconteceu no dia 09 de MARÇO, às 14h, na Redenção, em Porto Alegre - RS. Concentração no monumento do Expedicionário!

Protesto pacífico em prol dos Direitos Humanos no Brasil e contra a permanência do Deputado Pastor Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Com sua postura fundamentalista, o Deputado Marco Feliciano tem atacado a vários setores da sociedade brasileira que sofrem com a discriminação diária: negros, mulheres, LGBT, religiões não-cristãs, etc. Então, é um dever moral de todos os prejudicados com a presença deste fanático na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, repudiarem através de um protesto pacífico, mas veemente, a sua manutenção neste cargo tão importante para aqueles que lutam pela igualdade de direitos. Não se omita! Junte-se a nós!

O evento foi uma iniciativa popular, sem comandos. Entre os vários proponentes da manifestação estava o Movimento Espiritualidade Inclusiva. Este vídeo é, inclusive, nossa contribuição para que todos entendam a importância de reivindicações como esta.

Filmagem e edição: Paulo Stekel

quinta-feira, 7 de março de 2013

Protesto contra a permanência de Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos

Por Espiritualidade Inclusiva e demais organizadores do protesto



Quando: Sábado, 09 de março
Horário: 14h
Onde: Parque da Redenção (junto aos arcos do parque), Porto Alegre - RS

Protesto pacífico em prol dos Direitos Humanos no Brasil e contra a permanência do Deputado Pastor Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Vamos ir de preto, pintem a cara se quiserem, usem vendas, tragam cartazes (por favor, sem ofensas e palavras de baixo calão, sejam inteligentes), apitos, panelas...usem a criatividade!

Nos encontraremos às 14h nos Arcos da Redenção, sairemos dali as 14h30 e caminharemos pela avenida principal da Redenção, ida e volta.

Lembrando que este é um protesto pacífico, que visa demonstrar nossa insatisfação, sem agressões, ofensas e estas coisas, pessoal.

Com sua postura fundamentalista, o Deputado Marco Feliciano tem atacado a vários setores da sociedade brasileira que sofrem com a discriminação diária: negros, mulheres, LGBT, religiões não-cristãs, etc. Então, é um dever moral de todos os prejudicados com a presença deste fanático na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, repudiarem através de um protesto pacífico, mas veemente, a sua manutenção neste cargo tão importante para aqueles que lutam pela igualdade de direitos. Não se omita! Junte-se a nós!

Pessoas e organizações que estão encabeçando e apoiando o protesto:

Jéferson Mathes;
Movimento Espiritualidade Inclusiva (através de seu Coordenador Geral, Paulo Stekel);
Ordem Walonom;
Grupo SOMOS;
(Vá se somando a nós!)


sexta-feira, 1 de março de 2013

Imediata destituição do Pr. Marco Feliciano da Presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal

Por Espiritualidade Inclusiva


Assine já!!!!


[Comentário racista do Dep. Pastor Marco Feliciano feito no microblog Twitter tempos atrás]


ASSINE A PETIÇÃO:


Pedimos aos Senhores Deputados Federais que destituam da presidência da Comissão de Direitos Humanos, o Pr. Marco Feliciano (Partido Social Cristão; leia-se Assembléia de Deus), conhecido por comentários racistas e homofóbicos, além de não respeitar as religiões de matriz africana. É inaceitável que a comissão fique nas mãos de alguém que irá lutar contra qualquer avanço em direção ao reconhecimento dos direitos humanos no Brasil, uma matéria ainda tão frágil em nosso país. Para se ter um paralelo, imaginemos que países autoritários comandassem o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Ao designar o Pr. Marco Feliciano para essa posição, os demais parlamentares realizam um ato que contraria a lógica ou o bom senso.


Assinar agora: 


Por que isto é importante:

Em razão da comissão ficar com sua finalidade real engessada.


Informe-se mais:

Para saber mais sobre o pensamento homofóbico de Marco Feliciano, acesse em nosso blogue os artigos de Paulo Stekel rebatendo-o em duas ocasiões:







sexta-feira, 6 de julho de 2012

Catástrofe a prazo: o fundamentalismo evangélico aos poucos se instala no Brasil

Por Paulo Stekel (resposta a mais um absurdo artigo do Pastor/Deputado Marco Feliciano, intitulado “Catástrofe à vista” e postado em seu site: http://www.marcofeliciano.com.br/blog/?p=259)


Esta não é a primeira vez que faço a refutação de um texto absurdo do Pastor/Deputado Marco Feliciano. Em março de 2012 escrevi o artigo “Fundamentalistas querem expulsar os gays do Brasil” (leia em: http://espiritualidadeinclusiva.blogspot.com.br/2012/03/fundamentalistas-querem-expulsar-os.html), uma refutação aos argumentos do referido Pastor/Deputado em um texto intitulado “Fascistas querem expulsar Deus do Brasil”.

Agora, instigado por alguns leitores indignados com o parlamentar evangélico fundamentalista, para contrapor o (mais uma vez mal revisado) texto intitulado “Catástrofe à vista”, uma paranoia evidente, escrevo o presente artigo, demonstrando qual é a verdadeira catástrofe que está se abatendo sobre o Brasil, e a prazo!

Para começar, Marco Feliciano não só não se alegra com a notícia de que, segundo o último censo do IBGE, a massa evangélica será a metade da população brasileira nos próximos dez anos, como atribui a veiculação da notícia a um propósito de: “alertar os ativistas cristofóbicos, evangélicofóbios, bibliofóbicos, eclesiofóbicos e afins, que, se eles não nos pressionarem, se não nos destruirem, se não nos humilharem, se não nos expor mais, eles perderão a oportunidade que estão tendo nestes dias de acabar com a nossa conquista”. (Os erros de revisão do texto original, ou antes a falta de revisão, foram mantidos.)

Isso é uma completa paranoia! Onde existe Cristofobia no Brasil? Estamos num país de maioria cristã onde mesmo muitos homossexuais professam o Cristianismo. Se ele está se referindo aos ateus, chamá-los de cristofóbicos é uma ignorância tamanha que dá vergonha alheia! Não vejo ateus e/ou homossexuais em momento algum tentando impedir quem quer que seja de professar suas crenças, mesmo porque defendem o Estado Laico, onde estes direitos são resguardados. Quem não tem resguardado direitos laicos neste país são exatamente os fundamentalistas cristãos, especialmente os incitados por algumas lideranças evangélicas agressivas, como Malafaia, Magno Malta, João Campos e o próprio Marco Feliciano.

