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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Não é o que entra pela boca o que contamina o homem...

Por Valéria Nagy

Pegando carona no post de Claudiney Prieto, que discorreu sobre a Wicca e a polaridade, e raciocinando em cima de certos conceitos e lógicas, penso: somos corpos biologicamente formados com órgãos masculino/ feminino. Ok. Esses corpos definem-se durante a gestação. Porém, o espírito já está determinado antes do corpo ser macho ou fêmea. E espíritos são energias possuidoras das duas polaridades, não tem sexo; carregam ambas as forças. E, antes de sermos homem ou mulher, somos espírito. Então, o argumento da polaridade (masculino e feminino/ negativa e positiva) no sentido de condenar a homossexualidade, a meu ver, não tem fundamento.

Muito se diz sobre a questão de os homossexuais não procriarem, o que seria antinatural, portanto, errado. Mas quem disse que os homossexuais não podem procriar? Ora, biologicamente, como casais, sim, não há como duas pessoas do mesmo sexo conceberem um filho, por razões, repito, biológicas. Mas ambos, homem e mulher, continuam a ter em seus corpos a capacidade biológica da procriação. Portanto, não concordo com o termo "aborto da natureza" (explicação do fundador da Wicca quanto aos homossexais), termo, aliás, que não tem sentido algum, visto que algo que é abortado é descartado, e os homossexuais existem e vivem normalmente, trabalham, pagam impostos, comem, dormem etc., correto? Este é mais um termo carregado de preconceito que alguém dito "dono de alguma verdade" disse em algum momento. Para se ter filhos, não precisamos estar casados, não é mesmo? E hoje temos avanços da Ciência a esse respeito, que possibilita a procriação sem relação sexual.

Pergunto: e quanto aos casais heterossexuais que não têm filhos por opção; ou homens e mulheres que, por alguma razão, são ou se tornam estéreis? Seriam eles também "abortos da natureza" por não procriarem? Pois isso não é difícil de se encontrar. Ora, se toda a celeuma se dá pelo fato de poder ou não poder procriar... questiono.

No campo religioso, padres e freiras são também "abortos da natureza"? Bem, o que dizer das milhares de cenas abomináveis de fetos mortos em porões de conventos e padres pedófilos? Não vou, neste momento, entrar nessa questão, só pensemos...

E quantos homossexuais, homens e mulheres, têm filhos? Vários. Porque a homossexulidade é movida a sentimento, não tem a ver apenas com o corpo. Não é incomum encontrar homens e mulheres que se casaram ou tiveram relacionamentos heterossexuais, tiveram filhos, mas apaixonaram-se por pessoas do mesmo sexo em algum momento da vida, descobrindo seus verdadeiros sentimentos. O que dizer dessas pessoas, em que "categoria" elas se encaixam? Me respondam, por favor.

Em quase todas as doutrinas religiosas, a homossexualidade é condenada pelo fato de "bloquear" a natureza, por não ser possível procriar. O papa Bento 16 anunciou esses dias que a Igreja Católica não aceita o casamento entre pessoas do mesmo sexo e que isso é uma ameaça à humanidade. Quanta intolerância esses líderes religiosos proclamam por meio de suas línguas venosas! Ameaça a quê? Somos mais de 7 bilhões de seres humanos, o planeta não está nem conseguindo sustentar tanta gente, e estamos ameaçados pelos gays? O que essas pessoas tentam é justificar o injustificável; querem tornar mentira a verdade. E, infelizmente, a grande massa prefere fechar os olhos e os ouvidos à realidade... Lembro-me de Jesus, quando disse: Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai do homem é o que o contamina (Marcos 7:15). Não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto, sim, contamina o homem (Mateus 15:11). O que o Mestre Jesus nos expôs aqui é que não importa como você se alimenta, o que entra pela boca o próprio organismo vai eliminar depois. Mas o que sai da boca (as palavras, os sentimentos, o que vem do coração), isso sim contamina o homem. Ou seja, se você proclama ódios, espalhará ódios, contaminado a si mesmo e à sociedade ao seu redor. A palavra tem força, pois sai do coração.

Hoje vemos belíssimas histórias de casais homossexuais adotando crianças e formando suas famílias. Quantos bebês são abandonados pelas mães, todos os dias? Ah, claro, essas mães que jogam seus bebês nas lixeiras do mundo não são pecadoras, afinal, elas tiveram relação sexual com um homem e isso não é pecado. E os homens que engravidam mulheres e as forçam a fazer aborto? Tudo bem, o que importa é que eles não são gays... Os homossexuais viraram uma espécie de bode-expiatório planetário e daqui a pouco tudo será permitido, desde que não se seja homossexual... Vemos aí a chamada homofobia. Ela é perigosa. Estamos à beira da evolução, mas cercados ainda de muita involução.

O mundo precisa de amor; amor verdadeiro, e esse amor não tem cor, nem sexo, nem classe social... Que religiões são essas que pregam Deus com palavras tão agressivas, cheias de ódio, cheia de rancores? O que está errado então? Ninguém é obrigado a aceitar a homossexualidade, mas a verdade sim, todos temos que aceitar. Raciocinemos sobre a isso e pensemos sobre o que é respeito. E, não adianta, evolução é andar para a frente. Podem gritar, bater, xingar, mas o casamento entre pessoas do mesmo sexo já é uma realidade no mundo e vai se tornar cada vez mais. É a Natureza, e ela sempre se impõe mesmo quando há obstáculos. É questão de tempo. E o tempo? O tempo chegou.

