terça-feira, 31 de julho de 2012

As eleições 2012 e a ofensiva do Fundamentalismo


Por Julian Rodrigues


Estamos no início da temporada eleitoral. Daqui a pouco as campanhas invadem as TVs. No próximo dia 7 de outubro o Brasil vai às urnas para escolher seus novos vereadores e vereadoras - e seus novos prefeitos e prefeitas. Nas cidades com mais de 200 mil eleitores pode ocorrer segundo turno, que realizar-se-á no dia 28 de outubro.

O cenário no qual se acontecem essas eleições - no que se refere ao avanço da agenda da cidadania LGBT - não é dos melhores. Pelo contrário. Embora tenha aumentado o número de pessoas assumidamente LGBT a se candidatar - a ABGLT está organizando uma lista, inclusive com candidatos e candidatas aliadas (http://www.abglt.org.br/port/eleicoes2012.php) – há vários sinais de que crescerá a influência política e a representatividade do fundamentalismo religioso nessas eleições. Sobretudo nas casas legislativas.

Os reacionários querem reeditar o cenário de 2010, quando uma aliança “santa” entre evangélicos pentecostais/neopentecostais e bispos católicos conseguiu colocar no centro da campanha presidencial o debate relacionado aos direitos reprodutivos das mulheres (aborto legal) e sobre reconhecimento dos direitos da população LGBT.

Foi nesse momento que um dos ícones da homofobia militante no Brasil, Silas Malafaia, apoiou Serra (que surfou no conservadorismo mais rasteiro). Dilma, por outro lado, fez uma “carta aos cristãos” e se comprometeu a congelar a agenda feminista em seu governo (e, agora percebemos, também a do movimento LGBT). Enquanto isso, Marina (quase pastora) pregava contra o casamento homossexual – coisinha trivial para quem já defendeu o criacionismo.

As consequências desse movimento regressivo e anti-laico foram sentidas demais da conta. Governos municipais, estaduais – e o governo federal – recuaram na execução de políticas afirmativas dos direitos LGBT. E a homofobia cresceu a olhos vistos, em todo o Brasil.

Em 2012 não é diferente. O obscurantismo quer avançar mais. A Assembleia de Deus , por exemplo, se prepara para eleger um vereador em cada cidade do Brasil.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro, essa igreja (a do Malafaia) apoia quem está na frente das pesquisas para prefeito. Serra e Paes, respectivamente. No Rio é mais preocupante ainda, porque o prefeito Eduardo Paes foi um aliado. Criou a coordenadoria LGBT (dirigida pelo Carlos Tufvesson, personalidade de destaque, estilista talentoso e militante comprometido) e fez várias ações. Depois da aliança com o homofóbico pastor o que sobreviverá da nossa pauta em um eventual próximo governo carioca ?

Essa desenvoltura com que as igrejas cristãs atuam no espaço público e partidário com sua pauta moral -teológica (que é política, na verdade), intimida candidatos e candidatas de todos partidos. Embora geralmente se abriguem nas agremiações de direita e centro-direita, os fundamentalistas religiosos são flexíveis, pragmáticos. Incidem (ou chantageiam) candidaturas de todo o espectro ideológico. Fazem o que for melhor, em cada cidade, para seus interesses imediatos.

Os princípios fundamentais dos direitos humanos, da democracia, do pluralismo e da laicidade do Estado não fazem parte do repertório dos líderes cristão fundamentalistas. Anuncia-se uma onda conservadora de grandes proporções.

Como o Brasil não é os Estados Unidos há espaço, condições e tempo para uma reação progressista. Antes que as trevas avancem demais.


Sobre o autor

Julian Rodrigues, é membro do grupo Corsa, ativista da Aliança Paulista LGBT e consultor da ABGLT.

domingo, 29 de julho de 2012

Respostas dos candidatos às Dez Perguntas do Movimento Espiritualidade Inclusiva sobre Direitos LGBT


Por Espiritualidade Inclusiva



[Postagem constantemente atualizada conforme recebimento das respostas]

Já estamos enviando a cartilha criada pelo Movimento Espiritualidade Inclusiva para apoiadores e candidatos a Prefeito e Vereador no Brasil inteiro. Esta cartilha contém DEZ perguntas aos candidatos sobre seu comprometimento – ou não – com as demandas da comunidade LGBT brasileira. Confira o texto completo em http://espiritualidadeinclusiva.blogspot.com.br/2012/07/movimento-espiritualidade-inclusiva-nas.html

À medida que as respostas nos forem sendo enviadas, postaremos aqui, dividindo os candidatos por Estado e Cidade.

Confiram o que já chegou (as respostas dos candidatos estão sendo publicadas EXATAMENTE como recebidas, sem qualquer correção ortográfica ou de formatação):


ES

Toninho Lopes (candidato a Vereador – PSB 40123)

1 – Quais são suas propostas específicas para a inclusão: da mulher, do negro, do idoso, dos portadores de necessidades especiais, das minorias sexuais, do laicismo, da liberdade religiosa e pelo fim da discriminação social? R. O vereador tem um importante papel que é o de de fiscalizar o poder executivo. Pretendo ser vigilante na aplicação das leis existentes para a proteção dos direitos de grupos vulneráveis (negros, mulheres, pessoas com deficiencia,juventude, idosos, etc..). Por exemplo: Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Idoso, Estatuto da Igualdade Racial e Lei Maria da Penha. Mas também vou propor leis na esfera municipal que protejam os direitos desses grupos sociais. Um exemplo é a inclusão do dia de combate a homofobia no calendário municipal.

2 – Você estaria disposto em sua plataforma a defender a diversidade familiar como perfeitamente viável, considerando a orientação LGBT e a família homo-parental (além de um pai e uma mãe, também a possibilidade de dois pais ou duas mães), considerando a decisão favorável do STF sobre a união estável homo-afetiva? R. Sim. Não poderia ser diferente. Até por que fui um dos beneficiados dessa decisão do STF. Vivo em união estável há 13 anos. Luto para que um dia tenhamos regulamentado no Brasil o casamento civil igualitário.

3 – Após eleito, você estaria disposto a criar (se candidato a Prefeito) ou propor a criação (se candidato a Vereador) de uma Coordenadoria de Diversidade Sexual eficaz que realmente atenda às demandas LGBT em nossa cidade? R. Em Vitória já dispomos de uma coordenação. Vou lutar para fomentar mais ações.

4 – Você é defensor declarado do Estado Laico ou acha que a religião tem o direito de interferir nas decisões legislativas de toda a nação, considerando que ela é formada por pessoas de múltiplas crenças e mesmo de nenhuma? R. Sim, defendo veementemente o estado laico.

5 – Uma vez eleito, você se compromete a defender os Direitos dos LGBTs já conquistados (em conformidade com o Artigo VII da Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Artigo 3º inciso IV da Constituição da República Federativa do Brasil que tangem a igualdade, o direito e a proteção contra qualquer discriminação)? R. Sim, sou educador, trabalho pela inclusão da educação em direitos humanos em todos os níveis de ensino, em conformidade com o Plano Nacional de Educação de Direitos Humanos. Vou trabalhar para que as diretrizes para a educação em direitos humanos, recentemente homologadas pelo Ministro da Educação, sejam efetivamente postas em prática na capital do Espírito Santo.

6 – Se eleito, você se dispõe a desenvolver projetos visando ampliar os Direitos dos LGBTs em nossa cidade, levando à votação de leis municipais pró-LGBT, dentro do possível? R. Sim , dentro das funções de um vereador, direitos de LGBT serão pautados em todo o mandato.

7 – Você concorda com a aprovação da uma lei anti-homofobia em nível nacional? R. Sim, concordo plenamente.

8 – Você estaria disposto a se comprometer em desenvolver um projeto de lei municipal no mesmo sentido – uma lei anti-homofobia municipal? R. Sim, comprometo-me. No Espírito Santo existe lei neste sentido no municipio de Coaltina. Pretendo seguir o exemplo.

9 – Você se comprometeria a desenvolver o Programa Sem Homofobia em nossa cidade (caso ainda não haja), como forma de ampliar a luta contra o preconceito aos LGBTs? R. O Programa foi institucionalizado na forma de coordenação. Vou dar total apoio no sentido de fortalece-lo.

10 – Você se compromete a não ser apenas expectador, mas um protagonista na busca pela Cidadania LGBT, uma vez que os gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais são um grupo menosprezado, atacado – inclusive fisicamente, excluído e sem direitos isonomicamente equiparados aos heterossexuais? R. Já sou um protagonista na medida que sou militante na defesa dos direitos de LGBT. Sou um dos coordenadores do Fórum Estadual LGBT. Também coordenei um projeto de formação de professores e professoras para a educação para a diversidade.

Toninho Lopes (candidato a Vereador – PSB 40123) – Vitória – ES

MG

PR

RJ

Dr. Allan Ponts (candidato a Vereador – PPS 23856)

1 – Quais são suas propostas específicas para a inclusão: da mulher, do negro, do idoso, dos portadores de necessidades especiais, das minorias sexuais, do laicismo, da liberdade religiosa e pelo fim da discriminação social? R: Inclusão de todos, pois não faço diferenças entre as pessoas, seja pela idade, sexo, cor, minorias sejam de qualquer ordem. Direito é direito.

2 – Você estaria disposto em sua plataforma a defender a diversidade familiar como perfeitamente viável, considerando a orientação LGBT e a família homo-parental (além de um pai e uma mãe, também a possibilidade de dois pais ou duas mães), considerando a decisão favorável do STF sobre a união estável homo-afetiva? R: Penso que cada um faz suas escolhas e jamais proibiria ou coibiria e se houver ocasião para assinar, assinarei favoravelmente.

3 – Após eleito, você estaria disposto a criar (se candidato a Prefeito) ou propor a criação (se candidato a Vereador) de uma Coordenadoria de Diversidade Sexual eficaz que realmente atenda às demandas LGBT em nossa cidade? R: Sim, com certeza.

4 – Você é defensor declarado do Estado Laico ou acha que a religião tem o direito de interferir nas decisões legislativas de toda a nação, considerando que ela é formada por pessoas de múltiplas crenças e mesmo de nenhuma? R: Estado laico, já!

5 – Uma vez eleito, você se compromete a defender os Direitos dos LGBTs já conquistados (em conformidade com o Artigo VII da Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Artigo 3º inciso IV da Constituição da República Federativa do Brasil que tangem a igualdade, o direito e a proteção contra qualquer discriminação)? R: Sempre!!!