Da mesma forma, falar em “evangelicofobia” é ridículo. Muitos gays são evangélicos, motivo pelo qual as Igrejas Inclusivas têm crescido tanto: não sendo aceitos em Igrejas Evangélicas tradicionais, que não fazem a lição de casa do “amor ao próximo”, gays cristãos criaram suas próprias denominações inclusivas, onde não se faz distinção ou acepção de pessoas por conta de sua orientação sexual.

E, “bibliofobia”? Quem é contra a Bíblia? Quem queima Bíblias ao milhares por tal “fobia”? No Brasil, ninguém! Não há “bibliofobia” de parte dos gays ou de qualquer outro grupo brasileiro não-evangélico. O que há é um debate em torno da prática religiosa discriminadora que tentar balizar-se em textos bíblicos lidos fora de um contexto geral, histórico e sem relação com a sociedade moderna. Criticar não é fobia enquanto não extrapola a crítica nem descamba para a violência, ao contrário do que infelizmente têm sofrido os homossexuais em nosso país por incitação de algumas lideranças evangélicas radicais que fecham os olhos para os direitos humanos mínimos dos LGBTs.

Quanto a uma suposta “eclesiofobia” (um ódio à Igreja), isso é mais que ridículo. Estamos num país laico que concede espaço a quem professa qualquer das religiões ou nenhuma (ateus e agnósticos). Se há pessoas que não gostam das “igrejas”, isso deve ser considerado sob a perspectiva geral, e não segundo sua orientação sexual, mesmo porque há gays cristãos até a alma! Ninguém quer “acabar” com os evangélicos, nem seria isso possível dentro de um Estado Laico.

Em seguida, Marco Feliciano destila mais um pouco de veneno ao insinuar de modo pérfido:

“Talvez por se achar mais espertos, mais unidos, mais preparados, mais centrados do que nós evangélicos, tais ativistas, tendo acesso a informação do nosso crescimento e possível ascensão , resolveram então semana passada enviar um documento ao Supremo Tribunal Federal, pedindo ao juizes que julguem o crime de HOMOFOBIA, parado no Senado Federal como o Pl. 122, cuja relatora é a Senadora Marta Suplicy, que, tem fugido da responsabilidade de colocar em votação este projeto, trazendo morosidade ao processo, dando argumentos para que os ativistas LGBTT tenham legitimidade em dizer ao STF que o CONGRESSO NACIONAL BRASILEIRO não tem competência para votar o Pl. 122.”

Ele se refere ao mandado de injunção elaborado pelo advogado LGBT Paulo Iotti, que elaborou e assinou o mesmo, em nome da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais) e sobre o qual se pode ler em: http://www.abglt.org.br/port/basecoluna.php?cod=228

Alguns trechos do material da ABGLT: “A violência e a discriminação contra pessoas LGBT em geral está aumentando absurdamente ano após ano. (…) A criminalização da homofobia e da transfobia, assim, mostra-se absolutamente necessária.

Contudo, o Congresso Nacional está assolado por uma bancada que, ao colocar suas convicções religiosas-fundamentalistas acima da Constituição (que consagra um Estado Laico, que não pode ser influenciado por motivações religiosas), opõe-se ferozmente tanto ao reconhecimento de direitos civis básicos à população LGBT quanto à criminalização da homofobia e da transfobia. (...)

Assim, essa situação de elevadíssima violência, ofensas e discriminações contra pessoas LGBT, que Paulo Iotti chama (parafraseando Hannah Arendt) de banalidade do mal homofóbico, demonstra que temos direitos fundamentais das pessoas LGBT já consagrados na Constituição e que demandam proteção pelo Supremo Tribunal Federal. Os direitos fundamentais à livre orientação sexual e à livre identidade de gênero, bem como o direito fundamental à segurança (art. 5º, caput) e à tolerância (art. 3º, inc. IV) da população LGBT estão inviabilizados nos dias de hoje, já que as pessoas LGBT estão com medo de serem reconhecidas como tais por medo de serem agredidas, ofendidas e/ou discriminadas por sua mera orientação sexual ou identidade de gênero (pessoas LGBT têm medo de andarem na Avenida Paulista, a avenida mais cosmopolita da mais cosmopolita de nossas capitais). Aliás, até mesmo heterossexuais estão sofrendo os efeitos nefastos da homofobia – basta lembrar do caso de pai e filho que foram agredidos no ano passado e o pai perdeu parte da orelha porque foram confundidos com um casal homoafetivo pelo simples fato de estarem abraçados... esse é o nível absurdo a que chega a homofobia hoje: basta estar abraçado com outro homem que isto é visto por homofóbicos como algo “inadmissível” e “passível” de agressões...”

Exato! Por conta de não aprovação de uma lei anti-homofobia, até mesmo heterossexuais estão sofrendo cada dia mais com a violência praticada por ogros fanáticos nazi-machistas que, vendo homossexualidade em qualquer ato de carinho entre pessoas do mesmo sexo, e odiando a homossexualidade em si, descarregam toda a sua raiva e irracionalidade contra quem quer que possa “parecer” gay. Isso chegou ao limite do ódio já não-aceitável quando era dirigido apenas a homossexuais assumidos. Prova de uma paranoia crescente instigada por discursos inflamados de líderes religiosos como Malafaia, Magno Malta, Feliciano et caterva!

Interessante é quando Marco Feliciano lista os motivos pelos quais, no final, provavelmente, os ministros do STF seriam favoráveis à aprovação do projeto da lei anti-homofobia:

“(...) porque é modismo no mundo todo; porque é polêmico e dará muita mídia; porque os ministros do STF embora muito competentes sejam em sua maioria progressistas; porque a maioria dos ministros foi indicada pela ESQUERDA, que todos sabem , são a favor de quase tudo que não presta, haja vista que assistimos impotente a votação e aprovação da união estável homoafetiva bem como a votação e aprovação do aborto dos anencéfalos, e anotem, se algo não for feito urgentemente, a próxima será a criminalização da HOMOFOBIA.”

Proteger a vida de LGBTs é modismo? Pensei que cristãos concordassem com a proteção de vidas humanas. Me enganei??? Ou tal proteção bíblica só vale para cristãos heterossexuais? É o que parece...

Dizer que o STF vai aprovar a lei anti-homofobia por ser um projeto polêmico e que dará muita mídia é brincar com o Judiciário e acusá-lo de ser formado por membros sem personalidade ou compromisso com a Constituição. É também uma contradição de Marco Feliciano, logo após ter dito que os ministros do STF são “muito competentes”.

