sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Inclusão na Espiritualidade


Por Jéferson Cristian Guterres de Carvalho


Recebi um desafio de compartilhar neste espaço uma difícil, mas não impossível missão: espiritualidade inclusiva. Sim, digo difícil por que somos hipócritas ao dizer que adoramos um Deus que une os povos e ama a todos e a todas sem distinção de classe social, etnia, sexualidade ou religiosidade, mas continuamos “inundados” em pré-conceitos que atravessaram o tempo desde a era medieval na Europa e vêm em pleno século XXI em uma sociedade que se diz mais politizada e compreensiva. Fico imaginando a indignação de Deus ao enviar seu filho à Terra, entregando seu corpo e sangue por nós para que não maltratássemos o próximo e a próxima, e de repente vemos nos noticiários pessoas assassinadas por falsos movimentos ideológicos porque sua orientação sexual era diferentes destes. Quando penso em espiritualidade, melhor, quando a vivencio em meu dia-a-dia, vejo um mundo onde a felicidade é para todos e todas e onde ninguém critica o modo de pensar ou agir de cada um e cada uma.

Vivemos em um país que foi construído por diversas nacionalidades, tendo uma incrível e bela miscigenação que constitui um povo de múltipla beleza. E, como podemos ter esta riqueza genética em nosso povo e continuar matando uns aos outros, ou umas às outras, por coloração de pele ou modo de agir? Acredito que no início dos tempos, ou melhor, na pré-história, quando o(a) primata que deu origem à primeira espécie humana em nosso planeta, por não ter uma racionalidade como temos nos dias de hoje, provavelmente não compreendia que a ação sexual deveria ser hétero, a deve ter consumado com seres de mesmo sexo, e para eles e elas isso era normal. Temos também exemplos durante nossa história de autoridades políticas gregas, romanas, egípcias, e demais períodos em que se consumava o ato sexual com pessoas do mesmo sexo e não era considerado alguma agressão a moral e bons costumes, valores este criados por uma sociedade, ou melhor, por um governo que temia uma revolta do povo, e que criou certas regras de etiqueta a partir de uma imposição religiosa para que tivessem sempre o controle da situação. É fácil uma religião se utilizar de Deus, ou outro tipo de divindade, para favorecer seus interesses e de seu governo.

A liberdade religiosa deve ser uma dádiva não apenas de poucos, mas de todos, independente de sua orientação sexual, pois conheci um Jesus humano que vivia no meio dos(as) excluídos(as) sentado ao chão, comendo de pão puro e bebendo apenas água em copo de barro sujo, abraçando leprosos, perdoando falsos pecados impostos pela sociedade da época e amando seu próximo e sua próxima. Os templos religiosos não podem mais a renunciar seus fiéis, pois se assim o fizerem, deixarão de ser religiões e serão instituições homofóbicas e preconceituosas. E, digo com toda a veracidade que ao ler e pesquisar sobre as religiões em diferentes continentes para escrever este artigo não encontrei nenhuma DIVINDADE que seja contra a pessoa que tem sua orientação sexual definida: independente se é heterossexual ou se é homossexual, pois conforme a filosofia de cada religião, seita, doutrina ou sociedade, o importante é viver na paz e no amor se beneficiando de suas atitudes mais do que de seus pensamentos.


Sobre o autor


Jéferson Cristian Guterres de Carvalho é vice-presidente do Conselho Municipal de Juventude do município de Canoas – RS; militante da Pastoral da Juventude do Rio Grande do Sul (Vicariato Episcopal de Canoas no grupo de jovens JOCRE); graduando em bacharel em História na Universidade Luterana do Brasil – Campus Canoas; militar da Força Aérea Brasileira; colaborador da Coordenadoria Municipal de Políticas de Diversidade do município de Canoas.

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