6 – Se eleito, você se dispõe a desenvolver projetos visando ampliar os Direitos dos LGBTs em nossa cidade, levando à votação de leis municipais pró-LGBT, dentro do possível? R: Direito é de todos. Buscaria sim um Estado mais igualitário, pois ampliar os dos LGBTs, estaria discriminando. Sou a favor da causa ou das causas LGBTS, mas também, sem protecionismo.

7 – Você concorda com a aprovação da uma lei anti-homofobia em nível nacional? R: Imediatamente!!!

8 – Você estaria disposto a se comprometer em desenvolver um projeto de lei municipal no mesmo sentido – uma lei anti-homofobia municipal? R: Imediatamente!!!

9 – Você se comprometeria a desenvolver o Programa Sem Homofobia em nossa cidade (caso ainda não haja), como forma de ampliar a luta contra o preconceito aos LGBTs? R: Sim!

10 – Você se compromete a não ser apenas expectador, mas um protagonista na busca pela Cidadania LGBT, uma vez que os gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais são um grupo menosprezado, atacado – inclusive fisicamente, excluído e sem direitos isonomicamente equiparados aos heterossexuais? R: Já sou!

Dr.Allan Ponts (Participante do Grupos NÃO HOMOBIA, LESBOFOBIA, NOSSOS TONS, GAY 1 (PORTAL), HÁ ANOS. PPS 23856 – Cidade do Rio de Janeiro
Facebook: Allan Ponts Ponts; Twitter: @drallanponts


RN

Leo Lobato (candidato a Vereador – PT 13024)

1 – Quais são suas propostas específicas para a inclusão: da mulher, do negro, do idoso, dos portadores de necessidades especiais, das minorias sexuais, do laicismo, da liberdade religiosa e pelo fim da discriminação social? R. Nossa candidatura tem o compromisso com a educação crítica nas escolas que pode ser conduzida a promover a autonomia dos sujeitos. Com uma pedagogia voltada a reflexão e o senso crítico os próprios sujeitos buscarão juntos e lutarão pela sua inclusão em todos os níveis sociais e econômicos. Acredito que com um trabalho nas escolas as exclusões serão diminuídas, pois as violências, discriminações e preconceitos são frutos da ignorância e da desinformação. Temos como valores a manutenção do Estado Laico no âmbito do que é público e esta candidatura é favorável as manifestações religiosas de toda ordem, seja ela cristã, de matrizes africanas, etc.

2 – Você estaria disposto em sua plataforma a defender a diversidade familiar como perfeitamente viável, considerando a orientação LGBT e a família homo-parental (além de um pai e uma mãe, também a possibilidade de dois pais ou duas mães), considerando a decisão favorável do STF sobre a união estável homo-afetiva? R. Com toda a certeza. Acredito que a formação familiar não está limitada a questão de sexo ou procriação. Temos diversos exemplos de famílias que são formadas nas mais diversas possibilidades e estas tem todo o direito de serem reconhecidas pelo Estado.

3 – Após eleito, você estaria disposto a criar (se candidato a Prefeito) ou propor a criação (se candidato a Vereador) de uma Coordenadoria de Diversidade Sexual eficaz que realmente atenda às demandas LGBT em nossa cidade? R. Este é um dos objetivo do pretendido mandato. Que proporá também a formação e capacitação de servidores públicos para lidar com a diversidade e em consonância com os Direitos Humanos.

4 – Você é defensor declarado do Estado Laico ou acha que a religião tem o direito de interferir nas decisões legislativas de toda a nação, considerando que ela é formada por pessoas de múltiplas crenças e mesmo de nenhuma? R. Acredito ser a religião algo da intimidade de cada indivíduo. Portanto não devendo tais questões de ordem do privado interferirem na atividade legislativa, pública.

5 – Uma vez eleito, você se compromete a defender os Direitos dos LGBTs já conquistados (em conformidade com o Artigo VII da Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Artigo 3º inciso IV da Constituição da República Federativa do Brasil que tangem a igualdade, o direito e a proteção contra qualquer discriminação)? R. Já tenho tal postura mesmo sem ser eleito e durante anos da minha vida no movimento social LGBT e dos Direitos Humanos.

6 – Se eleito, você se dispõe a desenvolver projetos visando ampliar os Direitos dos LGBTs em nossa cidade, levando à votação de leis municipais pró-LGBT, dentro do possível? R. Essa é uma das metas de nosso pretendida mandato.

7 – Você concorda com a aprovação da uma lei anti-homofobia em nível nacional? R. Sim, por mais que somente a lei sozinha não sirva para que a homofobia seja erradicada da sociedade.

8 – Você estaria disposto a se comprometer em desenvolver um projeto de lei municipal no mesmo sentido – uma lei anti-homofobia municipal? R. Sim, bem como criar mecanismos educativos para que seja a homofobia, o racismo e a misoginia apenas palavras que constaram nos vocabulários, como uma triste lembrança.

9 – Você se comprometeria a desenvolver o Programa Sem Homofobia em nossa cidade (caso ainda não haja), como forma de ampliar a luta contra o preconceito aos LGBTs? R. Sim, sem dúvidas.

10 – Você se compromete a não ser apenas expectador, mas um protagonista na busca pela Cidadania LGBT, uma vez que os gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais são um grupo menosprezado, atacado – inclusive fisicamente, excluído e sem direitos isonomicamente equiparados aos heterossexuais? R. Como já disse antes, esta já é uma ação que tenho tido a muitos anos.

Leo Lobato (candidato a Vereador – PT 13024) – Natal – RN

RS

Paulinho de Odé (candidato a Vereador - PT 13777)

OBS: O candidato preferiu responder a todas as dez perguntas em vídeo, comprometendo-se com suas respostas, para posterior cobrança dos eleitores. Assistam:




http://www.youtube.com/watch?v=g-IwgxHNoqI

Paulinho de Odé (candidato a Vereador - PT 13777) - Canoas - RS
http://paulinhodeode.blogspot.com
2012ode@gmail.com

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Paulinho Carvalho (candidato a Vereador – PT 13123)

1 – Quais são suas propostas específicas para a inclusão: da mulher, do negro, do idoso, dos portadores de necessidades especiais, das minorias sexuais, do laicismo, da liberdade religiosa e pelo fim da discriminação social? R. Nossa cultura ainda tem muito a avançar em relação à inclusão social, visto que ainda encontramos pessoas fazendo críticas à igualdade de direitos, onde uma grande parte não aceitam aqueles que têm como opção outros padrões e opções de vida não pré-determinados e estabelecidos no contexto social em que nos encontramos.

Desta forma como cidadão, mesmo antes de estar candidato a vereador, sempre lutei e continuarei lutando contra qualquer tipo de preconceito e discriminação, através de uma sociedade mais humana, justa e solidária.

2 – Você estaria disposto em sua plataforma a defender a diversidade familiar como perfeitamente viável, considerando a orientação LGBT e a família homo-parental (além de um pai e uma mãe, também a possibilidade de dois pais ou duas mães), considerando a decisão favorável do STF sobre a união estável homo-afetiva? R. Ao mencionar que sou contra a qualquer tipo de discriminação e a favor da Inclusão Social, sou defensor de projetos que realizamos, visando que qualifiquem e dignifiquem os cidadãos, fazendo valer e respeitando seus direitos.

Mesmo se não for eleito, sou defensor da Diversidade familiar, pois entre tantos direitos já adquiridos e conquistados, com luta, garra e determinação, ainda é preciso fortalecê-los fazendo valer a legislação do Estatuto da Diversidade Sexual, que defende a união conjugal de homosexuais, o reconhecimento das uniões homoafetivas no âmbito do direito de família, das sucessões, previdenciário e trabalhista, o direito ao casamento, à união estável, à adoção, ao uso das práticas de reprodução assistida, à proteção contra a violência doméstica, à herança, à licença-natalidade paralelo á aprovação e realidade jurídica, sou a favor sim, considerando e respeitando as decisões do STF.

3 – Após eleito, você estaria disposto a criar (se candidato a Prefeito) ou propor a criação (se candidato a Vereador) de uma Coordenadoria de Diversidade Sexual eficaz que realmente atenda às demandas LGBT em nossa cidade? R. É de suma importância um espaço que vise e que possa garantir efetivamente a cidadania e os direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) vítimas da homofobia, lesbofobia e transfobia. Em Canoas, precisamos de um espaço que ofereça acompanhamento jurídico, psicológico e de serviço social, além de articular e fortalecer uma rede de proteção.

4 – Você é defensor declarado do Estado Laico ou acha que a religião tem o direito de interferir nas decisões legislativas de toda a nação, considerando que ela é formada por pessoas de múltiplas crenças e mesmo de nenhuma? R. Acredito nas sociedades democráticas onde o livre exercício da liberdade religiosa é um princípio fundamental, e o Estado deve, necessariamente, assegurar sua proteção. Ocorre que a liberdade religiosa não se refere só à liberdade de consciência privada. Refere-se, igualmente, ao direito a cada um, e de toda a comunidade, de exprimir publicamente suas crenças e de praticar seu culto.

Um Estado democrático deve, aliás, zelar, por uma sociedade pluralista, para que todas as
comunidades tenham, nessa questão, direitos iguais. Para isto é necessário que a livre expressão das crenças e das práticas religiosas não transgrida em nenhum momento a ordem pública.

5 – Uma vez eleito, você se compromete a defender os Direitos dos LGBTs já conquistados (em conformidade com o Artigo VII da Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Artigo 3º inciso IV da Constituição da República Federativa do Brasil que tangem a igualdade, o direito e a proteção contra qualquer discriminação)? R. Sim, mesmo não me elegendo, concordo com o Artigo VII, onde fica claro que todos somos iguais perante a lei e temos nossos direitos, sem qualquer distinção, ou seja temos direitos iguais de proteção referente contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração.

6 – Se eleito, você se dispõe a desenvolver projetos visando ampliar os Direitos dos LGBTs em nossa cidade, levando à votação de leis municipais pró-LGBT, dentro do possível? R. Mesmo se não me eleger, tenho o interesse de abrir espaços para estudos, debates e projetos que viabilizem o fortalecimento legal contra crimes de homofobias, levando à votação de leis, pró LGBT, dentro das possibilidades e argumentações com embasamento jurídico.