Quando Marco Feliciano diz que os ministros foram indicados em sua maioria pela “esquerda”, tenta dar a tudo um viés político-partidário, contrapondo-se claramente à tendência suprapartidária do Movimento LGBT, que não se contenta com promessas de partidos, sejam de esquerda, centro ou direita. O preconceito pelo qual passamos não nos deixa ser iludidos por discursos bonitos, mas ineficazes, na hora em que deveriam atuar de fato!

Segue-se uma exortação provando a tendência dos líderes evangélicos radicais a incitar a população contra os LGBT:

“(...) se não houver uma mobilização nacional dos que amam a liberdade de expressão, seremos amordaçados e punidos por não concordarmos com tais atitudes e comportamentos e perderemos o direito da livre expressão do pensamento conquistada e garantida pela declaração de direitos humanos, que mais parece uma bandeira ideológica das minorias proselitistas contra as maiorias por puro preconceito.”

Minorias proselitistas? Se são tão proselitistas, com tamanha capacidade de influenciar governo, STF, mídia, etc, como o senhor e os seus pregam, como continuam sendo “minorias”, Sr. Feliciano? Explique-nos esta matemática! Na verdade, seu argumento reflete o medo da liberdade de expressão ser estendida a todos neste país, incluindo os LGBT, que poderiam, por regulamentação legal e sem precisar entrar na justiça, casar, adotar filhos, ter direito a sucessão e proteção contra crimes motivados por orientação sexual, entre outros direitos atualmente negados.

Mobilização contra minorias proselitistas? Desde quando isso foi necessário em qualquer lugar do mundo? Nunca. Afinal, as opressoras são sempre as maiorias, como mostra a lógica e a História. As minorias não têm força para oprimir as maiorias. É um raciocínio tão básico que mais uma vez nos vem a vergonha alheia ao ter que apresentá-lo.

Mas, a maior “pérola diabólica” do artigo de Marco Feliciano está aqui:

“O real motivo de tanta fobia por nós sociedade e políticos que crêem em Deus, é que nossos princípios são obstaculos para a concretização da desconstrução da família , através de questões que para nós, são inaceitáveis como por exemplo aborto, legalização de todas as drogas, e a estimulação precoce da sexualidade e de crianças inocentes travestido de exercício de inteligência.

(…) Não basta ir à rua uma vez por ano em datas festivas , para cumprir uma obrigação de agenda ? É preciso treinar nosso povo. Temos equipamentos, inteligência e poder pra isso! Falta apenas uma atitude. UNIDADE.”

Nem gays, nem LGBTs, nem o Movimento LGBT, nem os proponentes do PLC 122 ou do ato de injunção, nem os Ministros do STF desejam a “desconstrução da família”. Ela não terminará pelo simples fato de se reconhecer direitos de uma minoria de 10% da população, pois os demais 90% continuarão vivendo como antes. Também não desejam a “estimulação precoce da sexualidade e de crianças inocentes travestido de exercício de inteligência”, pois o kit escolar anti-homofobia não quer estimular nada. Pelo contrário, quer evitar a homofobia precoce a ceifar a mente, os sentimentos, a auto-estima e a vida de crianças inocentes – agressoras e agredidas. Não são, portanto, exercícios de “inteligência”, mas de conscientização do valor da vida humana e de cidadania plena. Agora, quando o Senhor Feliciano diz que “é preciso treinar nosso povo”, e que há “equipamentos, inteligência e poder pra isso”, fico pensando a qual tipo de treinamento e equipamentos ele se refere... Ele subentende em seguida o uso da grande mídia evangélica para vociferar à la Malafaia contra os gays. O que se seguiria a isso? Como seria entendida tal ação? Como incitação a mais violência? Seria bom evitar elucubrações... Mas, não podemos dormir nesta hora.

Chegamos ao ponto em questão: a catástrofe a prazo que se começa a montar é uma ascensão evangélico-fundamentalista no parlamento brasileiro, com vistas a suspender os direitos legítimos dos LGBT e impedir a conquista de outros.

Devemos, todavia, separar o crescimento previsto e natural da população evangélica, em sua maioria não-fundamentalista, do crescimento de um fundamentalismo evangélico. Apenas este último é preocupante para os direitos dos LGBT, das mulheres e da liberdade de expressão (intelectual, sexual, religiosa), pois tenderia a barrar qualquer ação que não estivesse alinhada com um Cristianismo moralista e anti-laicista. Isso não podemos permitir no Brasil, e achamos que o Estado brasileiro anda deixando muitas brechas para este extremismo religioso. Por isso, achamos plenamente justo e necessário o mandado de injunção recentemente apresentado.

Aos poucos, a prazo, líderes como Feliciano, Malta e João Campos vão articulando um movimento fundamentalista aos moldes do que os protestantes mais radicais têm tentado fazer nos EUA, mas que tem sido combatido firmemente pelo governo de lá. E, aqui? Até onde os deixaremos chegar?

É bom deixar claro que o que estes indivíduos estão tentando fazer não tem nada DE e A VER com Cristianismo ou “Evangelismo”. É simples incitação da violência de um modo sutil contra uma minoria que nem sequer tem todos os meios cidadãos concedidos aos heterossexuais. É covardia, portanto. Os verdadeiros cristãos, católicos ou evangélicos, têm condições de perceber isso e unirem-se à nossa luta contra esse descalabro. Não se pode impôr a Bíblia (ainda mais a visão fundamentalista dela!) e rasgar a Constituição num país laico, embora haja quem o deseje!

Por fim, esta luta toda não tem nada a ver com a sobrevivência da família brasileira. Os gays nascem em famílias heterossexuais e continuarão nascendo em famílias heterossexuais, à razão de 10%, conforme demonstram as estatísticas. É um percentual insuficiente para colocar em risco qualquer sobrevivência (social, biológica, reprodutiva). E, como heterossexuais não podem ser convertidos em homossexuais – e nem é o que se deseja, valendo o contrário também, a humanidade continuará tendo 10% de LGBTs e 90% de heterossexuais. O casamento gay não vai mudar isso, a adoção gay também não, a aprovação do PLC 122 muito menos! Valer-se de pseudo-argumentos e sofismas para transformar 10% da população em algoz dos demais 90% não é apenas covarde, mas uma infantilidade e uma impossibilidade lógica. Contudo, se a população evangélica em dez anos for a metade da população brasileira, e for influenciada por fundamentalistas, pode vir a ser incitada contra a minoria LGBT, o que poderia constituir-se, nas palavras de Luiz Mott, em um verdadeiro “homocausto” em nossa pátria, mãe gentil!


