terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A visão espírita da união estável homossexual segundo Divaldo Pereira Franco

Por Paulo Stekel

Nota de Espiritualidade Inclusiva – A matéria em questão foi apresentada em vídeo em maio de 2011 pela TV Mundo Maior (http://www.redemundomaior.com.br). Abaixo, incorporamos o vídeo com a matéria e, logo após, a transcrição ipsis literis das palavras do conhecido médium e palestrantre espírita Divaldo Pereira Franco, para análise de nossos leitores.



http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=aGB5FGWIuKE

Transcrição das palavras de Divaldo Franco sobre a legalização da união estável homossexual e a adoção de crianças:

“Legalizar é sempre uma forma de moralizar. Já que a união moral é feita pelo sentimento do amor, por que não legalizar uma coisa que existe, evitando que consequências danosas possam advir de um relacionamento que se pode tornar agressivo, suspeito pela sociedade e até mesmo para o meio social? (...)

A adoção de filhos é perfeitamente válida. A mim, me surpreende, por exemplo, uma questão psicológica: como será a imagem do pai, a imagem da mãe para essa criança? Quando ele atingir a adolescência, quando chegar à idade madura, que comportamento irá utilizar em face da conduta que ele vem mantendo no lar? Mas, isso é uma coisa que compete à psicologia do comportamento através dos tempos, quando se verificarão os resultados deste momento de transição. (…)

Os direitos da individualidade são inalienáveis. Não temos a prole que desejamos, que queremos, mas aquela de que temos necessidade para o processo de evolução. Se algum pai, alguma genitora considera isso um castigo divino, há de ter em mente que não chega às mãos o fruto de uma semeadura que não haja realizado. Então, amar é a solução. Amar sempre, seja qual for a condição do filho: drogado, sexualmente transtornado, com problemas de comportamento... Amá-lo, porque a função do pai é educar sempre, a da mãe igualmente. E, o amor é o melhor mecanismo, a ferramenta mais hábil para poder criar hábitos saudáveis e proporcionar ao indivíduo a plenitude, a felicidade.”


Comentário de Espiritualidade Inclusiva – Os três parágrafos da fala de Divaldo Franco possuem pontos polêmicos e pouco claros, deixando margens a muitas interpretações. No primeiro parágrafo, ao apoiar a legalização da união estável homossexual, Divaldo justifica com o fato de, assim, se evitar “... que consequências danosas possam advir de um relacionamento que se pode tornar agressivo, suspeito pela sociedade e até mesmo para o meio social”. O que a agressividade de um relacionamento tem a ver com sua legalização? Uma relação homossexual só deixa de ser “suspeita” para a sociedade quando legalizada? Estamos falando de índole de pessoas ou simplesmente resolvendo isso numa lei humana? A lei muda a índole de alguém? O que quis dizer com relacionamento “suspeito” “até mesmo para o meio social”? Estamos falando de pessoas “normais”, ainda que homossexuais, ou de psicopatas e tarados de todo gênero? Há de se ter muito cuidado com as palavras!

No segundo parágrafo, Divaldo apoia a adoção de filhos por homossexuais, mas pergunta: “como será a imagem do pai, a imagem da mãe para essa criança?” A mesma pergunta vale para crianças criadas só por um pai, ou só por uma mãe, ou só pelos avós, ou sem ninguém, num orfanato até os 18 anos! Mas, o trecho mais perigoso é este: “Quando ele atingir a adolescência, quando chegar à idade madura, que comportamento irá utilizar em face da conduta que ele vem mantendo no lar?” Como assim, “que comportamento irá utilizar”? Segundo a ciência, 90% das crianças criadas em lares heterossexuais manifestam o comportamento que lhes foi “ensinado”: o heterossexual! E, oficialmente falando, 100% delas são criadas em lares heterossexuais! Pesquisas mostram que este percentual se mantém estável mesmo no caso de crianças criadas em lares homossexuais. Ou seja, há que se desconfiar que a orientação sexual não seja simplesmente algo “ensinado” pelos pais, mas inclui um elemento interno ainda não perfeitamente estudado pela psicologia.