7 – Você concorda com a aprovação da uma lei anti-homofobia em nível nacional? R. Sim, concordo com uma legislação que criminalize todo e qualquer tipo de ações de preconceito e discriminação homofóbica.

8 – Você estaria disposto a se comprometer em desenvolver um projeto de lei municipal no mesmo sentido – uma lei anti-homofobia municipal? R. Como membro representante da nossa sociedade e excercendo meu papel, que visa, uma vereança de luta e respeito aos direitos humanos, e reconhecendo a importância do meu comprometimento, enquanto cidadão, é de extrema necessidade a proposta jurídica referente à tipificação do crime de homofobia, pois, ninguém pode ser discriminado ou ter direitos negados por sua identidade de gênero ou orientação sexual. Quem o fizer, cometerá crime de homofobia, incluindo as condutas discriminatórias nas relações de trabalho ou de consumo.

O tema é polêmico, porém, requer ser tratado com respeito, deixando de ser ignorado, pois o índice de criminalidade homofóbica mostra esta realidade.

É necessário buscarmos estratégias e propostas junto à Câmara de Vereadores que possibilitem
aprofundar e debater o assunto, pois este deve deixar de ser polêmico e passar a ser visto como um direito de opção sexual sem qualquer tipo de discriminação ou violência, seja esta física ou verbalizada.

9 – Você se comprometeria a desenvolver o Programa Sem Homofobia em nossa cidade (caso ainda não haja), como forma de ampliar a luta contra o preconceito aos LGBTs? R. Sim, um projeto que seja aprovado em Edital e que consista em oportunizar espaço com profissionais em temáticas dos Direitos Humanos, em especial atenção ao respeito à diversidade sexual, através de instrumentos diversos, como palestras, exposição de fotos, debates, estudos referentes à legislação, uma divulgação nas redes sociais de forma instrutiva e esclarecedora , ou seja a busca de uma sociedade humana que respeite a orientação e diversidade sexual.

10 – Você se compromete a não ser apenas expectador, mas um protagonista na busca pela Cidadania LGBT, uma vez que os gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais são um grupo menosprezado, atacado – inclusive fisicamente, excluído e sem direitos isonomicamente equiparados aos heterossexuais? R. Sou comprometido com os meus direitos de cidadão, não me considero um mero expectador, pois através dos diversos projetos sociais desenvolvidos no grupo Paulinho Carvalho, já defendemos a bandeira, de igualdade, dignidade e respeito à diversidade sexual.

Paulinho Carvalho (candidato a Vereador – PT 13123) – Canoas – RS


SC

SP



sábado, 21 de julho de 2012

Movimento Espiritualidade Inclusiva nas Eleições 2012

Movimento Espiritualidade Inclusiva

nas Eleições 2012


Sugestões para Eleitores e Candidatos
comprometidos com a Diversidade e a Inclusão



O maior castigo para quem não gosta de política é ser governado pelos que gostam.”

Arnold Toynbee, economista e escritor inglês (1889-1975)




Introdução

O Movimento Espiritualidade Inclusiva é um movimento social constituído pelo coletivo de pessoas pertencentes à Comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) e por seus simpatizantes, apoiadores e divulgadores. É um movimento social sem registro e que não depende de verbas públicas, afinado com a agenda LGBT internacional e a Declaração dos Direitos do Homem, de natureza não-partidária e que não defende uma religião em particular em detrimento das demais.

Assim que o Movimento Espiritualidade Inclusiva foi criado, muitos apoiadores perguntaram qual seria o posicionamento do mesmo nas Eleições 2012. Afinal, diante da homofobia crescente (incluindo a religiosa), do pouco número de candidatos LGBT e das ralas propostas dos aproveitadores que na última hora geralmente se consideram “simpatizantes” ou pró-LGBT, é natural que os eleitores fiquem receosos de ser enganados mais uma vez e ter seu voto jogado na lata do lixo.

Nesta época, além da propaganda política em rádio, televisão e nos jornais impressos, temos uma chuva de “santinhos virtuais” em blogues, sites e redes sociais. O que mais se mostra nestas mídias todas é a “fachada” dos candidatos, mas as propostas ficam em segundo plano, quando aparecem!

Atendendo às solicitações dos nossos apoiadores/eleitores, escrevemos este texto contendo sugestões e compromissos para as Eleições 2012. As sugestões são para os eleitores – como escolher candidatos a vereador e prefeito alinhados com os direitos humanos, os direitos dos LGBTs, a diversidade e a cidadania plena. Os compromissos são para os candidatos, constituindo-se em comprometimentos meio que obrigatórios para qualquer um deles. Exemplos: defender o Estado Laico, combater a violência contra homossexuais, propor projetos de inclusão LGBT no meio social, educacional, órgãos públicos, mercado de trabalho, etc.

Os tipos de candidatos

Se um candidato não se alinha ou sequer quer ouvir falar disso, não está habilitado, segundo nosso pensamento, a ocupar um cargo eletivo, pois não estará governando para todos, indistintamente. Continuará fomentando, direta ou indiretamente, a exclusão LGBT. Este tipo de candidato não nos interessa.

Há também o candidato aproveitador, que não faz nada em prol dos LGBTs, mas em época de eleição aparece como “amigo”, só para conseguir o voto gay. Este também não nos interessa.

Há o candidato gay, assumido ou enrustido, que se vende aos “heteronormativistas” e fiscais hipócritas da moral e participa de coligações inverossímeis para, se eleito, ser joguete de grandes forças nada comprometidas com a causa LGBT. Este tipo de candidato também dispensamos.

Há o candidato gay ou “simpatizante” que, dizendo apoiar os LGBTs, esconde parte do discurso de diversidade dependendo do lugar onde discursa. Este “candidato de conveniência” também não nos interessa. Política é para os corajosos, não para os covardes!

Há, por fim, o candidato, gay ou não, que se compromete com a causa LGBT abertamente, defendendo o LGBT em todos os seus discursos, que é coerente nas propostas, independentemente do partido escolhido, da coligação e mesmo das críticas internas da legenda. Esse é um candidato que merece nossa atenção, uma avaliação mais próxima e, após um juízo mais preciso, quiçá, o nosso voto.

Por que é importante votar em candidatos pró-LGBT?

Pode parecer óbvio que é importante votarmos em candidatos que nos representem, seja para Prefeito ou para vereador de nossa cidade, mas o fato é que não temos sido capazes de eleger um número significativo de políticos que nos represente, a despeito de sermos 10% da população e conseguirmos organizar duas paradas com mais de 1 milhão de participantes.

O que está acontecendo então? Por que somos tantos, mas somos tão mal representados? Uma possível resposta é que ser um LGBT é apenas parte do que somos, e temos nos esquecido dessa nossa particularidade nas eleições.

Antes de sermos LGBT, temos sido petistas, tucanos, ambientalistas, paulistas, mineiros, profissionais liberais, servidores públicos, negros, mulheres, e temos colocado todas essas questões como prioritárias, nos esquecendo de que as demandas LGBT também deveriam ser encaradas como prioridade.

Se não colocarmos nossas demandas LGBT à frente das siglas, seremos engolfados pelo jogo de forças que a própria política representa. Não podemos barganhar nosso voto nem vendê-lo por um prato de lentilhas. O que precisamos é VALORIZAR nosso voto! Não devemos correr atrás de candidatos pedindo que se importem com nossas demandas. Eles é que devem correr atrás de nós e mostrar que estão comprometidos até a alma com nossas demandas, que são justas, constitucionais e conectadas aos direitos humanos e à cidadania plena. Vamos, então, comprometê-los com nossas demandas, apresentando o presente texto e EXIGINDO um posicionamento. Se não responderem, tornemos isso público. Se responderem e forem contrários a nossas demandas legítimas, tornemos isso público. Se responderem e forem favoráveis a nossas demandas, tornemos isso público e prestemos mais atenção nestes, sem fechar os olhos para perceber qualquer incoerência entre discurso e prática.

Se todos fizermos isso na cidade onde votamos, estaremos realizando um grande serviço para a causa LGBT, para os direitos humanos e para a nação brasileira como um todo. Não podemos mais ser tão descuidados e levados pela onda de siglas como se fossem times de futebol. São muito mais que isso. São nosso futuro, trevoso ou iluminado!

Quais têm sido as consequências desse nosso descuido? Primeiramente, os grupos que se opõem aos nossos direitos, principalmente os fundamentalistas evangélicos e católicos, estão cada vez mais organizados e articulados, ganhando cada vez mais espaço e prestígio nos fóruns políticos. Não é por acaso que o PLC 1221 não avança no Congresso, não é à toa que o programa Escola sem homofobia foi vetado pela presidente. Tudo isso reflete a crescente capacidade de pressão de nossos adversários.

Além disso, temos nos permitido seguir divididos, brigando internamente, quando deveríamos estar trabalhando pelos mesmos objetivos. Enquanto isso ocorrer, as demandas dos LGBT ficarão em segundo plano na agenda dos políticos, uma vez que elas serão sempre percebidas como de importância menor e não determinantes para a vitória eleitoral de qualquer grupo político.

Temos percebido que mesmo candidatos considerados pró-LGBT consideram nossas demandas como algo de menor importância, pois acham que o número de votos vindos dos LGBTs não é determinante para sua eleição. Cabe a nós demonstrarmos o contrário. Temos força intelectual, força de formação de opinião pública e capacidade para implodir campanhas duvidosas e de conteúdo homofóbico, explícito ou implícito.

O recrudescimento de crimes homofóbicos, as seguidas derrotas que os LGBT têm sofrido no âmbito do legislativo e do executivo federais e o fortalecimento dos nossos opositores torna urgente que nos mobilizemos e passemos a priorizar a conquista de nossos direitos sobre todas as outras questões políticas atuais.

Devemos preferir candidatos LGBT ou claramente pró-LGBT, ainda que isso signifique deixar de votar no nosso amigo, parente ou partido, se estes não se comprometerem sinceramente com a nossa causa. Só assim conquistaremos o respeito (ou medo) da classe política, que perceberá que qualquer projeto de poder deve nos incluir para ser bem-sucedido.

Essa é a chave! Não podemos nos comportar como um grupo inferiorizado pedindo favores. Pelo contrário, nos comportemos como um grupo atacado pelo preconceito, mas corajoso o suficiente para enfrentá-lo em todas as instâncias!

Como identificar um candidato pró-LGBT?

Agora que sabemos que é importante votar em candidatos que nos apoiem, o próximo passo é identificá-los.