Sobre o autor


Paulo Stekel é jornalista, escritor, músico, poliglota, especialista em religiões, tradições espirituais e línguas sagradas. Ativista LGBT focado na relação entre homofobia e religião, é o criador do Movimento Espiritualidade Inclusiva e possui quase uma centena de artigos sobre espiritualidade, orientação sexual, homofobia religiosa e espiritualidade inclusiva. Contatos: espiritualidadeinclusiva@gmail.com


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Confiram o artigo original de Marco Feliciano (com todos os seus erros ortográficos e de redação):

CATÁSTROFE À VISTA


A notícia do crescimento evangélico no Brasil veiculado na ultima semana, alegrou os ânimos dos fervorosos. A mídia divulgou maciçamente a notícia de que o ultimo censo feito pelo IBGE nos coloca em posição de destaque pelo crescimento e prevê, para os próximos 10 anos que seremos a metade da população brasileira.

Quando todos comemoram o feito, e assiste líderes evangélicos concedendo entrevistas pelo grande feito, enquanto as mídias sociais disparam a notícia, fico eu aqui, sorumbático, contemplativo, interiorizado…

Motivo? Não sabem o porquê real da divulgação maciça pela mídia?… Que, de longe, tem carinho por nós, que, sempre explora nossa imagem com escândalos, e nunca! Repito: Nunca se alegra com nossas conquistas.

A mídia tendenciosa que sempre nos expõe como loucos teocratas, como religiosos medievais, como fundamentalistas fanáticos, que, nos chamam de ladrões, usurpadores, charlatões, atrasados, mentecaptos, etc e tal.De uma hora pra outra, resolve ceder seu precioso tempo em divulgar que estamos crescendo?! Alavancando, conquistando e que seremos a metade do Brasil em 10 anos! Confesso, pra mim, isso é preocupante.

Digo isso porque entendo que essa divulgação não foi para aplaudir nosso crescimento! E sim, alertar os ativistas cristofóbicos, evangélicofóbios, bibliofóbicos, eclesiofóbicos e afins, que, se eles não nos pressionarem, se não nos destruirem, se não nos humilharem, se não nos expor mais, eles perderão a oportunidade que estão tendo nestes dias de acabar com a nossa conquista.

Talvez por se achar mais espertos, mais unidos, mais preparados, mais centrados do que nós evangélicos, tais ativistas , tendo acesso a informação do nosso crescimento e possível ascensão , resolveram então semana passada enviar um documento ao Supremo Tribunal Federal, pedindo ao juizes que julguem o crime de HOMOFOBIA, parado no Senado Federal como o Pl. 122, cuja relatora é a Senadora Marta Suplicy, que, tem fugido da responsabilidade de colocar em votação este projeto, trazendo morosidade ao processo, dando argumentos para que os ativistas LGBTT tenham legitimidade em dizer ao STF que o CONGRESSO NACIONAL BRASILEIRO não tem competência para votar o Pl. 122.

O STF tem vários processos parados há anos aguardando julgamento mas, pelo que entendo, e percebo, eis ai um assunto que os faria parar tudo o que estão fazendo no momento e agarrar com as várias mãos e acelerar o processo de julgamento, que com certeza, será favorável ao projeto.

Serão favoráveis porque é modismo no mundo todo; porque é polêmico e dará muita mídia; porque os ministros do STF embora muito competentes sejam em sua maioria progressistas; porque a maioria dos ministros foi indicada pela ESQUERDA, que todos sabem , são a favor de quase tudo que não presta, haja vista que assistimos impotente a votação e aprovação da união estável homoafetiva bem como a votação e aprovação do aborto dos anencéfalos, e anotem, se algo não for feito urgentemente, a próxima será a criminalização da HOMOFOBIA.

Nosso país não é homofóbico. Em 2010 dos 50 mil casos de assassinatos no Brasil, 260 foram considerados crimes de homofobia, e destes, 80% crimes cometidos por parceiros homossexuais. Eu sinto muito pela morte destas pessoas, mas daí, usar isto para justificar que uma parcela da sociedade seja tratada com privilégios? É inaceitável. Mas, repito se não houver uma mobilização nacional dos que amam a liberdade de expressão, seremos amordaçados e punidos por não concordarmos com tais atitudes e comportamentos e perderemos o direito da livre expressão do pensamento conquistada e garantida pela declaração de direitos humanos , que mais parece uma bandeira ideológica das minorias proselitistas contra as maiorias por puro preconceito.

O real motivo de tanta fobia por nós sociedade e políticos que crêem em Deus, é que nossos princípios são obstaculos para a concretização da desconstrução da família , através de questões que para nós, são inaceitáveis como por exemplo aborto, legalização de todas as drogas, e a estimulação precoce da sexualidade e de crianças inocentes travestido de exercício de inteligência.

O Colegiado parlamentar tem sido desrespeitado por tudo e por todos. Pelos erros e omissão de alguns, todos pagam.Há uma generalização doentia dos fatos errôneos passados na tentativa de desestabilizar e desacreditar o trabalho realizado por estes que são verdadeiros heróis enfrentando uma verdadeira batalha a favor da Família Brasileira. E me pergunto: Cadê a igreja? que assiste de longe, cobrando muito e agindo pouco, fechada em seus problemas internos . Somos 73 parlamentares evangélicos na Câmara Federal, e 3 no Senado Federal. Como podemos sozinhos segurar esta situação caótica que esta por vir?

Das dezenas de horas mensais televisivas utilizadas por evangélicos, apenas um dedica-se a informar, cobrar, brigar pela nossa causa, falo do Pr. Silas Malafaia. E os demais? Será que não percebem que todos nós iremos sofrer abruptamente por causa desta maldita lei?

Onde estão os pregadores pentencostais, neo-pentecostais, tradicionais evangélicos? Onde estão os pregadores da canção nova, do movimento carismático? Onde está os padres-pop-star? Onde estão os Famosos Cantores da música Gospel? Os grandes lideres denominacionais? Onde estão?

Não basta ir à rua uma vez por ano em datas festivas , para cumprir uma obrigação de agenda ? É preciso treinar nosso povo. Temos equipamentos, inteligência e poder pra isso! Falta apenas uma atitude. UNIDADE.