Paz Profunda a todos!

Twitter: @nagy_valeria
Facebook: facebook.com/vmnagy/vmnagy

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A passos de tartaruga

Por Valéria Nagy

Antes de deixá-los livres para a leitura de meu texto, quero agradecer a oportunidade que este blog me deu de poder colaborar para o esclarecimento das mentes acerca da homossexualidade. Este sempre foi um assunto tabu, mas que gera sofrimento principalmente àquele ou àquela que passa a sentir amor por outra pessoa do mesmo sexo.

E, por que gera esse sofrimento? Porque a sociedade impôs um modelo de comportamento baseado em pecado e salvação. Colocou Deus como o grande juiz, carrasco e impiedoso, que manda para o inferno quem não obedecer suas leis. Essa sociedade pegou a Bíblia e torceu 700 vezes e fez dela a tábua para o inferno e não a boa nova para o céu. Por isso, as pessoas sentem medo de amar. Meu papel aqui não é ir contra as igrejas ou religiões, mas sim esclarecer as pessoas que precisam de esclarecimento.

Não vou levantar bandeiras, mas vou ajudar a informar aqueles que não tem informação. Isso vale para todos, pois o preconceito nasce da ignorância e somente a informação e a educação pode tirar as pessoas dessa ignorância. Não é preciso ser homossexual para defender seus direitos; não é preciso ser negro para defender seus direitos; não é preciso ser deficiente para defender seus direitos... basta ser gente.

Grande beijo e sintam-se à vontade para escrever para mim, estou no meu blog, no twitter, no facebook, na vida e na Terra. Paz Profunda.

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Notícia da BBC, veiculada pelo site G1, da Globo.com conta que em uma cidade da Espanha, na província de Jaén, um padre católico impede batizado ao descobrir que um dos padrinhos da criança era gay. A família, indignada, escreveu para o arcebispo da província, que respondeu, apoiando (obviamente) a posição do padre, complementando que os padrinhos de um batismo  "devem ser católicos, estar confirmados, terem recebido o santíssimo sacramento da Eucaristia e levar uma vida congruente com a fé e a missão que vão assumir". No caso, a alegação é que o padrinho gay não levava uma "vida congruente". E completa explicando: "Esclarecemos este tema para evitar os juízos sobre uma suposta discriminação na atuação do sacerdote, que apenas reitera a necessidade de cumprir a normativa eclesiástica universal".

A família da criança disse que vai levar o caso aos tribunais, pois está caracterizada a discriminação, a que chamaram "homofobia sacerdotal". O padre receberá ainda um "guia de consciências limpas", distribuído por uma associação que defende os direitos dos homossexuais. Esta associação explica que "a fé cristã e a homossexualidade são compatíveis" e que os gays compreendem que "o avanço das mentalidades é lento. Na Igreja Católica mais lento ainda do que no resto da sociedade, mas há confiança em que este avanço aconteça".

O padrinho em questão cumpriu todas as determinações sacerdotais exigidas para a realização de um batismo, inclusive a de ser casado. Ele é casado com outro homem, já que a legislação espanhola assim permite. A mãe da criança, Dolores Muñoz, declarou: "Perguntaram se pais e padrinhos estavam batizados e confirmados. Depois se todos estávamos casados e respondemos que sim. Nunca pensamos que teríamos que avisar que ele era casado, mas com um homem. As normas, ele cumpria".

Sobre isso, digo:

Que a Igreja Católica é uma das grandes responsáveis históricas pela disseminação da intolerância no mundo, desde as épocas medievais e que, mesmo hoje, essa instituição religiosa insiste em permanecer com sua doutrina mais do que ultrapassada e carcomida, não só ao que se refere aos homossexuais, mas a todos os demais dogmas que têm, ainda, muitas das raízes inquisitórias e marcas de sangue das Cruzadas.

Se a Lei permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o mesmo é válido como casamento legal, assim como entre um homem e uma mulher. Se a exigência sacerdotal para ser padrinho ou madrinha de batismo exige o casamento, o padrinho escolhido assim a cumpriu. A Igreja se viu aí numa encruzilhada, pois não pode negar o casamento legalmente instituído, o que caracterizaria preconceito declarado. Pelo menos não de forma explícita, porque dizer que o homem não tem um a "vida congruente", veladamente foi dito que gays não levam uma vida congruente. Aliás, que diabos é uma vida congruente?!?!

Essa é mais uma história repulsiva de como a sociedade é intolerante e como subvertem a palavra de Deus, que, lembremos, nos pediu, por meio de Jesus, para "amarmos uns aos outros como Ele nos amou". Essa mensagem, por acaso, excluia alguém? Acho que não...

Concordo com a associação que disse que "o avanço das mentalidades é lento. Na Igreja Católica mais lento ainda do que no resto da sociedade, mas há confiança em que este avanço aconteça". Mas completo que esse avanço lento não vale apenas para a Igreja Católica, mas para 99% das relgiões que ainda persistem na Terra. Mas, concluo que o avanço é lento, mas vai acontecer. Enquanto isso, há de se tomar as providências legais, sim, por meio da Justiça.

Paz Profunda a todos!