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terça-feira, 31 de julho de 2012

As eleições 2012 e a ofensiva do Fundamentalismo


Por Julian Rodrigues


Estamos no início da temporada eleitoral. Daqui a pouco as campanhas invadem as TVs. No próximo dia 7 de outubro o Brasil vai às urnas para escolher seus novos vereadores e vereadoras - e seus novos prefeitos e prefeitas. Nas cidades com mais de 200 mil eleitores pode ocorrer segundo turno, que realizar-se-á no dia 28 de outubro.

O cenário no qual se acontecem essas eleições - no que se refere ao avanço da agenda da cidadania LGBT - não é dos melhores. Pelo contrário. Embora tenha aumentado o número de pessoas assumidamente LGBT a se candidatar - a ABGLT está organizando uma lista, inclusive com candidatos e candidatas aliadas (http://www.abglt.org.br/port/eleicoes2012.php) – há vários sinais de que crescerá a influência política e a representatividade do fundamentalismo religioso nessas eleições. Sobretudo nas casas legislativas.

Os reacionários querem reeditar o cenário de 2010, quando uma aliança “santa” entre evangélicos pentecostais/neopentecostais e bispos católicos conseguiu colocar no centro da campanha presidencial o debate relacionado aos direitos reprodutivos das mulheres (aborto legal) e sobre reconhecimento dos direitos da população LGBT.

Foi nesse momento que um dos ícones da homofobia militante no Brasil, Silas Malafaia, apoiou Serra (que surfou no conservadorismo mais rasteiro). Dilma, por outro lado, fez uma “carta aos cristãos” e se comprometeu a congelar a agenda feminista em seu governo (e, agora percebemos, também a do movimento LGBT). Enquanto isso, Marina (quase pastora) pregava contra o casamento homossexual – coisinha trivial para quem já defendeu o criacionismo.

As consequências desse movimento regressivo e anti-laico foram sentidas demais da conta. Governos municipais, estaduais – e o governo federal – recuaram na execução de políticas afirmativas dos direitos LGBT. E a homofobia cresceu a olhos vistos, em todo o Brasil.

Em 2012 não é diferente. O obscurantismo quer avançar mais. A Assembleia de Deus , por exemplo, se prepara para eleger um vereador em cada cidade do Brasil.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro, essa igreja (a do Malafaia) apoia quem está na frente das pesquisas para prefeito. Serra e Paes, respectivamente. No Rio é mais preocupante ainda, porque o prefeito Eduardo Paes foi um aliado. Criou a coordenadoria LGBT (dirigida pelo Carlos Tufvesson, personalidade de destaque, estilista talentoso e militante comprometido) e fez várias ações. Depois da aliança com o homofóbico pastor o que sobreviverá da nossa pauta em um eventual próximo governo carioca ?

Essa desenvoltura com que as igrejas cristãs atuam no espaço público e partidário com sua pauta moral -teológica (que é política, na verdade), intimida candidatos e candidatas de todos partidos. Embora geralmente se abriguem nas agremiações de direita e centro-direita, os fundamentalistas religiosos são flexíveis, pragmáticos. Incidem (ou chantageiam) candidaturas de todo o espectro ideológico. Fazem o que for melhor, em cada cidade, para seus interesses imediatos.

Os princípios fundamentais dos direitos humanos, da democracia, do pluralismo e da laicidade do Estado não fazem parte do repertório dos líderes cristão fundamentalistas. Anuncia-se uma onda conservadora de grandes proporções.

Como o Brasil não é os Estados Unidos há espaço, condições e tempo para uma reação progressista. Antes que as trevas avancem demais.


Sobre o autor

Julian Rodrigues, é membro do grupo Corsa, ativista da Aliança Paulista LGBT e consultor da ABGLT.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A estratégia de Malafaia ou quando mentir é um bom negócio

Por Walter Silva

Nota de Espiritualidade InclusivaEste texto foi postado pelo amigo Walter Silva no Facebook nesta tarde e imediatamente percebemos a importância de repostá-lo aqui, dados os ótimos argumentos e informações úteis para confrontar o descalabro do tão noticiado livro do Reverendo Louis Sheldon (EUA), traduzido e publicado pelo Pastor Silas Malafaia como forma de tocar o horror homofóbico, aumentando a violência contra a comunidade LGBT e instabilizando a paz corrente em nosso país entre setores laicos, de defesa dos Direitos Humanos, movimento LGBT e religiosos em geral.

