[Este artigo traz a
essência da palestra de mesmo nome ministrada por ocasião do Dia
Internacional da Mulher, em 08 de março, na Câmara de Vereadores de
Eldorado do Sul – RS. Neste dia, ocorreu a 1ª Marcha das
Mulheres, promovida pela AME – Associação das Mulheres
Eldoradenses, da qual Stekel participou e tirou algumas fotos, que
ilustram este artigo. O convite foi feito pela Presidenta da AME,
Adriana “Drika” Viegas. Fotos de Paulo Stekel]
Usando uma expressão
popular, podemos dizer que as mulheres “estão em todas”, e cada
vez mais. Depois de muita luta (direito a uma alma, direito a voto,
divórcio, trabalhar fora, etc.), as mulheres estão presentes em
todos os setores de nossa sociedade.
(Drika Viegas, presidenta da AME - Associação das Mulheres Eldoradenses)
Ao mesmo tempo, ainda
temos setores onde a presença feminina é menor, pelo menos na
representatividade. É o caso da política. Ali, uma grande
quantidade de mulheres milita em todas as siglas partidárias, mas só
uma parcela mínima (às vezes nem chega a isso) acaba concorrendo
aos cargos eletivos em todas as esferas. Destas, poucas são as
eleitas, apesar disto estar se modificando lentamente.
(Aladar e Guanaíra, do CEMAS - Centro Municipal de Apoio ao Soropositivo - Santa Cruz do Sul, que também participaram das atividades em Eldorado do Sul - RS)
Considerando que
espiritualidade/religiosidade tem a ver com um anseio natural do ser
humano pelo transcendente, independente das religiões instituídas,
e que “espiritualidade inclusiva” se refere a uma busca
espiritual que não exclui ninguém, seja por raça, cor, etnia,
cultura, religião, gênero ou orientação sexual, o que isso tem a
ver com a mulher? Tudo, pois a experiência mostra que, em geral, as
mulheres são mais tolerantes e menos preconceituosas que os homens.
Na verdade, as mães são mais abertas que os pais.
(Paulo Stekel, em entrevista à Rádio Comunitária de Eldorado do Sul, antes de sua palestra)
Quando levamos isso
para a questão LGBT, as estatísticas nacionais e mundiais mostram
que as mães aceitam muito mais facilmente seus filhos gays,
lésbicas, transexuais, etc, do que os pais, geralmente mais fechados
e ligados a um machismo introjetado muito prejudicial à saúde
psicológica e mental de seus filhos.
Posto isto, dizemos que
o principal papel da mulher na promoção de uma espiritualidade
inclusiva tem a ver com sua maior facilidade em demonstrar um amor
incondicional por seus filhos, independente de como eles se
apresentem. E, isso, as mães conseguem estender aos filhos dos
outros. Mesmo que as mães não consigam ver seus filhos gays como
sendo normais, como tendo nascido com esta orientação, elas
conseguem seguir amando-os, apoiando-os e defendendo-os do
preconceito do mundo heteronormativo. Não há como negar que de cada
dez mães que aceitam seus filhos gays, apenas um pai parece fazer o
mesmo. Tanto que as exceções chegam a ser surpreendentes.
(Paulo Stekel, representando o Movimento Espiritualidade Inclusiva, em palestra para as mulheres na Câmara de Vereadores de Eldorado do Sul - RS)
Nosso blogue
Espiritualidade Inclusiva, por exemplo, tem uma grande quantidade de
leitoras, maioria, com certeza, e em geral são as pessoas mais
atentas, mais participativas e, muito importante, as mais respeitosas
e com argumento. Já tivemos duas colaboradoras nas matérias do
blogue que são heterossexuais e outras que já enviaram material
inclusivo para avaliação. A participação feminina em nosso
movimento já se faz sentir e é de ótima qualidade.
Contudo, ainda é
lastimável o preconceito que a mulher sofre no Brasil. Se ela for
mulher, negra, lésbica e pobre, sofrerá um quádruplo preconceito,
muito angustiante. Na mente machista, a mulher é considera um ser
inferior ao homem e subordinada a ele, sem possibilidade de
argumentação. Os fanáticos parecem lembrar das palavras misóginas
do Apóstolo Paulo sobre as mulheres serem submissas aos maridos para
destilar sua tirania patriarcal. Somando-se a isso o preconceito
racial que existe, sim, no Brasil, fica muito difícil para a mulher
negra encontrar colocação profissional adequada mesmo quando
preenche todos os requisitos técnicos. Se ela for lésbica, então,
nem pensar! Se for pobre, melhor a morte! Mas, não é assim que o
país vai crescer e incluir a todos os cidadãos numa prosperidade
equitativa. Não adianta o Brasil tornar-se a sexta economia do
mundo, mas manter suas mulheres na miséria e sob um preconceito
indignante.
Por isso, digo: todos
os movimentos sociais de mulheres e para as mulheres (incluindo os da
comunidade LGBT) devem ser fortalecidos cada vez mais. Fortalecendo
os movimentos das mulheres, pela natureza delas, já estaremos
reforçando outros movimentos que venham a beneficiar a todos, homens
e mulheres, heterossexuais ou LGBTs.
(Drika Viegas e Isabel, da AME - Associação das Mulheres Eldoradenses)
Então, amadas mulheres, continuemos a luta!
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