Temos editoras ,Jornais e Revistas, mídias sociais, emissoras de Radios, emissoras de TV. Podemos ensinar nosso povo a manter contato com os congressistas, juristas, através de atos públicos, manifestações pacificas, precisamos não somente gritar , mas agir para sermos ouvidos.

Vamos deixar de lado nossas pequenas diferenças, e nos unir em amor com o que realmente nos uni DEUS e seus princípios se,não pararmos de olhar para nosso‘umbigo-denominacional’, se não acordarmos hoje, agora, NÃO HAVERÁ O AMANHÃ .

Falo como um parlamentar desesperado. Que sofre na pele a perseguição que vem maciça através da mídia tendenciosa e irresponsável , dos simpatizantes, militantes e ativistas GLBTT, ateus, abortistas e afins.

Fico sufocado quando estou em uma comissão e o assunto é orientação sexual. Todos se calam. Não concordam, mas se calam, pois o assunto é vivenciado pelo nosso povo como tabu ..

Quando nossos parlamentares fazem qualquer trabalho defendendo nossas causas na Camara dos Deputados, a própria mídia da casa não da a mínima, mas basta qualquer um dos parlamentares que apóiam a causa GLBTT, eles são primeira capa, capa do meio, capa da frente, etc.

Fica aqui meu apelo mais uma vez, para que os grandes lideres evangélicos, católicos, enfim, cristãos, desta nação me ouçam, e se mobilizem, preparando seminários, conferencias, simpósios focados sobre o futuro do nosso país.

Aos evangélicos, fica aqui meu recado, NÃO SE ILUDAM COM O TAL CRESCIMENTO VENTILADO PELA MIDIA, por trás desta divulgação está a forma mais sórdida de avisarem os que são contra nós de que precisam nos parar e para isso apressarem a votação de leis que nos ferem, e pior, tentam, neste momento em que católicos e evangélicos lutam pelo mesmo ideal de família, sejam separados por uma luta de ego por quem cresce, quem diminui. Necessário é que ELE cresça!

Agradeço aos poucos, mas valentes, que sempre divulgam meus escritos. Agradeço a uma ala da CNBB que juntos aqui em Brasilia lutamos unidos pela causa da família brasileira.

Um abraço em Cristo.

 



Pr. Marco Feliciano

Deputado Federal

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Eu, Mulher, Hétero, Brasileira, Mãe, Crente em Nossa Senhora…

Por Maju Giorgi (cfe. Consta no link original em http://www.eleicoeshoje.com.br/eu-mae-mulher-hetero-brasileira-crente-em-nossa-senhora)


Resposta de uma mãe as acusações de um pastor


Relembremos alguns fatos:

“AFRICANOS DESCENDEM DE ANCESTRAL AMALDIÇOADO POR NOÉ. ISSO É FATO.”

(Pastor e Deputado Federal MARCO FELICIANO)

“O caso envolvendo o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), que afirmou nessa quarta-feira (30/03/2011), no Twitter, que os “africanos descendem de um ancestral amaldiçoado”, deverá será analisado pela Corregedoria da Câmara dos Deputados. A presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, deputada Manuela d’Avila (PCdoB-RS), disse que irá encaminhar as mensagens do parlamentar para o órgão.” (Esta informação está disponível na internet para todos que queiram ver)

“Sem dúvida, avançamos muito na luta contra o racismo, mas não o extirpamos totalmente. Hoje, pelo menos, sabemos que não se deve discriminar ninguém e é de mau gosto alguém se proclamar racista. Mas nada disso existe no que se refere a gays, lésbicas e transexuais. Quanto a eles, podemos desprezar e maltratar impunemente. Eles são a demonstração mais reveladora de quão distante boa parte do mundo ainda está da verdadeira civilização.” (Mario Vargas Llosa)

As polêmicas ainda atuais envolvem outro pastor, o Malafaia.

Pastor Silas Malafaia, DISCURSO DE ÓDIO NÃO É LIBERDADE DE EXPRESSÃO… É CRIME OU, PELO MENOS, DEVERIA SER!

O Pastor quer fazer crer que LGBTs, afrontam o povo negro quando pedem a aprovação do PCL122.

A alegação do Pastor Malafaia é que ser negro não é comportamento, ser gay é. E que querem equiparar o PCL 122 a lei do racismo. Desta forma acho que estamos afrontando a todo ser humano protegido por lei especial. Pastor, caso o senhor não acredite na palavra de milhões de mães e pais heterossexuais, de famílias heterossexuais, presentes, dedicados, livres da promiscuidade que o senhor tanto condena, muitas vezes religiosos praticantes e fervorosos que tiveram filhos gays pelo mundo afora, MAS que não teriam a suficiente credibilidade para o senhor, incontáveis, estudos científicos tem saído todos os dias para provar que homossexualidade NÃO é comportamento, é CONDIÇÃO.

Eu gostaria que o senhor me provasse a sua teoria. Vou fazer uma pergunta: Ser judeu é comportamento ou condição ou a que categoria pertence, para que eu possa entender melhor?

A grande diferença, Pastor, é que ser negro, mulher, pessoa com deficiência, criança ou idoso, É CONDIÇÃO VISTA A OLHO NU, ser gay, não. Mas vamos aos estudos.

Cito alguns recentes:

I - Dr. Jerome Goldstein, diretor do San Francisco Clinical Research Center (EUA) enfatizou que “A orientação sexual NÃO É UMA QUESTÃO DE ESCOLHA, é principalmente questão neurobiológica pré natal. Existem vínculos inegáveis. Nós queremos torná-los visíveis”.” Confira aqui: http://www.medicalnewstoday.com/releases/226963.php

II - A neurocientista sueca Ivanka Savic, do Instituto Karolinska de Estocolmo e os estudos com gêmeos homossexuais. Confira aqui: http://www.pnas.org/content/105/27/9403.abstract?sid=319b7033-3b4e-48bc-a3db-e8dba26b1260

III - O trabalho Anglo-Sueco da Queen Mary University of London. Leia aqui: http://www.qmul.ac.uk/qmul/news/newsrelease.php?news_id=1075

Então, muito rapidamente e só pra começar, podemos pelo menos colocar uma dúvida nessa sua VERDADE que LGBTS afrontam os negros por quererem uma lei que os proteja. Aliás, me parece que não são os gays que perseguem os seguidores das religiões Afro incansável, sistemática e dedicadamente.

