No dia de ontem, 16 de
janeiro, na qualidade de editor do blogue e idealizador do Movimento
“Espiritualidade Inclusiva” (sim, já somos um movimento, e
ele está crescendo diariamente!), fomos a uma reunião na
Coordenadoria de Políticas de Diversidade, ligada diretamente
ao Gabinete do Prefeito de Canoas – RS, o Sr. Jairo Jorge.
A reunião teve por
objetivo apresentarmos ao responsável pela Coordenadoria, o sr.
Paulo Rogério Ambieda (Paulinho de Odé) [ver foto abaixo], a nossa proposta
como Movimento Espiritualidade Inclusiva e como podemos
trabalhar em parceria com a Coordenadoria e as ações da Prefeitura
de Canoas em prol da diversidade de orientação sexual, do diálogo
inter-religioso e da visão inclusiva.
(Paulo Rogério Ambieda, o Paulinho de Odé, à frente da Coordenadoria de Políticas de Diversidade em Canoas - RS)
Inicialmente, o sr.
Paulinho de Odé apresentou o trabalho desenvolvido pela
Coordenadoria e revelou que esta é a primeira Coordenadoria de
Políticas de Diversidade com status de secretaria do Estado do Rio
Grande do Sul e, muito provavelmente, uma das únicas com esse status
no Brasil inteiro. Foi criada na atual administração com a missão
de promover a dignidade, garantir os direitos humanos e o acesso à
justiça, mediante o combate à discriminação e a proteção aos
grupos vulneráveis com geração de oportunidades e inclusão
social. Ela tem poder de voto em ações do executivo que possam
interferir na parcela dos cidadãos relacionados às políticas da
Coordenadoria. Na verdade, esta foi a primeira Coordenadoria de
Diversidades de uma Prefeitura no RS. A Coordenadoria de Diversidade
de Canoas tem um caráter bem mais político-social que
político-partidário, já que o objetivo é chegar a todas as
camadas da sociedade e cumprir seus vários objetivos, definidos
pelos focos principais de ação:
- Diálogo
inter-religioso (vários eventos de diálogo entre as religiões
já foram realizados, especialmente entre as religiões de matriz
africana e as correntes do Cristianismo, frequentemente envolvidas em
ações discriminatórias contra os africanistas);
- Inclusão das
religiões historicamente excluídas (estas religiões são a
umbanda, o candomblé – e correntes similares, e o espiritismo –
várias ações de inclusão destas religiões no meio social,
cultural e educacional);
- Diversidade de
orientação sexual (ações no campo da saúde, segurança e
cultura – a Coordenadoria já realizou três Paradas Livres, sendo
que a Parada de Canoas já é a terceira maior do RS e,
provavelmente, a mais bem organizada de todas – a ideia é que a
partir deste ano venha a ser a maior parada do RS – realização de
palestras em empresas, seminários e encontros regionais, alertando
sobre os riscos e prevenção de doenças sexualmente
transmissíveis);
- Diversidade
cultural (apoio a ONGs com propostas de inclusão social, ações
de promoção da diversidade cultural em comunidades carentes);
- Diversidade étnica
(trabalhada basicamente nos terreiros africanistas, onde se pode
encontrar a maior diversidade étnica convivendo harmonicamente no
Brasil).
Para o Coordenador,
Paulinho de Odé, que já participou de vários movimentos LGBT no
RS, a homofobia começa dentro da família (agressões, expulsão de
casa) e depois vem a estender-se à escola (bullying
homofóbico, evasão escolar). Segundo ele, a Coordenadoria de
Diversidade é uma ferramenta do movimento social. Ele defende o
protagonismo compartilhado entre o poder público e o movimento da
diversidade.
Numa conversa muito
agradável que durou cerca de duas horas, o Coordenador revelou-nos
as dificuldades em trabalhar a inclusão da diversidade de orientação
sexual entre alguns grupos religiosos mais fundamentalistas.
Realmente, esta é uma das tarefas mais difíceis de se realizar
quando um dos lados não está disposto a dialogar e a inserir-se no
todo da sociedade de um modo pleno. Contudo, a impressão que tivemos
ao vermos a equipe da Coordenadoria, foi a mais positiva possível.
Entre os parceiros da Coordenadoria estão sacerdotes africanistas e
integrantes de movimentos ligados à Igreja Católica. É um trabalho
louvável e necessário que deveria ser multiplicado pelo Brasil
todo.
Segundo dados da
Secretaria Municipal de Segurança e Cidadania, o índice de
violência contra os LGBT teve uma diminuição considerável desde a
implantação da Coordenadoria de Diversidade.
Ao final da reunião,
tivemos o compromisso de apoio por parte da Coordenadoria de
Políticas de Diversidade ao Movimento Espiritualidade Inclusiva.
Desta forma, teremos participação em atividades realizadas pela
Coordenadoria no Fórum Social Temático em Canoas, que se realizará
entre 25 e 29 de janeiro. Além disso, o coordenador colocou a nossa
disposição o espaço físico da Coordenadoria para realizarmos
reuniões e propormos atividades e novas ações, numa parceria que
será claramente de um enorme sucesso.
Para saber mais sobre a
Coordenadoria de Políticas de Diversidade de Canoas – RS, acesse:
http://www.canoas.rs.gov.br/site/departamento/index/id/44
2 comentários:
Ué? Mas o Estado não deveria ser laico? Que história é essa de gastar dinheiro público pra promover determinadas religiões? Onde está a coerência?
Sr. José Silva!
Se o sr. ler novamente o texto da postagem perceberá que não se trata do Estado, que é laico sim (e assim deve continuar sendo), estar PROMOVENDO determinadas religiões. Promover tem a ver com proselitismo ou prospectar adeptos, o que não é feito pelo Estado brasileiro em nenhuma das esferas (municipal, estadual, federal) por impedimento de cláusula constitucional. Ou seja, nem que se quisesse isso poderia ser feito. Sendo assim, o que a Coordenadoria de Diversidades de Canoas e outros órgãos semelhantes no Brasil fazem é PROMOVER A DIVERSIDADE religiosa, cultural, étcnica e de orientação. Neste caso, se está defendendo o direito de TODOS e não de alguns. Se está buscando corrigir o erro da EXCLUSÃO. E isto é, com toda a certeza, a única atitude coerente dentro de um país laico que pretende a IGUALDADE de condições a seus cidadãos em todos os sentidos. O discurso contrário a isso é, no mínimo, desconhecimento da lei e, no máximo, preconceito consciente e fundamentalista que rebaixa cidadãos e minimiza seus direitos, em especial gays, negros, mulheres, deficientes, idosos, etc. Então, mais uma vez reiteramos nosso elogio a Canoas e ao ótimo trabalho pela Diversidade realizado nesta cidade.
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