O candidato pró-LGBT deve preencher alguns dos seguintes requisitos:

1) O candidato é gay, lésbica, bissexual, transgênero ou é heterossexual francamente simpatizante.
Cuidado aqui! O simples fato de ser gay não credencia ninguém a nos representar. Candidatos gays que não tocam no assunto “demandas LGBT” durante a campanha não merecem nosso voto.

2) O candidato é ligado ao movimento LGBT, pertence a alguma associação LGBT ou tem um histórico de diálogo e aliança com o movimento LGBT e/ou participa da parada da sua localidade.
Esse item é importantíssimo! Cuidado aqui com o seu amigo candidato gay que vai às Paradas de São Paulo e Rio, mas fica em casa quando a parada é na própria cidade.

3) O candidato defende bandeiras LGBT, ou já apresentou projetos de lei que beneficiam a comunidade LGBT. Esse item vale para candidatos que já exerceram algum mandato político. Se quando teve a chance de propor políticas públicas pró-LGBT, não o fez, nada indica que fará diferente caso se eleja novamente.

4) O candidato não é ligado a grupos religiosos fundamentalistas, nem se associa com políticos homofóbicos, nem está filiado a um partido antipático ao movimento LGBT.

Às vezes, o candidato até parece ser um cara legal, mas ele se associa a pastores homofóbicos para ganhar votos das congregações deles, ou ele se alia a um deputado ou a um partido ligado a grupos que se opõem aos direitos LGBT. Nesse caso, não interessa o quão legal ou bem intencionado o candidato possa ser, a vitória dele só servirá para fortalecer nossos adversários. Se esse candidato vier lhe pedir seu voto, diga-lhe que não votará nele e o porquê. Assim, os candidatos irão pensar duas vezes antes de se associar a esse tipo de gente.

Além de o candidato ter de preencher esses requisitos, obviamente ele deve ter boas propostas, ser honesto, não comprar voto, ou seja, o básico que todo candidato deveria ter.

Se, na sua cidade, houver um candidato que preenche todos esses requisitos apontados, é importante não só que você vote nele, mas também que você peça votos para ele junto à sua família, seus amigos e colegas de trabalho. É importante que os políticos percebam que o LGBT além de votar, faz campanha, o que amplificará nosso poder político.

A dúvida gerada pelas Coligações

Nós brasileiros costumamos dizer que o importante são as pessoas e não os partidos. Pode ser, mas o partido indica mais ou menos qual é a “tribo” da pessoa em quem você pensa em votar, e para que lado ela irá em determinados momentos; por exemplo, se ela será oposição ou situação, ou se ela votará a favor ou contra as demandas LGBT.

Recomendamos fortemente que os LGBT evitem votar em candidatos de partidos com tradição em abrigar ou apoiar pessoas que lutam contra os nossos direitos, e a favor de partidos com uma orientação mais voltada a reconhecer direitos LGBT.

Não é possível detalhar todas as nuances dos partidos e suas diferenças ao longo de todo o território nacional. Nosso conselho é: estude caso a caso. Um mesmo partido pode ser uma ótima opção em um lugar e péssima escolha em outro.

Além disso, o abuso da “estranheza” nas coligações feitas entre os partidos políticos nas últimas eleições deve se repetir nesta, dificultando ainda mais a decisão do eleitor LGBT. Partidos inimigos no âmbito nacional podem estar coligados em certas cidades, o que causa problemas sérios para todos, gays ou não. Ao contrário, partidos naturalmente amigos no âmbito nacional podem se opor em algumas cidades, complicando ainda mais a vida do eleitor.

Então, analisemos caso a caso e candidato a candidato antes de tomar uma decisão. Independentemente de você ser um “LGBT de esquerda” ou um “LGBT de direita”, pense bem a quem está concedendo o comando em sua cidade!

Meu candidato/partido não tem chances. E agora?

Esse é um ponto levantado com certa frequência para desqualificar determinadas candidaturas. Seu candidato ou Partido pró-LGBT até é reconhecido como o melhor candidato pela pessoa que quer ganhar o seu voto para o candidato dela; mas ela usa contra você a tática do desânimo.

Normalmente, a resposta a essa situação oscila entre dois polos:

De um lado, se você vota em um candidato que não tem chances, o seu voto será perdido. Por outro lado, se você deixa de votar naquele candidato que você acredita ser o melhor, ele será sempre pequeno e o projeto político que você julga o melhor nunca será implantado.

Nossa proposta é: Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. É possível traçar estratégias que permitam tornar seu voto fiel à sua ideologia, sem perder o pragmatismo.

Inicialmente, precisamos usar a estratégia correta para cada tipo de pleito eleitoral. A estratégia a ser empregada na eleição para vereador não pode ser a mesma que a utilizada para eleger o Prefeito. Cada disputa tem a sua particularidade.

Para votar em vereadores, devemos levar em conta que o voto é proporcional. Dessa forma, seu voto não decide apenas quem vai ocupar aquele cargo, mas quantas cadeiras serão destinadas a cada coligação. Assim, mesmo que seu candidato não vença, o seu voto ajuda a definir quantas cadeiras o partido do seu candidato terá direito.

Além disso, é muito difícil avaliar quem tem chance e quem não tem nas eleições proporcionais, onde um candidato com menos votos pode ser eleito no lugar de outro candidato com muito mais votos, por conta do coeficiente eleitoral.

No caso de as eleições serem para Prefeito de cidades com mais de 200 mil eleitores, ainda há bastante margem para um voto mais ideológico. Nesses casos, em que a eleição é em dois turnos, nada impede que você vote no seu candidato preferido no primeiro turno, deixando para votar de forma mais pragmática no segundo turno. Ao votar no seu candidato, as propostas dele saem fortalecidas do pleito, tendo maiores chances de serem incorporadas aos programas de governo dos candidatos remanescentes.

Tenha muito cuidado com o discurso de que seu candidato não tem chances. Quem gosta de falar essas coisas, muitas vezes, são pessoas mal intencionadas interessadas em manter a disputa sempre entre os mesmos, ou com medo do poder que seu candidato possa ter de virar o jogo.

O Questionário:

Perguntas para os candidatos a Prefeito e Vereador

Preparamos um questionário com DEZ PERGUNTAS que você pode enviar aos candidatos a Prefeito e Vereador em sua cidade, para saber qual o posicionamento deles no tocante a direitos LGBT. As perguntas pontuam dez aspectos da causa LGBT que consideramos importantes ser defendidos pelos candidatos. Os candidatos que se dignarem a responder já terão ganho um ponto, pelo menos.

Se os candidatos não responderem num prazo de UM MÊS, enviem a espiritualidadeinclusiva@gmail.com os nomes dos “silenciosos”, e publicaremos seus nomes.

Se os candidatos responderem e forem anti-LGBT, enviem igualmente seus nomes e seus comentários e os publicaremos todos.

Se os candidatos responderem e foram pró-GBT, enviem seus nomes e seu comprometimento conosco e publicaremos tudo.

O importante é enviar para TODA a lista de candidatos de sua cidade, para que todos os candidatos sejam tratados com isonomia e tenham a mesma chance de se manifestar. Busque a lista entre os partidos de sua cidade.

As perguntas:

1 – Quais são suas propostas específicas para a inclusão: da mulher, do negro, do idoso, dos portadores de necessidades especiais, das minorias sexuais, do laicismo, da liberdade religiosa e pelo fim da discriminação social?

2 – Você estaria disposto em sua plataforma a defender a diversidade familiar como perfeitamente viável, considerando a orientação LGBT e a família homo-parental (além de um pai e uma mãe, também a possibilidade de dois pais ou duas mães), considerando a decisão favorável do STF sobre a união estável homo-afetiva?

3 – Após eleito, você estaria disposto a criar (se candidato a Prefeito) ou propor a criação (se candidato a Vereador) de uma Coordenadoria de Diversidade Sexual eficaz que realmente atenda às demandas LGBT em nossa cidade?

4 – Você é defensor declarado do Estado Laico ou acha que a religião tem o direito de interferir nas decisões legislativas de toda a nação, considerando que ela é formada por pessoas de múltiplas crenças e mesmo de nenhuma?

5 – Uma vez eleito, você se compromete a defender os Direitos dos LGBTs já conquistados (em conformidade com o Artigo VII da Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Artigo 3º inciso IV da Constituição da República Federativa do Brasil que tangem a igualdade, o direito e a proteção contra qualquer discriminação)?


6 – Se eleito, você se dispõe a desenvolver projetos visando ampliar os Direitos dos LGBTs em nossa cidade, levando à votação de leis municipais pró-LGBT, dentro do possível?

7 – Você concorda com a aprovação da uma lei anti-homofobia em nível nacional?

8 – Você estaria disposto a se comprometer em desenvolver um projeto de lei municipal no mesmo sentido – uma lei anti-homofobia municipal?

9 – Você se comprometeria a desenvolver o Programa Sem Homofobia em nossa cidade (caso ainda não haja), como forma de ampliar a luta contra o preconceito aos LGBTs?

10 – Você se compromete a não ser apenas expectador, mas um protagonista na busca pela Cidadania LGBT, uma vez que os gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais são um grupo menosprezado, atacado – inclusive fisicamente, excluído e sem direitos isonomicamente equiparados aos heterossexuais?


Considerações Finais

Se antes se podia alegar que direitos LGBT eram excentricidade de países desenvolvidos, agora nem isso se pode dizer. Estamos atrasados em relação a vários países da América Latina e à África do Sul. Será que vamos ter de esperar a Somália garantir direitos iguais aos LGBT para que o nosso país se conscientize da importância de se oferecer segurança e direitos civis aos LGBT?

Ainda assim, alguns LGBT podem questionar se não seria muito egoísmo priorizarmos a agenda básica LGBT (Igualdade e Equiparação da Homofobia ao Racismo) em um país com tantos problemas sociais, ambientais e com tantos desafios como o Brasil.

A resposta é: ABSOLUTAMENTE NÃO! Trata-se de uma falsa dicotomia. É perfeitamente possível votar em candidatos e partidos comprometidos com nossa cidadania e que também estão comprometidos com o desenvolvimento do país.

O mais grave problema de uma nação são as violações dos Direitos Humanos, e Direitos Humanos LGBTs tem sido os direitos mais violados. Por isso, priorizar nossa agenda básica é o mais importante ato político e social, tão importante quanto o combate à fome, a promoção da saúde e o investimento em educação.