O senhor acha dentro desse seu total entendimento de que uma atitude isolada de uma pessoa ou algumas pessoas em uma Parada que reúne milhões de pessoas pertencentes a um grupo que só no Brasil soma muito mais de 10 milhões de pessoas, lhe dá o direito de conclamar os católicos a “baixar o porrete” nos gays ou algo parecido? (fato pelo qual o senhor foi chamado ao ministério público)

Será que gays poderiam usar desta mesma artimanha, quando um pastor evangélico quebra a marteladas um dos símbolos mais amados da Igreja Católica?

Poderiam homossexuais conclamar os católicos a “baixar o porrete” nos evangélicos?

Ou neste específico caso seria uma atitude isolada?? “É” uma atitude isolada, Pastor. Julgar todo um povo por atitudes de um, não é arma justa nem legítima.

É neste tipo de mundo que o senhor quer viver Pastor Malafaia, uma guerra declarada entre tudo e todos??? Ou o que o senhor realmente quer é que todos abaixem a cabeça ao senhor, ao que o senhor ACHA, ao que o senhor SUPÕE, ao que o senhor IMAGINA, ao que o senhor ACREDITA?

De que forma o senhor ama os gays???

Desde que eles não sejam gays??? Desde que se limitem ao lugar de cidadão de segunda categoria reservado a eles, onde se tem muitos deveres, poucos direitos e as vozes caladas???

AH…A Mãe de Jesus Cristo, A Nossa Senhora, A Virgem Maria tão amada. Foi a ela que entreguei meus filhos quando nasceram. E é a ela que peço TODOS os dias que cubra com seu manto sagrado, MEU FILHO GAY, quando ele sai as ruas do país CAMPEÃO MUNDIAL EM CRIMES HOMOFÓBICOS, sem LEI que o proteja, sendo alvo certo e constante do ÓDIO incessantemente propagado. Porque Pastor, eu sei que NESTE caso o amor realmente é inconteste e incondicional. Foi ela A NOSSA SENHORA, a protetora dos MEUS filhos que eu vi ser quebrada a marteladas e pontapés, mas em nome dela, eu peço a PAZ, porque ela é AMOR.

O alento a meu coração de mãe, é que existem bons cristãos no mundo, vide o Padre Jesuíta Luís Corrêa Lima e o Pastor Ricardo Gondim que assopram vida e luz em almas torturadas por pessoas como o senhor! Isso é ser cristão, amar, compreender, evoluir, aceitar. Isso é ser HUMANO, isso é viver no AMOR. Ser gay não se escolhe, não se ensina, homossexualidade não se transmite por contágio.

Quando o senhor se refere a “ditadura gay”, o senhor se refere a que exatamente? Alguém já ouviu falar em Bancada Gay? Televisão Gay? Rádio Gay? Ministro Gay? Tem certeza que é gay a ditadura que esta sendo instaurada??

VIVA E DEIXE VIVER, PASTOR.

Gays são uma minoria e contam apenas com suas vozes nessa luta tão injusta.

Por isso eu peço a TODO O POVO LGBT, seus pais, suas famílias e seus amigos que se assumam num ato político por um Brasil e um mundo melhor.

Vamos lutar para que TODAS as brasileiras e brasileiros tenham seus direitos assegurados pela Constituição. Mesmo que para isso se criem leis especiais.

ATÉ O DIA 6 DO MÊS DE ABRIL DESTE ANO DE 2012, 106 JOVENS HOMOSSEXUAIS FORAM TORTURADOS CRUELMENTE COM TODO TIPO DE REQUINTE, OLHOS PERFURADOS, DEDOS ARRANCADOS, CRÂNIOS ESMAGADOS E FINALMENTE MORTOS. E ESSE NÚMERO NÃO PARA DE CRESCER. POR TUDO ISSO…

EU, MULHER, HETEROSSEXUAL, CASADA, BRASILEIRA, MÃE, CRENTE EM NOSSA SENHORA, CIDADÃ DE UM PAÍS LAICO E DEMOCRÁTICO, PEÇO A APROVAÇÃO DA PCL 122!!!

Eu dedico a minha luta às “MÃES PELA IGUALDADE”, algumas das quais já tiveram seus filhos levados pela homofobia e mesmo assim se levantam TODOS os dias para defender e proteger TODOS os filhos gays.


Sobre a autora

Maju Giorgi, uma das “Mães pela Igualdade”, um grupo de mães de todos os lugares do Brasil que estão unindo suas forças para dar um recado claro contra a discriminação, a violência e a homofobia crescentes, que estão saindo do controle no país.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Fundamentalistas querem expulsar os gays do Brasil

(Refutação dos argumentos do Pastor Deputado Marco Feliciano em texto intitulado “Fascistas querem expulsar Deus do Brasil”, publicado em seu website no dia 07 de março de 2012 e reproduzido ao final)

Por Paulo Stekel


“Ditadura Gay”, Sr. Feliciano? Quem acredita em tamanha baboseira? Esta expressão é uma afronta aos inúmeros cadáveres que a homofobia crescente produz semanalmente em todos os cantos de nosso Brasil. O Grupo Gay da Bahia (GGB), coordenado pelo notório Luiz Mott, há duas décadas tem denunciado um verdadeiro holocausto gay, o “homocausto”, que vem ocorrendo em nosso país às vistas de vários governos, parlamentares e especialistas em Direitos Humanos, sem que uma ação preventiva realmente efetiva e eficaz seja implementada. Aliás, quando tal tipo de ação é proposta em alguma instância do poder público, então vem o Sr. e os seus com o argumento intrigante e ridículo de “ditadura gay”. Ainda mistura isso com política, atribuindo a uma ação de “esquerda progressista” tal descalabro criado por mentes doentias, de onde venha!

Os membros de uma Ditadura matam, não são mortos, Sr. Feliciano! Se o Sr. tem o direito de lançar pérolas desta natureza, podemos insinuar que estão a querer implementar no Brasil uma “Ditadura Fundamentalista”, ou sendo tão irresponsável quando os donos da expressão que o Sr. usa, uma verdadeira “Ditadura Evangélica”, o que o Sr. com certeza também contestará por achar impossível, do ponto de vista constitucional. E, o é! Tanto quanto a tal “ditadura gay” à qual o Sr. se apega com tanta força.

