Por Jéferson Cristian
Guterres de Carvalho
Recebi um desafio de
compartilhar neste espaço uma difícil, mas não impossível missão:
espiritualidade inclusiva. Sim, digo difícil por que somos
hipócritas ao dizer que adoramos um Deus que une os povos e ama a
todos e a todas sem distinção de classe social, etnia, sexualidade
ou religiosidade, mas continuamos “inundados” em pré-conceitos
que atravessaram o tempo desde a era medieval na Europa e vêm em
pleno século XXI em uma sociedade que se diz mais politizada e
compreensiva. Fico imaginando a indignação de Deus ao enviar seu
filho à Terra, entregando seu corpo e sangue por nós para que não
maltratássemos o próximo e a próxima, e de repente vemos nos
noticiários pessoas assassinadas por falsos movimentos ideológicos
porque sua orientação sexual era diferentes destes. Quando penso em
espiritualidade, melhor, quando a vivencio em meu dia-a-dia, vejo um
mundo onde a felicidade é para todos e todas e onde ninguém critica
o modo de pensar ou agir de cada um e cada uma.
Vivemos em um país que
foi construído por diversas nacionalidades, tendo uma incrível e
bela miscigenação que constitui um povo de múltipla beleza. E,
como podemos ter esta riqueza genética em nosso povo e continuar
matando uns aos outros, ou umas às outras, por coloração de pele
ou modo de agir? Acredito que no início dos tempos, ou melhor, na
pré-história, quando o(a) primata que deu origem à primeira
espécie humana em nosso planeta, por não ter uma racionalidade como
temos nos dias de hoje, provavelmente não compreendia que a ação
sexual deveria ser hétero, a deve ter consumado com seres de mesmo
sexo, e para eles e elas isso era normal. Temos também exemplos
durante nossa história de autoridades políticas gregas, romanas,
egípcias, e demais períodos em que se consumava o ato sexual com
pessoas do mesmo sexo e não era considerado alguma agressão a moral
e bons costumes, valores este criados por uma sociedade, ou melhor,
por um governo que temia uma revolta do povo, e que criou certas
regras de etiqueta a partir de uma imposição religiosa para que
tivessem sempre o controle da situação. É fácil uma religião se
utilizar de Deus, ou outro tipo de divindade, para favorecer seus
interesses e de seu governo.
A liberdade religiosa
deve ser uma dádiva não apenas de poucos, mas de todos,
independente de sua orientação sexual, pois conheci um Jesus humano
que vivia no meio dos(as) excluídos(as) sentado ao chão, comendo de
pão puro e bebendo apenas água em copo de barro sujo, abraçando
leprosos, perdoando falsos pecados impostos pela sociedade da época
e amando seu próximo e sua próxima. Os templos religiosos não
podem mais a renunciar seus fiéis, pois se assim o fizerem, deixarão
de ser religiões e serão instituições homofóbicas e
preconceituosas. E, digo com toda a veracidade que ao ler e pesquisar
sobre as religiões em diferentes continentes para escrever este
artigo não encontrei nenhuma DIVINDADE que seja contra a pessoa que
tem sua orientação sexual definida: independente se é
heterossexual ou se é homossexual, pois conforme a filosofia de cada
religião, seita, doutrina ou sociedade, o importante é viver na paz
e no amor se beneficiando de suas atitudes mais do que de seus
pensamentos.
Sobre o autor
Jéferson Cristian
Guterres de Carvalho é vice-presidente do Conselho Municipal de
Juventude do município de Canoas – RS; militante da Pastoral da
Juventude do Rio Grande do Sul (Vicariato Episcopal de Canoas no
grupo de jovens JOCRE); graduando em bacharel em História na
Universidade Luterana do Brasil – Campus Canoas; militar da Força
Aérea Brasileira; colaborador da Coordenadoria Municipal de
Políticas de Diversidade do município de Canoas.
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