O político que coloca a alimentação, a saúde, a educação e a distribuição de renda na frente dos Direitos Humanos é um demagogo simplesmente porque nada se distribui sem direitos. A honestidade de um político profissional ou mesmo de um cidadão comum se medem pelo engajamento na questão crucial LGBT (igualdade plena e segurança). Isso obviamente não quer dizer que os outros temas importantes da nação devam ser desconsiderados. Mas o fato é que a distribuição de direitos é a geradora da distribuição dos outros bens.

Por isso, a tendência é que candidatos que sejam nossos aliados sejam mais bem preparados para assumir cargos políticos. De forma geral, são candidatos sensibilizados com causas que dizem respeito a Direitos Humanos e ao Estado Laico e Democrático de Direito.




(Este texto é baseado em boa parte na utilíssima “Cartilha LGBT para as eleições 2012/2014”, um
Projeto dos membros da Comunidade LGBT Brasil (Orkut e Facebook) desenvolvido entre Dezembro de 2011 e Fevereiro de 2012 e que circula pela Internet desde então. Os autores do texto são: Everton Oliveira, Carlos Somente, Benjamin Bee, Dudu, Walter Silva e Daniel Rodrigues. Contudo, as seções “Introdução”, “Os tipos de candidatos” e “O Questionário: Perguntas para os candidatos a Prefeito e Vereador” são de redação exclusiva de Paulo Stekel e uma adaptação para o objetivo do presente trabalho proposto pelo Movimento Espiritualidade Inclusiva para as Eleições 2012.)

domingo, 15 de julho de 2012

Espiritualidade e Preconceito

Por Valéria Nagy


Conhecimento espiritual. Este recurso da capacidade humana está além da religião, afinal, antes de existirem as religiões, já existia a espiritualidade.

"O conhecimento espiritual é a análise das experiências ou das vivências que são estimuladas por forças que não podem ser percebidas pelos sentidos físicos comuns." (blog O Terceiro Testamento)

Concordo. E, isso não tem nada a ver com Deus e diabo, e nenhuma religião. A espiritualidade, em sua essência, simplesmente é. Doutrinas e dogmas são criações puramente humanas. E, como arranjos humanos, tudo o que nelas contêm são contaminadas pela razão humana. Porém, o espírito já encarna com a sabedoria que carrega. Acabam por ser pessoas com valores sólidos e opiniões fortes, sem deixar-se levar pelas imposições sociais e crenças passadas de geração em geração.
Portanto, aquele que detém o conhecimento espiritual, livre de dogmas e doutrinas, e domina esse conhecimento, não pode jamais ser portador de preconceitos quanto às relações humanas e a existência, pois, este é obrigado a compreender a Lei Divina por completo, e o significado real do Amor e da felicidade, sem misturar romantismo e ficção. Aquele que se diz espiritualizado, mas tem preconceitos, de espiritualizado nada tem, pois carrega em si as crenças sociais incutidas no seu âmago desde a tenra idade. Ora, no muito, podemos considerar este como alguém que possui estudo sobre o tema, mas não como detentor de conhecimento.
A espiritualidade tem que livre de preconceitos e crenças sociais, pois o Amor de Deus ou da Criação não admite preconceito de nenhuma espécie, mas sim a tolerância e o respeito.

Paz Profunda a todos!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Uma breve explanação sobre a Lei, a Graça e a Homoafetividade

Por Anja Arcanja


“Não se deite com um homem como quem se deita com uma mulher; é repugnante.”
Levítico cap.18, verso 22. (Bíblia de estudo NVI)

Este verso é o mais usado pelos evangélicos (que se prendem a pequenos trechos de uma Lei que somos incapazes e inabilitados para cumprir) para acusar de pecado a homoafetividade, mas se esquecem de ler e citar todo o restante do texto, abrangendo os capítulos anteriores e posteriores. Qual foi a intensão de Deus ao passar estes estatutos e leis aos homens? O que significava este código de santidade passado ao povo judaico (povo escolhido por Deus para que fosse manifesta ao mundo a sua Salvação, a saber, Jesus Cristo)?

Este conjunto de leis e código de santidade para nada mais serviam a não ser para mostrar nossa total incapacidade e inabilidade em cumprir tal aliança firmada entre Deus e o povo escolhido, fazendo-se necessário, portanto, a Cruz, o sacrifício vicário de seu Filho Jesus. Estas leis e a aliança firmada com o povo judeu apontavam para Jesus, nada mais. E Jesus veio buscar e salvar ao que se havia perdido, ou seja, todos nós, pois “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. (Romanos 3:23). Deus vendo nossa condição de total incapacidade providenciou nele mesmo, nossa Salvação, derramando o sangue de seu único filho para a expiação de nossos pecados.

É por isto que hoje ouso dizer com a autoridade de quem foi alcançada pela graça e pelo sangue do cordeiro que, Deus ao olhar para seus eleitos, não vê suas atitudes, não vê sua orientação sexual, não vê nossas falhas e pecados, mas sim, vê apenas o precioso sangue de seu Filho, sangue este suficiente para que Deus não impute sobre mim e sobre os que Ele escolheu, a sua Justiça, mas sim seu beneplácito. “Pois a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade por intermédio de Jesus Cristo”. (evangelho de João 1:17). Este é o grande evento da Bíblia, toda a Bíblia aponta para este fato: a Verdade que se revelou em Cristo Jesus, Ele é a verdade. E por intermédio de seu Sangue, nos foi dada a graça e a lei se cumpriu em Cristo Jesus. Não necessitamos, portanto, estarmos sujeitos à letra da lei para nos achegarmos a Deus, não mais precisamos de sacrifícios. “porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras para que ninguém se glorie”. (Efésios 2:8,9). Nada podemos ou precisamos fazer para merecer a graça, pois graça é favor imerecido. Onde antes havia pecado, segundo a lei, hoje superabundou a graça. Deus vê todos na mesma condição, seja homo, seja hétero. Mas o Sangue de Cristo nos purifica de todo pecado. Admitir que Deus abomina sua criação, é crer num Deus imperfeito quanto ao que criou! E em Deus não há sombra de imperfeição nem de pecado.

Anja_Arcanja
Colaboração: Priscila Anjo

“Se existe um deus que conspira contra a liberdade humana, ele é meu inimigo – e eu dele” (Gondim)


Sobre a autora


Anja Arcanja é escritora e poeta amadora e teóloga. Autora do blogue “O mundo da Anja” (http://omundodaanja.blogspot.com.br), que conta com diversas parcerias e articulistas, voltado a discutir religião, filosofia, teologia, ateísmo, homossexualidade, sexualidade humana, entre outros temas de relevância; e do blogue “Poemas e contos eróticos da Anja” (http://anjaarcanja.wordpress.com), um blogue de cunho erótico. Escreve ainda para os blogues “Confraria Teológica Logos & Mythos” e “Fragmentos Ativos”, além de ter textos publicados em vários blogues e sites.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Fanatismo e paranoia ou falta de equilíbrio, de educação e de elegância?