O movimento evangélico não é retrógrado, Sr. Feliciano. Retrógrados são os muito mal-intencionados, mal-assessorados, ignorantes, homofóbicos e, muitas vezes, corruptos (pseudo)religiosos fanáticos fundamentalistas imiscuídos neste movimento tão legítimo como qualquer outro movimento religioso (católico, espírita, umbandista, budista, paganista...). Assim como não colocamos todos os evangélicos no mesmo saco de gato, o Sr. também não pode colocar todos os gays na mesma cova. Direitos fundamentais não podem transigir diante de quaisquer ideologias, sejam de direita, de centro, de esquerda ou “ideologias religiosas”, se o Sr. preferir entender assim, pois pessoas morrem diariamente e transigir é conivência ou, no mínimo, omissão. Aliás, pelo que conheço das religiões e, modéstia à parte, conheço muito, especialmente as religiões teístas, é tarefa da religião defender a vida de todos os seres humanos, mesmo quando estes não professam a mesma crença que nós! Nunca vejo na TV ou na Internet líderes evangélicos dizendo, esbravejando, como faz Malafaia, “não matem os gays, não os agridam, pois são irmãos nossos como todos os outros”! Ao contrário, vejo na TV expressões como “descer a lenha” nos gays! Isso é religião? Não. Não me atrevo a dizer o que é, mas o que não é já não me serve.

Propondo uma sopa insossa para ser engolida por seus próprios fiéis, o Sr. ainda mistura sua (não é filha sua?) “Ditadura Gay” com a afirmação do laicismo de Estado, ao atacar a decisão legítima do Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, estado onde nasci e resido, por ter decidido pela retirada dos símbolos religiosos dos espaços públicos, já que o Estado é Laico. O Sr. reclama que retiraram basicamente os crucifixos. Com certeza. O Sr. não acha interessante o fato de não existirem quase símbolos representando outras religiões nos espaços públicos brasileiros? Isso revela, não que o Brasil seja cristão, pois não temos mais “religião do Estado”, mas que os símbolos, cultura e práticas cristãs influenciam de modo preocupante os espaços laicos de nossa nação, obstaculizando decisões que envolvam etnias em risco, afrodescendentes, religiões historicamente excluídas e apoio do poder público a ações de fés que não sejam a cristã, já que o Cristianismo no Brasil recebe incentivo até fiscais nas três esferas de governo que seriam impensáveis em outros países civilizados. Ou se dá direitos e privilégios a todas as fés, ou a nenhuma! Senão, falar em Estado Laico passa a ser mera força de expressão!

Quanto ao movimento gay, o Sr. Feliciano comete em seu texto erros crassos que devem ser corrigidos (não me refiro aos gramaticais):

Ele diz que o movimento gay é um grupo pequeno, mas extremamente organizado. Pequeno ele é, pois somos entre 6 e 10% da sociedade. “Extremamente organizado”, gostaria de levar por elogio, mas não posso. Se fôssemos tão organizados assim, já teríamos uma lei anti-homofobia, casamento civil homo-afetivo, adoção de crianças e pelo menos 10% de parlamentares gays. Estamos longe de tudo isso! Mas, tenha a certeza, Sr. Feliciano, nos encaminhamos para isso diariamente, e sem ditadura alguma...

Ele diz que somos muito bem representados na mídia, na imprensa e que gozamos de favores governamentais. Então, me diga: Qual canal de TV foi concedido ao movimento gay? Quantos “Malafaias gays” temos na imprensa “descendo o sarrafo” em heterossexuais? Que favores governamentais são esses que não conseguem sequer forçar a aprovação de uma lei anti-homofobia decente, que ainda tem que amargar uma nova redação que mais parece ser para pastores incitadores de ódio na frente do altar de Deus, que para quem padece todo o tipo de violência diariamente nas ruas, na escola, nas igrejas, no trabalho e até dentro de casa? Ridículo, se não fosse tão trágico.

Mas, em seu texto, o Sr. ainda diz que somos uma minoria que não sofre de verdade, que camuflamos perseguição para impor um modo de vida promíscuo... Que Deus ouça o pouco valor que o Sr. dá à vida de quem morre todos os dias unicamente por ser quem é, não por estar matando, roubando, amealhando patrimônio público ou enchendo as cuecas de dólares para enviar a missões apostólicas na África! Deus permite que se use métodos diabólicos para a expansão das coisas celestes? Em qual versículo está tal permissão?

Para seu governo (que espero, não passe desta legislatura), a maioria dos gays dá muita importância à família, ajuda na integração de seus membros, cuida de pai e mãe até estarem bem velhinhos e é capaz de ajudar na criação de irmãos, sobrinhos e outros parentes com um amor incondicional tão louvável quanto o elogiado por Paulo em Coríntios! Já que estamos falando em falso moralismo, se o Sr. se apega aos promíscuos para atacar todos os gays, deveria eu atacar todos os heterossexuais por causa das prostitutas? Seria um argumento sem sentido, não é mesmo? Não para o Sr. e os que pensam do mesmo modo, pelo que depreendo de seus textos.

Quando o Sr. diz que o Brasil é uma nação “que embora seja laica não é ATÉIA”, se contradiz de um modo que me sinto constrangido em ter que contrapor. Fico com aquela “vergonha alheia”. Um Estado Laico não é um estado teísta nem um estado ateu. Nem uma coisa, nem outra. Até porque há religiões teístas (ex. Cristianismo) e religiões ateias (ex. Budismo). Então, se o Brasil não fosse laico, mas Budista, seria um estado com religião oficial, mas ateu. Um Estado Laico é aquele que não regula a vida religiosa/espiritual de seus cidadãos, simplesmente isso. Não regulando, também não é regulado por religião alguma, embora o Sr. e os seus estejam querendo reverter isso e transformar o Brasil em uma Teocracia Cristã Fundamentalista comparável apenas ao regime iraniano. Isso, nenhum cidadão brasileiro conhecedor dos seus direitos deve permitir jamais! De onde o Sr. tirou que o Estado Brasileiro é teísta? Ou ateu? Como homem público, o Sr. deveria evitar de nos envergonhar com seu pouco conhecimento de conceitos básicos imprescindíveis para a elaboração de leis coerentes e justas para aqueles que o Sr. representa.

O Sr. chega às raias da indecência total ao dizer em seu texto que invocamos uma “tal HOMOFOBIA coletiva nacional, que inexiste!” - E, inexiste, mesmo! Comportamentos, reprováveis ou não, não são coletivos, são individuais. As imputações, neste caso, também devem ser individuais, e por isso queremos uma lei anti-homofobia para julgar caso a caso. Agora, afirmar que os focos de homofobia são “isolados e baixissimos” (a falta do acento em proparoxítona é do seu texto original, não do meu!) quando comparados a outras minorias significa que o Sr. está a contar mortos para ver a quem ajuda em primeiro lugar? É assim que o Sr., como parlamentar, bate o martelo para decidir a quem defender ou se omitir, para dizer o mínimo?