No terceiro parágrafo, ao instar aos pais que aceitem seu filhos como são, Divaldo confunde novamente ao dizer: “Amar sempre, seja qual for a condição do filho: drogado, sexualmente transtornado, com problemas de comportamento...” O que ele considera um filho “sexualmente transtornado”? Considerando todo o discurso nos dois parágrafos anteriores, isso induz o leitor a pensar que ele se refere à homossexualidade em si. Se não foi isso o que quis dizer, não tornou sua opinião clara e fica sujeito a várias interpretações. Parece-nos que sua fala foi uma mescla de opiniões pessoais não plenamente formadas sobre o assunto com bases da Doutrina Espírita. Gostaríamos muito que nossos leitores utilizassem o espaço de comentários logo abaixo para opinarem sobre a fala acima.

15 comentários:

João Henrique disse...

Divaldo é um grande orador e, de fato, um nome forte dentro do Espiritismo. Contudo, não é infalível. A Codificação define o casamento como a união entre dois seres, sem especificar entre um homem e uma mulher, de modo que a visão espírita tem sido majoritariamente favorável à união civil, a despeito de alguns oradores que ainda são preconceituosos com relação a essa questão.

LUNNA TBG disse...

Paulo Stekel concordo totalmente com vc, as palavras me soaram imprecisas e sem um aprofundamento no esclarecimento espiritual sobre o tema, já que todos sabemos que a nossa roupagem sexual é predestinada no plano maior em um acordo com o espirito e sendo assim é tão legitima e santificada quanto qual quer outra.

a menor máscara disse...

Além da Codificação falar da união entre dois seres. Kardec também diz que se o espiritismo tiver que escolher entre e ciência e a religião, ele deve ficar do lado da ciência. Divaldo, como grande orador que é, com certeza está falando, se dirigindo, às massas ainda ignorantes, o que faz com que ele aborde o tema desta forma, mostrando a todo momento os contrapontos da oposição. Por outro lado ele é também um homem de seu tempo, não é infalível. Divaldo trabalha diretamente com a periferia de Salvador no seu trabalho "missionário" de onde é muito fácil inferir que ele deve ver, presenciar e saber de muitos casos de violência, digamos inclusive entre casais, acho que ele se refere ao legalizar como sair da clandestinidade, do olhar suspeito da sociedade, do entorno, para tomar um espaço social de igualdade com qualquer outro cidadão. Com certeza a partir da legalização o paradigma do olhar social sobre as uniões homossexuais muda, ou deve mudar, sendo mais fácil aos mais resistentes ou mais ignorantes e até mesmo às novas gerações entenderem a homossexualidade como um ato e fenômeno social normal. Coisa que não acontece hoje, estamos fora do modelo dito como "normal", o que tende a mudar a partir dos avanços científicos, sociais e legislativos. Certamente Divaldo no seu discurso está dando satisfações a gente muito conervadora, apesar de se posicionar "a favor", mas esta é a tarefa dele, a "missão" dele, doutrinar os mais ignorantes. Poderia pegar item por item do que foi falado, mas o texto ficaria muito longo, e creio que temos um certo consenso em sentimento do texto e subtexto o que foi dito. Realmente as falas estão em cima do muro, numa região de fronteira do pensamento e fronteira cultural, aonde se pretende comunicar a um grupo e ao mesmo tempo a outro, e nesta posição delicada com certeza não satisfazendo plenamente a nenhum dos grupos, coisa difícil de fazer em dois minutos também, todavia Divaldo continua sendo Divaldo, um grande orador espírita. Torço para que ele nos contemple com uma palestra de maior tempo aonde cada ítem, questão, possa ser trabalhado melhor, não apenas mencionado, referido. Achei muito pertinente as vossas colocações, vocês que escreveram antes de mim. Abraços.

Jéssica Cavalcante disse...