Por Marcelo Moraes Caetano
Na minha muito humilde opinião, o problema de pseudorreligiosos que atacam tão vilipendiosamente um grupo cujo único delito é o fato de sentir atração por um tipo específico de pessoas reside, antes de tudo, numa questão de educação.
Quando digo “educação”, falo dela em todo o seu amplo conteúdo: a educação não apenas formal (a das escolas e universidades), que é importante, sim, mas não suficiente nem sequer pré-requisito para formar a personalidade e o caráter de uma pessoa; falo da educação humanista, aquela que, como se diz, “vem de casa”; da educação no sentido de saber viver e conviver numa sociedade complexa, baseada antes em diferenças do que em semelhanças; falo da educação, enfim, que poderíamos, metaforicamente, chamar de uma bela elegância de espírito.
Não pretendo nomear as pseudorreligiões dos pseudorreligiosos − deixarei, elegantemente, que a carapuça lhes sirva − porque tenho a mais absoluta certeza de que uma verdadeira Religião, assim como verdadeiros Religiosos, nunca, em tempo algum, seriam capazes de perder tanto tempo de prática de caridade e amor fraterno destilando tanto ódio (!) contra seres humanos, despejando ironias, sarcasmos, ameaças, sátiras, deboches, brandindo, como espadas, livros que usam violentamente como se esses livros, em suas pseudointerpretações deselegantes e cheias de animosidade e ira, contivessem, da maneira como esses nada inocentes os leem, a lógica mais pura e beatífica da justificativa para uma chacina encomendada, segundo eles, por seu próprio Deus. Quaisquer Deuses que mandassem uma pessoa pregar aos gritos o extermínio de outras pessoas, pelo “motivo” que for, pertencem ao campo do delírio e do surto esquizofrênico (ouvir vozes, ver coisas...), não de uma verdadeira Religião.
Já ouvi dizerem que se trata de paranoia. Eu não consigo ver assim. Não vejo isso como paranoia. Não, não é. Não vejo, tampouco, como fanatismo. Paranoia é um sentimento em que a pessoa se vê perseguida a todo momento. A ira desses pseudos não se baseia num medo, num sentimento de perseguição: até porque o paranoico não seria capaz de juntar-se e formar, tão racionalmente, grupos de outros supostos paranoicos a fim de atacarem com destemor (o paranoico tem medo até da própria sombra...) seus supostos “perseguidores” úberes. Isso é contrário à paranoia. Grupos de “paranoicos racionalmente reunidos” para combaterem seus infinitos perseguidores é algo, até, hilariante. Essa organização tão racionalizada e fria desses pseudocivilizados estaria, mais, para um “surto coletivo de psicóticos”, seja isso lá o que for. Bem, já que é para atentar co0ntra a psicologia, que seja para nomeá-los de psicóticos reunidos, o que é mais verossímil, no caso deles, do que nomeá-los de paranoicos reunidos.
Dizer que se trata de fanatismo, a meu ver, muito humildemente, é, também, um eufemismo. É passar a mão na cabeça de pessoas em quem não existe uma vontade “fanática” de se defender coisa alguma, ideia alguma com fundo de verdade, mas, sim, uma pulsão assassina e sociopata de destruir um grupo que, seja lá pelo motivo que for, agride suas frágeis autoimagens pseudorreligiosas e seus frágeis interesse$$$.
Ora, o fanatismo caracteriza-se, antes do mais, por um desejo verdadeiro de se defender alguma causa, e não por uma insanidade descontrolada de se destruir um tipo de comportamento − que sequer é uma “causa” − gratuitamente. Quer dizer, “gratuitamente” foi só um ato-falho, porque o que eles fazem não tem nada de gratuito, e nem tampouco visa a atingir um seráfico e apolíneo ideal gratuito. Tem muita grana por trás dessa ira. E tem muita sombra em muitos lugares de origem dessa grana. Basta vermos que, quando alguém começa a mexer nela, só sai devassidão e podridão.
Entre chamá-los de fanáticos (pessoas que, mesmo ingenuamente, lutam de fato por algo nobre em que acreditam) e chamá-los de cínicos (pessoas que usam pretextos para lutarem por causas sórdidas), certamente “cínicos” é um adjetivo adequado. “Fanáticos”, repito, é passar a mão sobre as cabeças deles.
É impressionante como eles conseguem uma proeza que, sem ironia nenhuma, é uma façanha extraordinária, porque une um paradoxo. Quero dizer que eles conseguem ser simulados e dissimulados − ao mesmo tempo. Ora, o simulado é aquele que finge ser o que não é; já o dissimulado, como o próprio prefixo de negação (dis) indica, é aquele que finge não ser o que é. São simulados porque fingem lutar por uma causa nobre, e são dissimulados porque fingem não lutar por uma causa sórdida. E assim se “equilibram”, entre dois tipos que, filosoficamente, são contraditórios no que tange à conduta: simulação e dissimulação.
O que são eles, afinal? Por que será que só conseguem enxergar o mundo com um único olho, e que esse único olho de ciclope no meio de suas testas lhes gera tanto furor?
Simplesmente eles são desequilibrados. Fica difícil saber se, neles, foi o desequilíbrio que gerou a falta de educação (como eu concebo “educação”, acima explicitado), ou se foi a falta de educação que gerou o desequilíbrio. Propendo a pensar que ambos os caminhos se retroalimentam. A gera B e B gera A, num moto-perpétuo. O que tenho certeza que é uma consquência dessa dicotomia inseperável − falta de educação/desequilíbrio − é a terrível e horrorosa deselegância que eles carregam sobre as costas e os semblantes de ódio com a beleza de um sanguinolento carrasco furioso.
O problema da deselegância, da horrível máscara e da horrível mortalha que ela gera em quem a veste nem é o fato de ela ser horrível. Isso porque cada um escolhe vestir a máscara e a roupa que bem lhe aporuver. Se esses pseudos simplesmente resolvessem usar essa indumentária monstruosa, seria um direito deles, e, afinal, o mau-gosto nunca foi crime...
O problema é que a deselegância é usada como mais uma das despudoradas armas contra grupos humanos − tão humanos quanto eles − cuja defesa, portanto, não pode e não deve ser baseada na mesma deselegância.
Não precisei dar nome a nada. Nem aos desequilibrados e desvairados, nem aos grupos martirizados por motivo torpe e fútil. Mas tenho certeza de que o bom entendedor entenderá.
Só gostaria mesmo de dizer que não se combate a grosseria, o escárnio e a máscara do sarcasmo iracundo com grosseria, escárnio e máscara do sarcasmo iracundo. Deve-se combater o desequilíbrio e a falta de educação desses grupos com muito equilíbrio e, sobretudo, com muita educação.
Em poucas palavras, deve-se combater a horrenda deselegância das pseudodoutrinas pseudorreligiosas com extrema elegância.
Digo isso sem NENHUM medo de estar ferindo às pessoas de boa índole, ou às religiões de verdade; porque pessoas de boa índole e religiões de verdade jamais agem com ódio, rancor, maledicência, sarcasmo, irracionalidade (a racionalidade das pseudorreligiões é apenas para se unirem em torno de uma “ideia” insana e irracional); pessoas com boa índole e religiões de verdade − e, felizmente, elas são a maioria − procuram compreender as diferenças e, se não as compreendem, não formam exércitos de soldados mercenários, com sede de sange, pagos pelo “dinheiro” da ira.
No fundo, os mártires e as pessoas de boa índole provenientes das verdadeiras religiões estamos, todos, do mesmo lado e temos, todos nós, o mesmo inimigo: a pseudorreligião deseducada, deselegante, desequilibrada, simulada, dissimulada, cínica, sarcástica, sórdida, mercenária.
Unamo-nos, com elegância e com a educação que, afinal, nós sim trazemos de casa.
Afinal, como diz um ditado grego antiquíssimo: o Sol não se incomoda com uma chama de vela.

Debate entre Críticas & Pensamentos e Paulo Stekel (Blogue Espiritualidade Inclusiva)

Por Espiritualidade Inclusiva


Acaba de ser publicado em http://blogentrevistas.blogspot.com.br o debate realizado entre o editor do blogue Críticas & Pensamentos (http://www.criticasepensamentos.com/), de tendência cristã conservadora, e o editor do blogue Espiritualidade Inclusiva (http://espiritualidadeinclusiva.blogspot.com.br/), Paulo Stekel.

Este debate foi sugerido após o Blogentrevistas ter publicado duas entrevistas que alcançaram uma certa reverberação pela Internet, uma com cada debatedor. A de Paulo Stekel pode ser lida aqui: http://blogentrevistas.blogspot.com.br/2012/06/paulo-stekel.html; a de Hallison Liberato, do Críticas & Pensamentos, pode ser lida aqui: http://blogentrevistas.blogspot.com.br/2012/04/hallison-liberato.html.

A primeira coisa que o leitor deve ter em conta é a diferença na transparência dos debatedores. Paulo Stekel todos sabem quem é, conhecem o rosto, tem fotos pela Internet. E, o debatedor do Críticas & Pensamentos? Só achamos uma foto dele na Internet, algo muito “low profile” mesmo! Medo de dar a cara a tapa? É o que parece.

O debate foi árduo e levou duas semanas para ser finalizado. Os posicionamentos de ambos os debatedores são bem claros e evidentes: um, representando o conservadorismo cristão, homofóbico e cego para os direitos humanos dos LGBTs; o outro, militante do movimento LGBT e ainda incentivador da Espiritualidade Inclusiva, que é uma visão mais aberta na relação dos LGBTs com a religiosidade/espiritualidade.

É um debate forte, com momentos intensos, algumas acusações e muitos “argumentos de efeito” que o leitor vai precisar separar dos muitos dados e argumentos úteis para poder chegar a uma conclusão sobre a veracidade dos pontos defendidos por ambos os debatedores. Deixamos esta tarefa ao próprio leitor!

O debate foi dividido em três partes no Blogentrevistas. Acesse os links correspondentes, leia o debate, e depois comente ao final desta postagem as suas impressões. Boa leitura!

Debate entre Críticas & Pensamentos e Paulo Stekel – Parte 1:


Debate entre Críticas & Pensamentos e Paulo Stekel – Parte 2:


Debate entre Críticas & Pensamentos e Paulo Stekel – Parte 3:


Podemos dizer que este é um dos debates virtuais mais intensos entre um militante LGBT e um representante do conservadorismo cristão - beirando o fundamentalismo, realizados nos últimos tempos.
De nossa parte, esperamos que o debate tenha servido para firmar as demandas da comunidade LGBT no seio da sociedade brasileira, para que esta entenda que não exigimos nada que não esteja dentro da Constituição, da Declaração dos Direitos Humano e da noção do Estado Laico. Tudo o mais é estratégia conservadora ou fundamentalista para impedir a conquista da cidadania plena LGBT.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Catástrofe a prazo: o fundamentalismo evangélico aos poucos se instala no Brasil

Por Paulo Stekel (resposta a mais um absurdo artigo do Pastor/Deputado Marco Feliciano, intitulado “Catástrofe à vista” e postado em seu site: http://www.marcofeliciano.com.br/blog/?p=259)


Esta não é a primeira vez que faço a refutação de um texto absurdo do Pastor/Deputado Marco Feliciano. Em março de 2012 escrevi o artigo “Fundamentalistas querem expulsar os gays do Brasil” (leia em: http://espiritualidadeinclusiva.blogspot.com.br/2012/03/fundamentalistas-querem-expulsar-os.html), uma refutação aos argumentos do referido Pastor/Deputado em um texto intitulado “Fascistas querem expulsar Deus do Brasil”.

Agora, instigado por alguns leitores indignados com o parlamentar evangélico fundamentalista, para contrapor o (mais uma vez mal revisado) texto intitulado “Catástrofe à vista”, uma paranoia evidente, escrevo o presente artigo, demonstrando qual é a verdadeira catástrofe que está se abatendo sobre o Brasil, e a prazo!

Para começar, Marco Feliciano não só não se alegra com a notícia de que, segundo o último censo do IBGE, a massa evangélica será a metade da população brasileira nos próximos dez anos, como atribui a veiculação da notícia a um propósito de: “alertar os ativistas cristofóbicos, evangélicofóbios, bibliofóbicos, eclesiofóbicos e afins, que, se eles não nos pressionarem, se não nos destruirem, se não nos humilharem, se não nos expor mais, eles perderão a oportunidade que estão tendo nestes dias de acabar com a nossa conquista”. (Os erros de revisão do texto original, ou antes a falta de revisão, foram mantidos.)

Isso é uma completa paranoia! Onde existe Cristofobia no Brasil? Estamos num país de maioria cristã onde mesmo muitos homossexuais professam o Cristianismo. Se ele está se referindo aos ateus, chamá-los de cristofóbicos é uma ignorância tamanha que dá vergonha alheia! Não vejo ateus e/ou homossexuais em momento algum tentando impedir quem quer que seja de professar suas crenças, mesmo porque defendem o Estado Laico, onde estes direitos são resguardados. Quem não tem resguardado direitos laicos neste país são exatamente os fundamentalistas cristãos, especialmente os incitados por algumas lideranças evangélicas agressivas, como Malafaia, Magno Malta, João Campos e o próprio Marco Feliciano.

Da mesma forma, falar em “evangelicofobia” é ridículo. Muitos gays são evangélicos, motivo pelo qual as Igrejas Inclusivas têm crescido tanto: não sendo aceitos em Igrejas Evangélicas tradicionais, que não fazem a lição de casa do “amor ao próximo”, gays cristãos criaram suas próprias denominações inclusivas, onde não se faz distinção ou acepção de pessoas por conta de sua orientação sexual.