“O que virá a seguir”, como o Sr. diz em seu texto não-revisado? Que Deus ajude ao Sr. e aos seus, pois parece que precisam de muito mais orientação d'Ele do que qualquer um de nós. Não pretendemos expulsar Deus da nação brasileira porque defendemos o Estado Laico, onde estão presentes por direito todos os deuses, orixás, santos, budas e deidades, ou nenhum destes, conforme o desejo individual dos cidadãos em suas vidas privadas. Ao comentário de alguém, feito após o seu texto, que afirmou que o “RS é do Senhor Jesus Cristo”, eu complemento: o RS e o Brasil inteiro são de Deus, Buda, Krishna, Oxalá, Alá, Jeová, Cristo, Tupã, Olorum e quantos mais aparecerem para invocar seus direitos, pois aqui temos lugar para todos. Também temos lugar para os que não acreditam em nenhum destes, e em seu humanismo apenas desejam uma sociedade justa, igualitária e feliz.

Digo isso com a plena convicção de ser um budista praticante que pesquisou muitas religiões, estudou a Bíblia em suas três línguas originais (hebraico, aramaico e grego), fez amizade com ateus e agnósticos, e se tornou um universalista inclusivo por entender que defender todas as crenças é garantir o direito da crença particular do cidadão, quando ele escolhe uma para seu caminho de felicidade nesta vida de dores. Eu escolhi o meu caminho, mas não quero impô-lo a ninguém. E, se o caminho escolhido não me permite viver em paz e harmonia com os que pensam diferente porque venha a desejar mudá-los de modo invasivo, este caminho não me serve.

Então, Sr. Feliciano, ao defendermos o Estado Laico estamos defendendo, inclusive, os direitos de crença de sua religião. Só o Sr. e os seus partidários auto-declarados “salvos” não percebem isso. Pois, percebam, antes que, assim profetizo!, o fogo do Inferno que vocês mesmos estão instalando em nossa pátria amada comece a arder, queimando a todos indistintamente, a homens e feras...

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Abaixo, o texto original de Marco Feliciano, exatamente como lá consta, com todos os seus erros gramaticais, má formatação e ausência de muitos acentos até nas proparoxítonas, sempre acentuadas:


FASCISTAS QUEREM EXPULSAR DEUS DO BRASIL

Por marcio
7 de março de 2012 Publicado em: Noticias

Lendo a coluna na VEJA, de Reinaldo Azevedo, que com perspicacia e inteligência denuncia uma militância que vem crescendo assustadoramente nesse nosso país, a qual me refiro aqui sem medo e entitulo DITADURA GAY, que tem, sem sombra de duvida o apoio de uma esquerda petista, que traduz seus pensamentos em ações em forma de uma palavra que amam verbalizar, PROGRESSISTA.

Semana passada tal palavra foi ressoada por ninguém menos que JOSÉ DIRCEU, o “homem do PT”, que não tem moral alguma para falar, como fez, do movimento cristão brasileiro personificado em suas palavras através do movimento EVangélico, o qual ele chama de RETRÓGRADO. Um homem com seus histórico, perdeu, como eu disse em meu twitter disse desses, a chance de ficar calado.

Reinaldo Azevedo entitula de FASCISTA a ação ocorrida no Rio Grande do Sul, através do Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça, que decidiu eliminar todos os crucifixos e outros simbolos religiosos dos espaços publicos e pasmem, por unanimidade. E concordo com ele, em gênero, número e grau.

Entre o fim do século 19 e inicio do século 20, surgia o Fascismo. Nos idos de 1923 os fascistas começaram a desenvolver um programa de separação entre o estado e a igreja, foi o precursor do Nazismo de Hitler, e era de certa forma o resultado de um sentimento generalizado de medo e ansiedade que vinha da classe média do pós-guerra. A palavra “fascismo” devira de fascio, nome de grupos politicos na Italia do século 19, mas também deriva de fasces, que vem do império Romano e q era um simbolo dos magistrados.

Percebo e entendo o que o colunista da VEJA previu. Na classe média brasileira surge um grupo. PEqueno, mas extremamente organizado, disciplinado e muito, muito bem representado, na midia, na imprensa e goza de favores governamentais.

Tal grupo que representa uma minoria, não destas que sofrem de verdade, mas que sob uma camuflagem de perseguição, tenta e consegue impor seu modo de vida promiscuo, seus pensamentos anti-familia-e-anti-bons-costumes.

Que se faz valer por ter na midia que deveria ser imparcial, mas, nesses assuntos assumem uma militancia descomunal, e que, num futuro proximo, se algo nao for feito imediatamente, arrepender-se-ão ao verem a desgraça que provocaram numa sociedade que vive em função do que pensam e de como agem classes artitiscas e midiáticas.

Temo e muito que assim como houve no Rio GRande do Sul, que, infelizmente tem se aberto a tais idéias “progressistas” carregando em seu curriculum por exemplo o PRIMEIRO CASAMENTO DE PESSOAS DO MESMO SEXO, e agora protagonizam essa “PERSEGUIÇÃO AOS SIMBOLOS RELIGIOSOS”, em uma nação que embora seja laica não é ATÉIA.

A militancia Gay no Brasil esta sendo amparada pelos cofres publicos. Muito dinheiro tem sido investido neste tema, e tudo em nome de uma tal HOMOFOBIA coletiva nacional, que inexiste! O que existe são focos isolados e baixissimos, se comparado a outras minorias que sofrem de fato com o preconceito acentuado, mas que tendo a vitrine que tem e o apoio de tanta gente importante e lastreada pelos cofres publicos, transforma cristãos, evangélicos, e qualquer um quer cruzar os seus caminhos, em HOMOFOBICOS, FUNDAMENTALISTAS RETROGRADOS e RELIGIOSOS FANATICOS.

O que virá a seguir? Que Deus nos ajude! E nos ajude logo, antes que, esses fascistas, expulsem de uma vez DEUS da nação brasileira, afinal ja tiraram seus simbolos no Sul, como buscam tirar das cédulas do real a inscrição DEUS SEJA LOUVADO, como buscam exterminar programações religosas na TV, como perseguem festas religiosas, como buscam fechar igrejas, e outras coisas mais que me da náuseas, e prefiro aqui me calar.

Pastor Marco Feliciano

Deputado Federal