O que eu não concordo é que o Divaldo trata esse assunto como se fosse algo ruim, ou sobrenatural ao comparar com pessoas que fazem uso de drogas. Ou seja é como se a idoneidade de um homossexual fosse tão negativa ao ponto de ser comparada com a de usuários de drogas.
Penso que na minha singela opinião que a conduta de nada tem a ver com opções sociais que delas incluem sexual, religiosa ou ate mesmo o uso de entorpecentes.
Quanto ao uso de entorpecentes em diversos países já foi legalizado afinal, convenhamos dizer que o uso da maconha compromete a conduta de um cidadão é de uma ignorância ímpar, tendo em vista que ela é usada ate mesmo na ciência e seus efeitos é tão rasteiro como um mero e simplório analgésico. As pessoas pensam que por elas seguirem as malditas normas sociais, ou seja que por elas serem assim, o correto é q todos tbm sejam. Sou mulher, ñ faço uso de entorpecentes nem alcool, sou heterossexual, enfim aparentemente ñ sofro preconceitos e me enquandro no q se dizem ser "normal" mas eu ñ tenho o direito de querer q as pessoas sejam "minha imagem e semelhança", eu tenho mais é que me recolher em minha insignificância e aceitar cada ser humano como bem escolheu ser.
A sociedade é justamente isso, pessoas diversas convivendo no mesmo espaço. O que muito me irrita é quando ñ só 'lideres' religiosos mas lideres de governo ou outras personalidade de certa repercussão, tratam a homossexualidade como algo que do ponto de vista da sociedade é ruim. A exemplo de dizer que ateus não tem coração, ou dizer que gays é um atentado a família, ou dizer que pró-maconha é um atentado aos bons costumes sociais.
É como se você tem sua opinião e escolhas, fosse acabar com a existência humana na Terra.
É importante que lideres e outras pessoas de certa notoriedade reconheçam que sim, a opinião deles influenciam, e opinião é assim, se multiplica ate porque muitos hoje em dia tem preguiça de pensar, preferindo pegar ideias prontas.
Sou super a favor da liberdade, que inclui total direito de escolha.
Concordo com a opinião comentada do Blog Espiritualidade Inclusiva, pois é uma temática que não pode ser tratada no mesmo patamar de um ponto de vista de social negativo, daqui a pouco vão comparar homossexuais com o que? Bandidos?
Pois em nossa sociedade ser 'viciado' é algo extremamente negativo, e foi isso que o Divaldo comparou, ele pode ate não ter tido a intenção mas opinião interferi e muito na sociedade e eu penso que ele deveria ter mais cuidado com certas opiniões omitidas.
A ciência já foi clara a homossexualidade é pertencente a natureza humana, é aceitável, natural e normal... Sinceramente anormal é quem não aceita.
Parabéns ao blog, excelente conteúdo, vocês tem a minha mais profunda admiração não só em apoio a essa causa mas a essa ideia.

Abraços,
Jéssica

Paulo Geraldo disse...

Acho importante ressaltar que, independente de quais sejam as palavras do Divaldo (e penso que elas não foram nem um pouco felizes), será apenas a opinião dele como espírita - jamais uma posição oficial da Doutrina Espírita. Infelizmente, não são poucos os livros "espíritas" publicados que destilam preconceito puro sob uma capa de "posição autorizada" a respeito de (homos)sexualidade - mas isso também acontece em outras correntes religiosas, não é mesmo? Àqueles interessados em uma leitura espírita sensata sobre a homossexualidade, recomendo "Além do Rosa e do Azul", de Gibson Bastos (Ed.Leon Denis) - cujo subtítulo é "Recortes Terapêuticos sobre Homossexualidade à Luz da Doutrina Espírita".

Anônimo disse...

No Livro dos Espíritos tem dizendo que os espíritos não tem sexo, que quando desencarnados podemos tomar a forma que mais nos sentimos a vontade, seja de "macho" ou "fêmea". Sendo assim, no fim das contas a homossexualidade e a heterossexualidade sequer existem. O que existe são relacionamentos de amor entre espíritos que se admiram, se respeitam, e trocaram experiências de vida terrena.
E é nessa vida terrena que as coisas precisam ser nomeadas.
A sociedade é educada dentro de uma cultura 'racista', patriarcal, machista, misógena e homofóbica, as pessoas, na maioria das vezes não aprofundam os estudos doutrinários, e simplesmente interpretam da forma que melhor lhe convém.

Enfim, as orientações e identidades sexuais no plano dos desencarnados não existem!
Como podemos então considerar um desvio sexual, um erro, um pecado, etc.? Percebem?
Ao fazermos isso estamos colocando as regras terrenas acima das regras espirituais.

