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Nota do Tradutor - Em Inglês, o
termo “queer”
é usado para referir-se aos gays. Significa “estranho” ou
“esquisito”. Apesar de seu uso pejorativo – a ponto de ser por
vezes traduzido por “bicha” – Toby Johnson não o usa com
conotação pejorativa, mas inclusiva.
** Tradução de Paulo Stekel
Uma religião queer não pode significar algo como fazer as bichas serem religiosas, ou seja, fazer-nos voltar para a igreja/sinagoga/templo/mesquita, etc, para acreditarmos nos mitos populares e aceitarmos a autoridade de líderes religiosos.
Uma religião queer deve significar o reconhecimento da multiplicidade de vozes e perspectivas em todo o mundo, o elevar-se acima da religião de origem para observá-la como mais uma tradição entre muitas.
Para muitos de nós tal tradição tem sido o Cristianismo, e, nesse sentido, com uma maior e mais elevada perspectiva, - o que é chamado de "espiritualidade" - permite uma resposta simples sobre a história da Igreja e a opressão baseada na Bíblia: é tudo mito de qualquer maneira, tome o que é significativo para você e deixe o resto para trás.
Isso é religião queer: deve-se compreendê-la, não "acreditar" nela. Ela liberta você da religião enquanto mostra o que ela realmente era, inicialmente, e assim "despertando" você para a natureza da consciência e a natureza de "Deus", como uma dica sobre quem você realmente é como entidade consciente inquirindo sobre a natureza de sua existência.
O cerne das tradições mitológicas é aumentar a visão das pessoas acima das preocupações cotidianas e egoístas e inspirar compaixão. O objetivo da religião não é estar certa, mas ser amorosa e gentil. Se a Bíblia diz que os homossexuais devem ser apedrejados, é evidência de uma bíblia ultrapassada e inadequada para abordar questões da vida contemporânea.
Você não precisa explicar "textos de horror", aqueles versículos da Bíblia que são citados fora do contexto, para justificar a condenação da homossexualidade como algo inevitável, porque é "a vontade de Deus." Você pode simplesmente rasgar as páginas do livro.
Na verdade, você pode achar que seria mais simples salvar apenas uma página, como uma regra de ouro de Jesus sobre isso e jogar fora todo o resto. Isso é provavelmente o que o próprio Jesus teria feito.
A mensagem a ser aprendida a partir da observação das atitudes anti-gays e do comportamento das igrejas cristãs é que é hora de seguir em frente. Vamos jogar fora o bebê com a água do banho, porque na verdade a água está suja, o bebê morreu e o corpo está em putrefação, merecendo um enterro respeitoso.
Não é suficiente para o Cristianismo Queer seguir buscando os significados originais, ou descobrir que Jesus teria sido pró-gay, ou se ele tinha as palavras para falar sobre tais questões - embora, naturalmente, isso seja verdade. A Cristandade é mais uma voz no diálogo sobre o significado espiritual - e ela tem um sotaque muito antiquado.
Você próprio precisa estranhar a religião. Todos nós, gays e heterossexuais, precisamos de um novo paradigma espiritual que faça sentido no mundo moderno e fale com uma voz moderna e esclarecedora. Isso, eu acho, é o que é "espiritualidade gay", é a direção para onde a raça humana está evoluindo.
O "novo mito" é o conto do que a religião e o mito têm sido na história da evolução da consciência. Podemos entender que estas coisas têm sido metáforas sobre a consciência.
Esta constatação é a seguinte: 1) um mito de ordem superior, 2) uma “queerização” real - no sentido de despojar - da religião e das noções tradicionais de autoridade religiosa, e 3), ironicamente, a salvação da religião como uma forma de alta cultura, arte.
Se a religião e o mito estão em concorrência com a ciência para descrever o mundo material externo, a religião necessariamente perderá. Se a nova compreensão da religião e do mito é a ferramenta científica para descrever as estruturas da consciência profunda no interior, no mundo "espiritual", então a religião e a ciência trabalham lado a lado, em prol da evolução e expansão da consciência.
Pois, tudo isto é fundamentalmente a respeito do Universo despertando para si. De um modo paralelo e profundamente significativo, eu acho que ser queer é despertar para si mesmo. Ninguém se identifica como gay ou “bicha” sem ter despertado de alguma forma, isto é, sem ter compreendido os indícios que suas vidas dão sobre sua própria experiência interior da consciência.
Ser queer, ser gay dá-nos o suporte notório para a compreensão e o movimento em direção ao novo mito que é a vanguarda da evolução da consciência. É ser um com o universo em evolução, sendo um com o Big Bang, sendo um com "Deus".
O caminho para a religião queer é ser Deus.