E, “bibliofobia”? Quem é contra a Bíblia? Quem queima Bíblias ao milhares por tal “fobia”? No Brasil, ninguém! Não há “bibliofobia” de parte dos gays ou de qualquer outro grupo brasileiro não-evangélico. O que há é um debate em torno da prática religiosa discriminadora que tentar balizar-se em textos bíblicos lidos fora de um contexto geral, histórico e sem relação com a sociedade moderna. Criticar não é fobia enquanto não extrapola a crítica nem descamba para a violência, ao contrário do que infelizmente têm sofrido os homossexuais em nosso país por incitação de algumas lideranças evangélicas radicais que fecham os olhos para os direitos humanos mínimos dos LGBTs.

Quanto a uma suposta “eclesiofobia” (um ódio à Igreja), isso é mais que ridículo. Estamos num país laico que concede espaço a quem professa qualquer das religiões ou nenhuma (ateus e agnósticos). Se há pessoas que não gostam das “igrejas”, isso deve ser considerado sob a perspectiva geral, e não segundo sua orientação sexual, mesmo porque há gays cristãos até a alma! Ninguém quer “acabar” com os evangélicos, nem seria isso possível dentro de um Estado Laico.

Em seguida, Marco Feliciano destila mais um pouco de veneno ao insinuar de modo pérfido:

“Talvez por se achar mais espertos, mais unidos, mais preparados, mais centrados do que nós evangélicos, tais ativistas, tendo acesso a informação do nosso crescimento e possível ascensão , resolveram então semana passada enviar um documento ao Supremo Tribunal Federal, pedindo ao juizes que julguem o crime de HOMOFOBIA, parado no Senado Federal como o Pl. 122, cuja relatora é a Senadora Marta Suplicy, que, tem fugido da responsabilidade de colocar em votação este projeto, trazendo morosidade ao processo, dando argumentos para que os ativistas LGBTT tenham legitimidade em dizer ao STF que o CONGRESSO NACIONAL BRASILEIRO não tem competência para votar o Pl. 122.”

Ele se refere ao mandado de injunção elaborado pelo advogado LGBT Paulo Iotti, que elaborou e assinou o mesmo, em nome da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais) e sobre o qual se pode ler em: http://www.abglt.org.br/port/basecoluna.php?cod=228

Alguns trechos do material da ABGLT: “A violência e a discriminação contra pessoas LGBT em geral está aumentando absurdamente ano após ano. (…) A criminalização da homofobia e da transfobia, assim, mostra-se absolutamente necessária.

Contudo, o Congresso Nacional está assolado por uma bancada que, ao colocar suas convicções religiosas-fundamentalistas acima da Constituição (que consagra um Estado Laico, que não pode ser influenciado por motivações religiosas), opõe-se ferozmente tanto ao reconhecimento de direitos civis básicos à população LGBT quanto à criminalização da homofobia e da transfobia. (...)

Assim, essa situação de elevadíssima violência, ofensas e discriminações contra pessoas LGBT, que Paulo Iotti chama (parafraseando Hannah Arendt) de banalidade do mal homofóbico, demonstra que temos direitos fundamentais das pessoas LGBT já consagrados na Constituição e que demandam proteção pelo Supremo Tribunal Federal. Os direitos fundamentais à livre orientação sexual e à livre identidade de gênero, bem como o direito fundamental à segurança (art. 5º, caput) e à tolerância (art. 3º, inc. IV) da população LGBT estão inviabilizados nos dias de hoje, já que as pessoas LGBT estão com medo de serem reconhecidas como tais por medo de serem agredidas, ofendidas e/ou discriminadas por sua mera orientação sexual ou identidade de gênero (pessoas LGBT têm medo de andarem na Avenida Paulista, a avenida mais cosmopolita da mais cosmopolita de nossas capitais). Aliás, até mesmo heterossexuais estão sofrendo os efeitos nefastos da homofobia – basta lembrar do caso de pai e filho que foram agredidos no ano passado e o pai perdeu parte da orelha porque foram confundidos com um casal homoafetivo pelo simples fato de estarem abraçados... esse é o nível absurdo a que chega a homofobia hoje: basta estar abraçado com outro homem que isto é visto por homofóbicos como algo “inadmissível” e “passível” de agressões...”

Exato! Por conta de não aprovação de uma lei anti-homofobia, até mesmo heterossexuais estão sofrendo cada dia mais com a violência praticada por ogros fanáticos nazi-machistas que, vendo homossexualidade em qualquer ato de carinho entre pessoas do mesmo sexo, e odiando a homossexualidade em si, descarregam toda a sua raiva e irracionalidade contra quem quer que possa “parecer” gay. Isso chegou ao limite do ódio já não-aceitável quando era dirigido apenas a homossexuais assumidos. Prova de uma paranoia crescente instigada por discursos inflamados de líderes religiosos como Malafaia, Magno Malta, Feliciano et caterva!

Interessante é quando Marco Feliciano lista os motivos pelos quais, no final, provavelmente, os ministros do STF seriam favoráveis à aprovação do projeto da lei anti-homofobia:

“(...) porque é modismo no mundo todo; porque é polêmico e dará muita mídia; porque os ministros do STF embora muito competentes sejam em sua maioria progressistas; porque a maioria dos ministros foi indicada pela ESQUERDA, que todos sabem , são a favor de quase tudo que não presta, haja vista que assistimos impotente a votação e aprovação da união estável homoafetiva bem como a votação e aprovação do aborto dos anencéfalos, e anotem, se algo não for feito urgentemente, a próxima será a criminalização da HOMOFOBIA.”

Proteger a vida de LGBTs é modismo? Pensei que cristãos concordassem com a proteção de vidas humanas. Me enganei??? Ou tal proteção bíblica só vale para cristãos heterossexuais? É o que parece...

Dizer que o STF vai aprovar a lei anti-homofobia por ser um projeto polêmico e que dará muita mídia é brincar com o Judiciário e acusá-lo de ser formado por membros sem personalidade ou compromisso com a Constituição. É também uma contradição de Marco Feliciano, logo após ter dito que os ministros do STF são “muito competentes”.

Quando Marco Feliciano diz que os ministros foram indicados em sua maioria pela “esquerda”, tenta dar a tudo um viés político-partidário, contrapondo-se claramente à tendência suprapartidária do Movimento LGBT, que não se contenta com promessas de partidos, sejam de esquerda, centro ou direita. O preconceito pelo qual passamos não nos deixa ser iludidos por discursos bonitos, mas ineficazes, na hora em que deveriam atuar de fato!

Segue-se uma exortação provando a tendência dos líderes evangélicos radicais a incitar a população contra os LGBT:

“(...) se não houver uma mobilização nacional dos que amam a liberdade de expressão, seremos amordaçados e punidos por não concordarmos com tais atitudes e comportamentos e perderemos o direito da livre expressão do pensamento conquistada e garantida pela declaração de direitos humanos, que mais parece uma bandeira ideológica das minorias proselitistas contra as maiorias por puro preconceito.”

Minorias proselitistas? Se são tão proselitistas, com tamanha capacidade de influenciar governo, STF, mídia, etc, como o senhor e os seus pregam, como continuam sendo “minorias”, Sr. Feliciano? Explique-nos esta matemática! Na verdade, seu argumento reflete o medo da liberdade de expressão ser estendida a todos neste país, incluindo os LGBT, que poderiam, por regulamentação legal e sem precisar entrar na justiça, casar, adotar filhos, ter direito a sucessão e proteção contra crimes motivados por orientação sexual, entre outros direitos atualmente negados.

Mobilização contra minorias proselitistas? Desde quando isso foi necessário em qualquer lugar do mundo? Nunca. Afinal, as opressoras são sempre as maiorias, como mostra a lógica e a História. As minorias não têm força para oprimir as maiorias. É um raciocínio tão básico que mais uma vez nos vem a vergonha alheia ao ter que apresentá-lo.

Mas, a maior “pérola diabólica” do artigo de Marco Feliciano está aqui:

“O real motivo de tanta fobia por nós sociedade e políticos que crêem em Deus, é que nossos princípios são obstaculos para a concretização da desconstrução da família , através de questões que para nós, são inaceitáveis como por exemplo aborto, legalização de todas as drogas, e a estimulação precoce da sexualidade e de crianças inocentes travestido de exercício de inteligência.

(…) Não basta ir à rua uma vez por ano em datas festivas , para cumprir uma obrigação de agenda ? É preciso treinar nosso povo. Temos equipamentos, inteligência e poder pra isso! Falta apenas uma atitude. UNIDADE.”

Nem gays, nem LGBTs, nem o Movimento LGBT, nem os proponentes do PLC 122 ou do ato de injunção, nem os Ministros do STF desejam a “desconstrução da família”. Ela não terminará pelo simples fato de se reconhecer direitos de uma minoria de 10% da população, pois os demais 90% continuarão vivendo como antes. Também não desejam a “estimulação precoce da sexualidade e de crianças inocentes travestido de exercício de inteligência”, pois o kit escolar anti-homofobia não quer estimular nada. Pelo contrário, quer evitar a homofobia precoce a ceifar a mente, os sentimentos, a auto-estima e a vida de crianças inocentes – agressoras e agredidas. Não são, portanto, exercícios de “inteligência”, mas de conscientização do valor da vida humana e de cidadania plena. Agora, quando o Senhor Feliciano diz que “é preciso treinar nosso povo”, e que há “equipamentos, inteligência e poder pra isso”, fico pensando a qual tipo de treinamento e equipamentos ele se refere... Ele subentende em seguida o uso da grande mídia evangélica para vociferar à la Malafaia contra os gays. O que se seguiria a isso? Como seria entendida tal ação? Como incitação a mais violência? Seria bom evitar elucubrações... Mas, não podemos dormir nesta hora.

Chegamos ao ponto em questão: a catástrofe a prazo que se começa a montar é uma ascensão evangélico-fundamentalista no parlamento brasileiro, com vistas a suspender os direitos legítimos dos LGBT e impedir a conquista de outros.

Devemos, todavia, separar o crescimento previsto e natural da população evangélica, em sua maioria não-fundamentalista, do crescimento de um fundamentalismo evangélico. Apenas este último é preocupante para os direitos dos LGBT, das mulheres e da liberdade de expressão (intelectual, sexual, religiosa), pois tenderia a barrar qualquer ação que não estivesse alinhada com um Cristianismo moralista e anti-laicista. Isso não podemos permitir no Brasil, e achamos que o Estado brasileiro anda deixando muitas brechas para este extremismo religioso. Por isso, achamos plenamente justo e necessário o mandado de injunção recentemente apresentado.