Obs.: Tal opinião/pensamento, é meu, eu acredito nas coisas dessa forma.

Espiritualidade Inclusiva disse...

Uma atualização!

Outro vídeo em que Divaldo Pereira Franco fala da homossexualidade de modo confuso e preconceituoso:

http://www.youtube.com/watch?v=PBtmwFUpqho&feature=share

(Assistindo o vídeo com atenção, percebo que Divaldo associa homossexualidade a promiscuidade ou prostituição, além de afirmar no início que a homossexualidade é um desvio de comportamento. No final, ainda diz que o sexo deveria servir originalmente apenas para reprodução. Juro que pensei ver um católico a falar, e não um espírita.)

João Alberto disse...

Bom dia meus irmãos.temos sim que respeitar as opiniões, mas em outras entrevistas Divaldo foi mais feliz, ha um dvd do Raul Teixeira,onde ele é feliz em suas colocações. além disso tem um romance Um Amor Diferente ditado pelo espirito do Augusto Cesar Vannucci,( Mundo Maior editora)onde aborda a união de duas almas que se amam verdadeiramente, e se respeitam. e coloca que não há pecado qdo isto acontece. Esta obra foi recebida por mim. graças a Deus esta levando um lenitivo aos corações aflitos por pensarem que vivem em pecado. Jesus não excluiu ninguém.Ele amou e continua nos amando. nascemos para ser feliz. E quando o amor é sincero cobre uma multidão de pecados( Pedro o Apostolo)

Unknown disse...

Todo esse exposto me demonstra a ideia de insegurança por parte deste senhor. Ou seja, ele expõe de forma "escondida" a sua opinião contrária à homossexualidad, mas, ao mesmo tempo, tenta jogar "panos quentes" na situação, não admitindo explicitamente sua visão preconceituosa sobre o fato. Digamos que, como as leis estão mudando ao tornar válida as uniões homossexuais, as palavras são melhore escolhidas. Além disso, a doutrina Espírita Kardecista tende a não condenar a homossexualidade, embora não "a liberte" totalmente. No fim das contas, mais uma opinião preconceituosa de uma doutrina religiosa, que, me perdoem os espíritas, tenta ser liberal, mas não é. Paz Profunda.

Anônimo disse...

Y COMO DIVALDO NO ES GAY? PORQUE YO LO VEO MUY MARACA JUA JUA

will disse...

Eu apoio o casamento igualitário entre pessoas do mesmo sexo - www.aligagay.com

perim disse...

Se homoxessualismo não for problema moral a pedofilia inofensiva também não pode ser, a zoofilia também não, a necrofilia também...e agora? Só pra instigar. Porque sei que nenhum dos senhores saberão dizer. Francamente.Se o blog não for parcial mostrará isso.

Anônimo disse...

DA SEGURANÇA INTIMA(Emmanuel) Se cumpres o teu dever e não aspiras a outro prêmio que não seja a consciência tranquila, quem te poderá fazer o mal, se procuras somente o bem? Pense nisso,atendendo a isso,e verificarás que a segurança íntima reside em ti mesmo, qual acontece à paz da alma, que vem a ser patrimônio de cada um.

João disse...

Perim respondeu a si mesmo. A homossexualidade é uma orientação sexual, assim como a heterossexualidade e bissexualidade (assexualidade pode ser considerada uma orientação também). São orientações saudáveis e naturais, não provindas de distúrbios ou quebras de personalidade. E obviamente, qualquer pessoa, de qualquer orientação sexual que seja, deve apenas praticar atos sexuais com adultos, em consentimento e sem usurpar do direito alheio.
Já pedofilia, zoofilia e necrofilia são PARAFILIAS. Parafilias não correspondem a orientações sexuais. Parafilias e orientações sexuais são extremamente distintas, com raízes distintas e não podem ser julgadas com o mesmo peso.

Anabit disse...

Que tal elencar todas as dúvidas e pedir ao próprio Divaldo que esclareça? Essa história de soltar o assunto e dizer para as pessoas emitirem opiniões ou interpretações sobre, é muito relativo. Somos falíveis e o Divaldo não é diferente!
Ana