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Em resposta às acusações de ativistas gays junto ao Ministério Público Federal por conduta discriminatória e incitação à violência o pastor Silas Malafaia da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, da Penha, no Rio de Janeiro, lançou o livro “A estratégia: o plano dos homossexuais para transformar a sociedade’’.

O lançamento do livro, naturalmente, é uma cortina de fumaça e também vai de encontro às ambições de Malafaia na construção de uma ditadura de crentes e derrocada do secularismo. Com efeito, enquanto o pastor se ocupa de atacar o movimento gay e processar os ativistas LGBT, inexplicavelmente faz silêncio a respeito da bizarra associação das Assembleias de Deus com a seita do Reverendo Moon, envolvido nos escândalos mais burlescos, tais como prisão por sonegação fiscal e o aliciamento de menores.

O livro “A estratégia’’ foi escrito pelo reverendo Louis Sheldon, conhecido nos EUA como “Lou Sheldon’’, fundador da Traditional Values Coalition, uma organização categorizada pela Southern Poverty Law Center (entidade de defesa dos direitos civis) como grupo de ódio.

A Traditional values Coalition é um grupo pequeno, mas influente entre os conservadores, basicamente formada pelo Reverendo Lou Sheldon e sua filha, Andrea Sheldon Lafferty, tão maluca quanto o pai; certa ocasião ela afirmou ter enfrentado uma bruxa que jogou feitiços sobre o Senado.

Sheldon foi bastante longe no seu extremismo anti-gay, o suficiente até mesmo para o comentarista conservador Tucker Carlson que o entrevistava ficar chocado com o seu nível de ignorância. Carlson mencionou que Sheldon havia dito que o maior problema que os bairros negros enfrentam atualmente é a homossexualidade.

"A homossexualidade é o maior problema nos bairros de periferia e cidades do interior? Maior que o desemprego? Maior que a violência? Maior que a pobreza? O que o reverendo Lou tinha dito era bizarro e assustador também", reagiu Carlson posteriormente.

Ele também disse que Sheldon era um “esquisitão’’ e “charlatão’’, por pregar que os gays são imorais enquanto embolsava dinheiro corrupto de Abramoff. A fundação de Sheldon foi acusada de receber propina de um cliente do Lobista de cassinos Jack Abramoff como parte de um dinheiro empregado para derrubar uma lei que criminalizava a jogatina. Segundo o Washington Post, Abramoff chamava Sheldon de “Louie sortudo’’.

A Traditional Values Coalition há muito proclamava sua hostilidade contra o jogo, e envolveu-se também em uma cruzada contra ele. Então, enquanto Sheldon admoestava os americanos declarando que a agenda homossexual estava a destruir a fibra moral da América, ele secretamente tomava o partido dos interesses que publicamente rejeitava.

Essa hipocrisia descarada escandalizou a direita conservadora dos EUA, mas não parece deter os paladinos da moral e dos bons costumes em terras brasileiras, que continuam a apoiar-se em mentiras e apostando na difamação para negar os direitos civis de pessoas LGBT.

A imprensa gospel recebeu o lançamento do livro “A estratégia’’ com bastante animação, e geralmente em dando um tom de revelação “bombástica’’; e a imprensa gay? Marcelo Cia, do site MixBrasil, disse estar “louco’’ para ler o livro. Revelou que a sinopse era bastante sedutora, talvez gracejando. Afirmou que estava bastante ansioso para saber a respeito da estratégia que o autor do livro descobriu. Sobre a estratégia dos gays para dominar o mundo é mesmo aceitável que ele não saiba nada, posto que não há estratégia nenhuma.

A respeito da estratégia dos grupos de ódio para impor uma ditadura religiosa e deter o avanço dos direitos civis das minorias, porém, é lamentável e uma desgraça que os ativistas LGBT não consigam ser capazes de escrever uma única linha decente.

Sobre o autor


Walter silva é ativista LGBT (assim o reconhecemos, dada a qualidade do material acima) e mora em mora em Belém (Paraíba).