Aos poucos, a prazo, líderes como Feliciano, Malta e João Campos vão articulando um movimento fundamentalista aos moldes do que os protestantes mais radicais têm tentado fazer nos EUA, mas que tem sido combatido firmemente pelo governo de lá. E, aqui? Até onde os deixaremos chegar?

É bom deixar claro que o que estes indivíduos estão tentando fazer não tem nada DE e A VER com Cristianismo ou “Evangelismo”. É simples incitação da violência de um modo sutil contra uma minoria que nem sequer tem todos os meios cidadãos concedidos aos heterossexuais. É covardia, portanto. Os verdadeiros cristãos, católicos ou evangélicos, têm condições de perceber isso e unirem-se à nossa luta contra esse descalabro. Não se pode impôr a Bíblia (ainda mais a visão fundamentalista dela!) e rasgar a Constituição num país laico, embora haja quem o deseje!

Por fim, esta luta toda não tem nada a ver com a sobrevivência da família brasileira. Os gays nascem em famílias heterossexuais e continuarão nascendo em famílias heterossexuais, à razão de 10%, conforme demonstram as estatísticas. É um percentual insuficiente para colocar em risco qualquer sobrevivência (social, biológica, reprodutiva). E, como heterossexuais não podem ser convertidos em homossexuais – e nem é o que se deseja, valendo o contrário também, a humanidade continuará tendo 10% de LGBTs e 90% de heterossexuais. O casamento gay não vai mudar isso, a adoção gay também não, a aprovação do PLC 122 muito menos! Valer-se de pseudo-argumentos e sofismas para transformar 10% da população em algoz dos demais 90% não é apenas covarde, mas uma infantilidade e uma impossibilidade lógica. Contudo, se a população evangélica em dez anos for a metade da população brasileira, e for influenciada por fundamentalistas, pode vir a ser incitada contra a minoria LGBT, o que poderia constituir-se, nas palavras de Luiz Mott, em um verdadeiro “homocausto” em nossa pátria, mãe gentil!


Sobre o autor


Paulo Stekel é jornalista, escritor, músico, poliglota, especialista em religiões, tradições espirituais e línguas sagradas. Ativista LGBT focado na relação entre homofobia e religião, é o criador do Movimento Espiritualidade Inclusiva e possui quase uma centena de artigos sobre espiritualidade, orientação sexual, homofobia religiosa e espiritualidade inclusiva. Contatos: espiritualidadeinclusiva@gmail.com


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Confiram o artigo original de Marco Feliciano (com todos os seus erros ortográficos e de redação):

CATÁSTROFE À VISTA


A notícia do crescimento evangélico no Brasil veiculado na ultima semana, alegrou os ânimos dos fervorosos. A mídia divulgou maciçamente a notícia de que o ultimo censo feito pelo IBGE nos coloca em posição de destaque pelo crescimento e prevê, para os próximos 10 anos que seremos a metade da população brasileira.

Quando todos comemoram o feito, e assiste líderes evangélicos concedendo entrevistas pelo grande feito, enquanto as mídias sociais disparam a notícia, fico eu aqui, sorumbático, contemplativo, interiorizado…

Motivo? Não sabem o porquê real da divulgação maciça pela mídia?… Que, de longe, tem carinho por nós, que, sempre explora nossa imagem com escândalos, e nunca! Repito: Nunca se alegra com nossas conquistas.

A mídia tendenciosa que sempre nos expõe como loucos teocratas, como religiosos medievais, como fundamentalistas fanáticos, que, nos chamam de ladrões, usurpadores, charlatões, atrasados, mentecaptos, etc e tal.De uma hora pra outra, resolve ceder seu precioso tempo em divulgar que estamos crescendo?! Alavancando, conquistando e que seremos a metade do Brasil em 10 anos! Confesso, pra mim, isso é preocupante.

Digo isso porque entendo que essa divulgação não foi para aplaudir nosso crescimento! E sim, alertar os ativistas cristofóbicos, evangélicofóbios, bibliofóbicos, eclesiofóbicos e afins, que, se eles não nos pressionarem, se não nos destruirem, se não nos humilharem, se não nos expor mais, eles perderão a oportunidade que estão tendo nestes dias de acabar com a nossa conquista.

Talvez por se achar mais espertos, mais unidos, mais preparados, mais centrados do que nós evangélicos, tais ativistas , tendo acesso a informação do nosso crescimento e possível ascensão , resolveram então semana passada enviar um documento ao Supremo Tribunal Federal, pedindo ao juizes que julguem o crime de HOMOFOBIA, parado no Senado Federal como o Pl. 122, cuja relatora é a Senadora Marta Suplicy, que, tem fugido da responsabilidade de colocar em votação este projeto, trazendo morosidade ao processo, dando argumentos para que os ativistas LGBTT tenham legitimidade em dizer ao STF que o CONGRESSO NACIONAL BRASILEIRO não tem competência para votar o Pl. 122.

O STF tem vários processos parados há anos aguardando julgamento mas, pelo que entendo, e percebo, eis ai um assunto que os faria parar tudo o que estão fazendo no momento e agarrar com as várias mãos e acelerar o processo de julgamento, que com certeza, será favorável ao projeto.

Serão favoráveis porque é modismo no mundo todo; porque é polêmico e dará muita mídia; porque os ministros do STF embora muito competentes sejam em sua maioria progressistas; porque a maioria dos ministros foi indicada pela ESQUERDA, que todos sabem , são a favor de quase tudo que não presta, haja vista que assistimos impotente a votação e aprovação da união estável homoafetiva bem como a votação e aprovação do aborto dos anencéfalos, e anotem, se algo não for feito urgentemente, a próxima será a criminalização da HOMOFOBIA.

Nosso país não é homofóbico. Em 2010 dos 50 mil casos de assassinatos no Brasil, 260 foram considerados crimes de homofobia, e destes, 80% crimes cometidos por parceiros homossexuais. Eu sinto muito pela morte destas pessoas, mas daí, usar isto para justificar que uma parcela da sociedade seja tratada com privilégios? É inaceitável. Mas, repito se não houver uma mobilização nacional dos que amam a liberdade de expressão, seremos amordaçados e punidos por não concordarmos com tais atitudes e comportamentos e perderemos o direito da livre expressão do pensamento conquistada e garantida pela declaração de direitos humanos , que mais parece uma bandeira ideológica das minorias proselitistas contra as maiorias por puro preconceito.

O real motivo de tanta fobia por nós sociedade e políticos que crêem em Deus, é que nossos princípios são obstaculos para a concretização da desconstrução da família , através de questões que para nós, são inaceitáveis como por exemplo aborto, legalização de todas as drogas, e a estimulação precoce da sexualidade e de crianças inocentes travestido de exercício de inteligência.

O Colegiado parlamentar tem sido desrespeitado por tudo e por todos. Pelos erros e omissão de alguns, todos pagam.Há uma generalização doentia dos fatos errôneos passados na tentativa de desestabilizar e desacreditar o trabalho realizado por estes que são verdadeiros heróis enfrentando uma verdadeira batalha a favor da Família Brasileira. E me pergunto: Cadê a igreja? que assiste de longe, cobrando muito e agindo pouco, fechada em seus problemas internos . Somos 73 parlamentares evangélicos na Câmara Federal, e 3 no Senado Federal. Como podemos sozinhos segurar esta situação caótica que esta por vir?

Das dezenas de horas mensais televisivas utilizadas por evangélicos, apenas um dedica-se a informar, cobrar, brigar pela nossa causa, falo do Pr. Silas Malafaia. E os demais? Será que não percebem que todos nós iremos sofrer abruptamente por causa desta maldita lei?

Onde estão os pregadores pentencostais, neo-pentecostais, tradicionais evangélicos? Onde estão os pregadores da canção nova, do movimento carismático? Onde está os padres-pop-star? Onde estão os Famosos Cantores da música Gospel? Os grandes lideres denominacionais? Onde estão?

Não basta ir à rua uma vez por ano em datas festivas , para cumprir uma obrigação de agenda ? É preciso treinar nosso povo. Temos equipamentos, inteligência e poder pra isso! Falta apenas uma atitude. UNIDADE.

Temos editoras ,Jornais e Revistas, mídias sociais, emissoras de Radios, emissoras de TV. Podemos ensinar nosso povo a manter contato com os congressistas, juristas, através de atos públicos, manifestações pacificas, precisamos não somente gritar , mas agir para sermos ouvidos.

Vamos deixar de lado nossas pequenas diferenças, e nos unir em amor com o que realmente nos uni DEUS e seus princípios se,não pararmos de olhar para nosso‘umbigo-denominacional’, se não acordarmos hoje, agora, NÃO HAVERÁ O AMANHÃ .

Falo como um parlamentar desesperado. Que sofre na pele a perseguição que vem maciça através da mídia tendenciosa e irresponsável , dos simpatizantes, militantes e ativistas GLBTT, ateus, abortistas e afins.

Fico sufocado quando estou em uma comissão e o assunto é orientação sexual. Todos se calam. Não concordam, mas se calam, pois o assunto é vivenciado pelo nosso povo como tabu ..

Quando nossos parlamentares fazem qualquer trabalho defendendo nossas causas na Camara dos Deputados, a própria mídia da casa não da a mínima, mas basta qualquer um dos parlamentares que apóiam a causa GLBTT, eles são primeira capa, capa do meio, capa da frente, etc.

Fica aqui meu apelo mais uma vez, para que os grandes lideres evangélicos, católicos, enfim, cristãos, desta nação me ouçam, e se mobilizem, preparando seminários, conferencias, simpósios focados sobre o futuro do nosso país.

Aos evangélicos, fica aqui meu recado, NÃO SE ILUDAM COM O TAL CRESCIMENTO VENTILADO PELA MIDIA, por trás desta divulgação está a forma mais sórdida de avisarem os que são contra nós de que precisam nos parar e para isso apressarem a votação de leis que nos ferem, e pior, tentam, neste momento em que católicos e evangélicos lutam pelo mesmo ideal de família, sejam separados por uma luta de ego por quem cresce, quem diminui. Necessário é que ELE cresça!

Agradeço aos poucos, mas valentes, que sempre divulgam meus escritos. Agradeço a uma ala da CNBB que juntos aqui em Brasilia lutamos unidos pela causa da família brasileira.

Um abraço em Cristo.

 



Pr. Marco Feliciano

Deputado Federal