Uma religião queer não pode significar algo como fazer as bichas serem religiosas, ou seja, fazer-nos voltar para a igreja/sinagoga/templo/mesquita, etc, para acreditarmos nos mitos populares e aceitarmos a autoridade de líderes religiosos.
Uma religião queer deve significar o reconhecimento da multiplicidade de vozes e perspectivas em todo o mundo, o elevar-se acima da religião de origem para observá-la como mais uma tradição entre muitas.
Para muitos de nós tal tradição tem sido o Cristianismo, e, nesse sentido, com uma maior e mais elevada perspectiva, - o que é chamado de "espiritualidade" - permite uma resposta simples sobre a história da Igreja e a opressão baseada na Bíblia: é tudo mito de qualquer maneira, tome o que é significativo para você e deixe o resto para trás.
Isso é religião queer: deve-se compreendê-la, não "acreditar" nela. Ela liberta você da religião enquanto mostra o que ela realmente era, inicialmente, e assim "despertando" você para a natureza da consciência e a natureza de "Deus", como uma dica sobre quem você realmente é como entidade consciente inquirindo sobre a natureza de sua existência.
O cerne das tradições mitológicas é aumentar a visão das pessoas acima das preocupações cotidianas e egoístas e inspirar compaixão. O objetivo da religião não é estar certa, mas ser amorosa e gentil. Se a Bíblia diz que os homossexuais devem ser apedrejados, é evidência de uma bíblia ultrapassada e inadequada para abordar questões da vida contemporânea.
Você não precisa explicar "textos de horror", aqueles versículos da Bíblia que são citados fora do contexto, para justificar a condenação da homossexualidade como algo inevitável, porque é "a vontade de Deus." Você pode simplesmente rasgar as páginas do livro.
Na verdade, você pode achar que seria mais simples salvar apenas uma página, como uma regra de ouro de Jesus sobre isso e jogar fora todo o resto. Isso é provavelmente o que o próprio Jesus teria feito.
A mensagem a ser aprendida a partir da observação das atitudes anti-gays e do comportamento das igrejas cristãs é que é hora de seguir em frente. Vamos jogar fora o bebê com a água do banho, porque na verdade a água está suja, o bebê morreu e o corpo está em putrefação, merecendo um enterro respeitoso.
Não é suficiente para o Cristianismo Queer seguir buscando os significados originais, ou descobrir que Jesus teria sido pró-gay, ou se ele tinha as palavras para falar sobre tais questões - embora, naturalmente, isso seja verdade. A Cristandade é mais uma voz no diálogo sobre o significado espiritual - e ela tem um sotaque muito antiquado.
Você próprio precisa estranhar a religião. Todos nós, gays e heterossexuais, precisamos de um novo paradigma espiritual que faça sentido no mundo moderno e fale com uma voz moderna e esclarecedora. Isso, eu acho, é o que é "espiritualidade gay", é a direção para onde a raça humana está evoluindo.
O "novo mito" é o conto do que a religião e o mito têm sido na história da evolução da consciência. Podemos entender que estas coisas têm sido metáforas sobre a consciência.
Esta constatação é a seguinte: 1) um mito de ordem superior, 2) uma “queerização” real - no sentido de despojar - da religião e das noções tradicionais de autoridade religiosa, e 3), ironicamente, a salvação da religião como uma forma de alta cultura, arte.
Se a religião e o mito estão em concorrência com a ciência para descrever o mundo material externo, a religião necessariamente perderá. Se a nova compreensão da religião e do mito é a ferramenta científica para descrever as estruturas da consciência profunda no interior, no mundo "espiritual", então a religião e a ciência trabalham lado a lado, em prol da evolução e expansão da consciência.
Pois, tudo isto é fundamentalmente a respeito do Universo despertando para si. De um modo paralelo e profundamente significativo, eu acho que ser queer é despertar para si mesmo. Ninguém se identifica como gay ou “bicha” sem ter despertado de alguma forma, isto é, sem ter compreendido os indícios que suas vidas dão sobre sua própria experiência interior da consciência.
Ser queer, ser gay dá-nos o suporte notório para a compreensão e o movimento em direção ao novo mito que é a vanguarda da evolução da consciência. É ser um com o universo em evolução, sendo um com o Big Bang, sendo um com "Deus".
O caminho para a religião queer é ser Deus.
Sobre Toby Johnson
Toby Johnson, PhD, é autor de oito livros: três livros de não-ficção que aplicam a sabedoria de seu professor e "velho sábio", Joseph Campbell aos modernos problemas sociais e religiosos cotidianos, três romances do gênero gay que dramatizam temas espirituais no âmago da identidade gay, e dois livros sobre a espiritualidade de homens gay e a experiência mística da homossexualidade.
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